
Redação
Indígenas que participavam do Levante Pela Terra, jornada de mobilizações contra o PL 490, foram brutalmente reprimidos pela tropa de choque da Polícia Militar na tarde desta terça-feira, 22, quando tentavam acompanhar a discussão do projeto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Indígenas sofrem com ataque de bombas de efeito moral e gás lacrimogênio neste momento no Anexo 2, da Câmara. “Mesmo com indígenas feridos, os policiais seguem com os disparos”, relatam os indígenas
#LevantePelaTerra #TerraIndigenaFica e #PL490NÃO
Imagens: Tiago Miotto /Cimi pic.twitter.com/pJOxnlvdg6— Cimi (@ciminacional) June 22, 2021
A Polícia Militar atacou de forma indiscriminada os indígenas em frente ao anexo II da Câmara, com bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Entre os representantes dos 48 povos originários que participavam do protesto pacífico, havia muitos idosos, mulheres e crianças. “Mesmo com indígenas feridos, os policiais seguem com os disparos“, relatavam participantes segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Segundo a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), dois indígenas, um homem e uma mulher, foram gravemente feridos e levados ao Hospital de Base de Brasília. Uma dezena de crianças, idosos e mulheres foram atendidos no acampamento Levante Pela Terra. “Fomos brutalmente atacados de forma covarde antes de chegarmos para acompanhar a votação. Nós temos indígena feridos e a polícia jogou bomba encima dos paramédicos dificultando o atendimento“, relatou Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib.
URGENTE | As etnias indígenas que protestam contra o PL 490 em pauta para votação na CCJ da Câmara dos Deputados em Brasília são atacados pela polícia do Distrito Federal. Há relatos de feridos e a mobilização continua em defesa dos direitos dos povos originários. pic.twitter.com/4g6vX87Rbx
— Waldemir Soares Jr. (@WSoaresAdv) June 22, 2021
Ataque aos territórios indígenas
O PL defendido pela bancada ruralista modifica os direitos territoriais dos povos indígenas garantidos pela Constituição. Segundo o Cimi, ele inviabiliza a demarcação de terras indígenas e possibilita que terras já demarcadas sejam exploradas pelo agronegócio, mineradoras, possibilita a construção de hidrelétricas, entre outros empreendimentos econômicos.
Entre os ataques do PL 490 está ainda o chamado “marco temporal”, tese segundo a qual povos indígenas só teriam direito à demarcação se tiverem a posse das terras quando a Constituição de 1988 foi promulgada.
A reunião da CCJ foi suspensa e transferida para esta quarta-feira, 23. Caso passe na comissão, ela segue para votação no plenário.

A repressão aos povos originários e o PL 490 reafirmam a política de extermínio do governo Bolsonaro às populações indígenas, em favor dos grileiros, do agronegócio e das grandes mineradoras.
Com informações do Cimi e da Apib
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