Redação

Uma semana após o desaparecimento, infelizmente o pior vai se confirmando. Dois corpos encontrados na manhã desta segunda-feira, 13, numa área remota da Amazônia, seriam do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Segundo o jornal inglês The Guardian, os corpos teriam sido achados amarrados em uma árvore. Ainda não há confirmação oficial sobre a identificação dos corpos.

A informação sobre a descoberta dos corpos teria sido passada pela embaixada brasileira no Reino Unido à família de Dom Phillips. À esposa do jornalista, a Polícia Federal teria afirmado que seria preciso esperar a perícia nos corpos. Já para a imprensa, a PF negou ter encontrado qualquer corpo. A despeito da desinformação propagada pelos órgãos sob comando do governo, é difícil que o desfecho desse caso seja diferente do que já vem se desenhando.

Em se confirmando este ato de barbárie, será mais um crime perpetrado neste governo comprometido com a destruição da Amazônia, o extermínio dos povos originários e o avanço do agronegócio, das madeireiras e das mineradoras sobre a floresta e as reservas indígenas. Um governo que não mede esforços para desmantelar e sucatear todo e qualquer órgão de proteção ambiental ou indígena, e perseguir quem se coloca contra isso. Como o próprio Bruno Pereira, exonerado da Coordenação Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato da Funai, em outubro de 2019, após comandar uma ação bem sucedida contra o garimpo ilegal.

O governo Bolsonaro, sob um falso discurso nacionalista, entrega o patrimônio e a própria Amazônia ao imperialismo, como na recente demonstração de absoluto servilismo oferecendo a floresta ao bilionário Elon Musk.

Indígenas protestam contra desaparecimento de Bruno e Dom, em Atalaia do Norte (AM)

Bolsonaro mostrou todo o seu desprezo aos povos originários, a quem luta em sua defesa, e também à liberdade de imprensa quando, em meio à comoção provocada pelo desaparecimento de Bruno e Dom, culpou as próprias vítimas afirmando que os dois estavam numa “aventura não recomendável”. Versão reafirmada pelo vice, General Hamilton Mourão, que responsabilizou o indigenista e o jornalista por terem entrado numa região “perigosa” sem “avisar efetivamente as autoridades competentes”, o que é falso. A Funai já estaria devidamente informada da presença do indigenista na região.

O governo Bolsonaro, que além de tudo incentiva a violência contra indígenas, jornalistas e ativistas, é responsável direto por este crime, praticado com a certeza da impunidade. Longe de um caso isolado, é parte de seu projeto autoritário de perseguição, tortura e extermínio de ativistas e adversários.

Não esqueceremos! Justiça já para Bruno e Dom! Fora Bolsonaro e Mourão, já!

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