Foto: Cristiane Cunha/Sindmetal SJC
Redação

Os operários da montadora Caoa Chery decidiram, em assembleia realizada na manhã de hoje (6/5), realizar uma vigilia e acampamento na porta da fábrica em defesa dos empregos. Os trabalhadores exigem a permanência da fábrica na cidade.

Logo após a assembleia, realizada na subsede de Jacareí do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (filiado à CSP-Conlutas), os trabalhadores da Caoa Chery sairam em passeata pelas ruas da cidade até a sede da prefeitura. Com a mobilização, o prefeito Izaias Santana (PSDB) agendou uma reunião com o sindicato para às 15h.

Na assembleia foi aprovada a seguinte proposta: luta política pela permanência da fábrica em Jacareí; vigilia e acampamento na porta da fábrica; licença remunerada a todos os trabalhadores no mês de maio; layoff (suspensão temporária dos contratos) durante cinco meses, de junho a outubro, com mais três meses de estabilidade.

A proposta da empresa é demitir todos os trabalhadores e pagar mais três meses de salários.

“Como ocorre com outras multinacionais, a Caoa Chery se instalou no Brasil recebendo isenções de impostos. Após explorar a mão de obra local, com baixos salários e pouquíssimos direitos, quer fechar as portas e deixar os trabalhadores à mercê da crise econômica que assola o país”, denuncia Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e militante do PSTU.

Essa não é a primeira montadora que anuncia o fechamento durante o processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil. O mesmo aconteceu com a Ford e a Toyota.

“A nossa luta será pela manutenção da fábrica na cidade. Se a empresa insistir com o fechamento, vamos exigir a estatização sob controle dos trabalhadores para que, assim, nosso país produza um carro 100% nacional. Cobraremos o governo em relação a isso. Vamos repetir a luta dos trabalhadores da Avibras, que conseguiram reverter centenas de demissões”, pontua o presidente do Sindicato.

Na próxima quarta-feira, dia 11, será realizada uma nova assembleia. Assista ao vídeo com a deliberação final da assembleia dos trabalhadores da Caoa Chery:

Recorde de vendas

A montadora anunciou ontem (5/5) que vai fechar a fábrica e demitir cerca de 480 trabalhadores, sendo 370 operários da linha de produção. A decisão arbitrária pegou os metalúrgicos de surpresa (leia mais aqui). A alegação da fábrica é de que a unidade do Vale do Paraíba passará por uma modernização para a produção de carros elétricos, que começaria apenas em 2025.

“A Caoa Chery mente ao dizer que não fechará a fábrica de Jacareí e que esse processo se configura em uma readequação da montadora para a produção de carros elétricos. Mas serão três anos sem produzir em Jacareí, ou seja, três anos com a fábrica fechada e com pais e mães de família no olho da rua”, afirma Weller Gonçalves.

Em 2021, a Caoa Chery bateu recorde de vendas, com 39.746 emplacamentos ao longo do ano. Isso representa um crescimento de 97% na comparação com 2020, enquanto o mercado brasileiro de automóveis cresceu apenas 3% no período.

Esse cenário demonstra que a empresa tem plenas condições de manter os empregos e direitos em Jacareí, para que o Sindicato, ao lado dos metalúrgicos, siga com o processo de negociação contra a demissão em massa.

Somente no terceiro trimestre do ano passado, a montadora contratou cerca de 280 empregados na planta de Jacareí, justamente para suportar a alta perspectiva de produção para 2022, cuja expectativa de vendas é de 20 mil unidades a mais que no ano passado.

A fábrica da Chery foi inaugurada em Jacareí no dia 28 de agosto de 2014. Em 2017, metade da operação da montadora chinesa no Brasil foi comprada pelo Grupo Caoa.