Ato do 29M no Masp Foto Mídia Ninja
Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

Os trabalhadores, e, principalmente, a juventude precarizada, foram às ruas, no dia 19 de junho, data que marcou o segundo grande dia de protestos pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Os atos foram maiores que o 29M, praticamente dobrando o número de cidades, de 200 para mais de 400, rompendo o boicote da mídia, que foi obrigada a cobrir e, em grande medida, dar a real proporção que os atos tiveram.

A grandiosidade dos atos é reflexo da indignação e revolta, que não param de crescer, contra esse governo genocida. Uma pesquisa do Instituto Inteligência e Pesquisa em Consultoria (Ipec), divulgada no último dia 28 pelo jornal O Estado de S. Paulo, indica que Bolsonaro perdeu cerca de 1/3 dos seus eleitores no segundo turno de 2018. Entre os entrevistados pelo instituto que disseram ter votado em Bolsonaro, 34% afirmaram que não repetirão o voto em 2022. A mesma pesquisa mostra que os evangélicos, forte base de apoio do presidente, também começam a romper com ele. Cinquenta e nove por cento desses dizem não confiar em Bolsonaro.

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Editorial: Fora Bolsonaro, genocida e corrupto!

A política genocida responsável por mais de 520 mil vidas perdidas para a Covid-19, o crescimento do desemprego, o aumento da fome e da desigualdade social e os escândalos de corrupção são elementos objetivos do desgaste e da revolta contra Bolsonaro e a corja que o acompanha.

Por isso, a tarefa imediata é derrubar Bolsonaro e Mourão na luta direta, aumentando a mobilização, as manifestações e organizando, desde já, uma greve geral sanitária, parando todos os setores não essenciais. Só assim será possível botar abaixo Bolsonaro, seu projeto genocida e autoritário.

Os recentes fatos ocorridos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que apontam esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin, forçaram que as manifestações fossem adiantadas. Em reunião realizada no dia 26, a Frente Nacional Fora Bolsonaro aprovou a realização de atos em todo o país no dia 3 de julho.

Confira como ficou o calendário unificado pelo Fora Bolsonaro já!

– 30 de junho: entrega de um novo pedido de impeachment em Brasília;

– 1º. de julho: plenária nacional da campanha Fora Bolsonaro;

– 3 de julho: dia nacional de atos e manifestações pelo Fora Bolsonaro e Mourão;

– 24 de julho: dia de lutas e mobilizações em todo o país pelo Fora Bolsonaro e Mourão.

Veja os locais

173 cidades já marcaram atos pelo Fora Bolsonaro e Mourão

Parar o Brasil

Avançar a mobilização rumo à greve geral sanitária

19_6_2021intervenção

Os atos crescem, ganham amplitude, espalham-se por mais cidades pelo país. Mas é necessário agora aumentar essa mobilização. As direções das grandes centrais sindicais (CUT, Força Sindical e CTB) precisam se envolver de verdade, deixar de corpo mole e organizar uma greve geral sanitária, junto aos atos de rua, como vem defendendo a CSP-Conlutas.

O genocídio prossegue, o desemprego bate recorde e aprofundam-se a pobreza e a fome, resultados diretos da política econômica de Bolsonaro. O gás de cozinha teve o 14º reajuste seguido, e a luz também fica mais cara, ambos frutos da política privatista e entreguista desse governo, que sucessivas vezes faz ameaças de golpe e de ditadura.

Não podemos esperar 2022 para derrotar Bolsonaro. A derrubada de seu governo é uma tarefa para o presente. Deixar esse genocida no poder e apostar no seu desgaste, como fazem as direções do PT, PCdoB e de parte do PSOL, junto com a oposição parlamentar, é deixar que o genocídio siga, é pactuar com as mortes, além de dar mais espaço para Bolsonaro consolidar seu projeto autoritário. É preciso tirá-lo, e já.

E só a luta direta pode tirar esse governo. Não podemos depositar nenhuma confiança e esperança nesse congresso de corruptos, presidido por Arthur Lira (PP-AL), que acabou de dizer que “não há circunstância para impeachment” e que a CPI vai dar em nada.

É preciso aumentar a mobilização, as manifestações e organizar, desde já, uma greve geral sanitária, parando todos os setores não essenciais. Só assim será possível botar abaixo Bolsonaro, seu projeto genocida e autoritário. E, nas mobilizações, lutar por um programa dos trabalhadores para superar a crise que vivemos, fortalecendo uma alternativa independente de classe, sem banqueiros, o grande empresariado ou latifundiários.

Será na ação direta que vamos derrubar Bolsonaro e avançar na auto-organização da classe trabalhadora, da juventude nas periferias e do povo pobre, na perspectiva da construção de uma alternativa revolucionária e socialista.

POLÊMICA

UP, PCB e MES/PSOL colocam a autoconstrução à frente da unidade para derrubar Bolsonaro

As manifestações pelo Fora Bolsonaro e Mourão vêm sendo construídas de forma unitária por diversas frentes, partidos, movimentos, coletivos e entidades sindicais e estudantis. É essa frente única para ação que tem permitido que os atos sejam vitoriosos, e com essa a unidade vamos avançar e colocar os demais setores da nossa classe em movimento, transformando os atos, que hoje são de vanguarda, em mobilizações de massa.

Infelizmente, alguns setores estão mais preocupados com a sua autoconstrução, colocando em segundo plano a tão necessária unidade para lutar para pôr abaixo o governo Bolsonaro e Mourão já. Isso que temos visto com a autointitulada “Assembleia do Povo na Rua”, organizada pelo Partido da Unidade Popular (UP), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Movimento Esquerda Socialista – Corrente interna do PSOL (MES).

Essas organizações traçam algumas críticas às principais entidades e movimentos (Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo) que tentam controlar a campanha Fora Bolsonaro. Inclusive, temos acordos com algumas dessas críticas, como a falta de construção de espaços amplos de debate com as bases. Contudo, ao tentar construir calendários paralelos, que quebram a unidade, essa postura enfraquece a luta. Pois hoje nenhuma organização ou frente sozinha tem força suficiente para impulsionar grandes mobilizações.

A UP, o PCB e o MES/PSOL falam que falta democracia nos espaços de construção da campanha Fora Bolsonaro, mas na “Assembleia do Povo na Rua” negaram a palavra ao PSTU e à CSP-Conlutas. Essa é uma postura lamentável e inaceitável entre as organizações de nossa classe, que fere o princípio da democracia operária, de respeito às diversas opiniões.

Posturas como essa só demonstram que UP, PCB e MES/PSOL estão mais preocupados com a construção de suas organizações do que de fato com a luta para derrotar esse governo genocida.

Hoje é mais que necessária a unidade de ação, unindo todos e todas que querem colocar esse governo para fora. Só assim as mobilizações serão maiores, vamos avançar para uma greve geral sanitária e derrubar Bolsonaro na ação direta. Quebrar a unidade em nome da sua autoconstrução é jogar a favor de Bolsonaro. Isso é criminoso.