Redação

Desde o início de dezembro, os nossos irmãos trabalhadores, estudantes e camponeses peruanos estão nas ruas, se mobilizando contra o governo de Dina Boluarte e o domínio das grandes mineradoras, das petroleiras e empresas do agronegócio sobre as comunidades pobres do país. Trata-se de uma autêntica rebelião popular contra a brutal desigualdade social, o desemprego, o empobrecimento e o caos na saúde aprofundado pela pandemia, agravado pelo fato de o país não contar com um sistema de saúde pública.

Boluarte chegou à presidência devido à frustrada tentativa de golpe de Pedro Castillo. Tentativa que propiciou a posse da sua vice e criou as condições para a direita fazer aquilo que tentava há muito: Ter alguém de sua inteira confiança no governo.

Isso se expressa na resposta que o seu governo dá às as reivindicações dos trabalhadores e do povo pobre: uma repressão assassina. Cerca de 50 pessoas foram mortas nos primeiros 44 dias de governo Boluarte, além de mais de 800 feridos e 370 detidos. Neste dia 21 a polícia invadiu a Universidade Nacional de San Marcos com um tanque blindado, e prendeu 205 estudantes. Como no período da ditadura de Fujimori, foram levados sem qualquer explicação.

Um governo que mantém, e aprofunda, a orientação neoliberal das gestões anteriores, completamente voltadas às grandes empresas e mineradoras, inclusive daqueles setores que sustentaram a ditadura de Fujimori em pleno anos 90. E que impõe uma repressão, inclusive, através de um Estado de Emergência que entregou o papel de atacar os trabalhadores às Forças Armadas do país.

A classe trabalhadora brasileira precisa exigir que o presidente Lula se posicione e não feche os olhos à profunda crise social que atinge nossos irmãos do país vizinho. Lula, que acabou de enfrentar uma tentativa de golpe articulada, entre outros, por setores das Forças Armadas, não pode ser conivente com um governo que emprega seu Exército para atacar e matar o seu próprio povo.

O PSTU declara a sua incondicional solidariedade à luta do povo peruano e chama a todas as organizações dos trabalhadores, da juventude, e os setores oprimidos a, conosco, exigir do governo Lula que mude a sua orientação em relação ao governo Boluarte. Ao invés de apoio ao governo, Lula deveria exigir a renúncia desse governo assassino, e o chamado à convocação imediata de eleições gerais, como reivindica o povo peruano.

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