A TI abrange uma área de 531 mil hectares, onde vivem mais de 4 mil indígenas | Foto: Divulgação

A Terra Indígena Alto Turiaçú arde em chamas há mais de um mês. As comunidades indígenas, até o último dia 13, lutavam sozinhas para controlar o incêndio florestal, sem nenhum tipo de ajuda dos governos estadual e federal. A TI que abrange uma área de 531 mil hectares no oeste do estado do Maranhão, onde vivem mais de 4 mil indígenas das etnias Ka’apor, Tembé e Awá-Guajá.

A ajuda do governo do Maranhão e do governo federal só veio depois que vídeos gravados pelos indígenas fazendo cobranças de ajuda para salvar a floresta. Depois disso, 31 agentes do Corpo de Bombeiros, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade foram encaminhados para a TI Alto Turiaçú, mas só isso não tem sido suficiente. O fogo segue destruindo a flora e fauna do território indígena. Povos de outros territórios indígenas estão se juntando aos guardiões para combater o incêndio.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), que é do Maranhão, esteve no Estado no último dia 10, cumprindo agenda do governo federal. O site do ministério informa que ela reuniu com secretários de saúde de 23 municípios para debater a situação da saúde indígena. Nenhuma palavra sobre o incêndio devastador na TI Alto Turiaçú. Nas redes sociais e site oficial do Ministério, nenhuma postagem sobre o que está acontecendo no Maranhão. Um silêncio que revela o descaso com indígenas das etnias Kayapó, Tembé e Awá-Guajá que moram na TI Alto Turiaçú.

O mesmo governo que faz propaganda da eficiência de sua ação para retirar brasileiros de Israel, é o mesmo que não tem eficiência nenhuma em ajudar os povos originários que estão sofrendo com fogo no Maranhão; com doenças por falta de água potável no Amazonas; e que estão sofrendo violência física, com chuvas e alagamentos em Santa Catarina.

Chamas destruidoras

Os vídeos divulgados pelos indígenas mostram a força das chamas destruidoras que se alastram no meio da floresta, queimando árvores e matando os animais. Os focos de incêndio que começaram em áreas degradas pelo desmatamento, em fazendas de gados fora do território indígena, em queimas de pastagens que atingiram a TI Alto Turiaçú.

Uma cortina de fumaça encobre a floresta nativa. O fogo não para de avançar sobre a floresta que guarda a maior biodiversidade do bioma amazônico em terras maranhenses. Todo esse fogaréu era combatido, até o último dia 13, por apenas 17 indígenas do grupo Guardiões da Floresta. Sozinhos, eles abriram caminhos no meio da mata para facilitar o acesso, contudo, a falta equipamentos impede que esse trabalho seja suficiente. Indígenas adoeceram por causa do calor e da fumaça.

Segundo os indígenas, o fogo já consumiu cerca de 20 km de florestas. Até então, era uma das mais preservadas no estado.

Postagem da indígena Küna Yporã Tremembé no X (Twitter) — @rachelaguiar83

Ajuda à TI Alto Turiaçú, já!

É preciso seguir com a campanha de exigências ao governo do Maranhão e ao governo Lula de medidas urgentes e concretas para acabar com os focos de incêndios na TI Alto Turiaçú.

Chega de descaso com os povos originários. Basta de discursos bonitos e de fotos posadas para as redes sociais, é preciso ação concreta. Os povos indígenas seguem sendo atacados.

O fogo na TI Alto Turiaçú é resultado da política de destruição da floresta por fazendeiros, grileiros de terra, que tocam fogo livremente para criar pastos. Se sentem à vontade para fazer isso porque sabem que a impunidade reina e que a vida dos povos originários pouco valor tem para os governos. Tanto é isso que o incêndio já dura há mais de um mês, nenhuma ação dos governos estadual e federal tinha sido tomada até a publicação dos vídeos pelos indígenas denunciando a situação. O site do ministério dos Povos Indígenas segue sem nenhum comunicado e anuncio de medidas para combater o incêndio na TI Alto Turiaçú. A ministra Sônia Guajajara foi ao Maranhão, sequer um discurso sobre o tema foi feito. Descaso total.

Dizer que as vidas indígenas importam não pode ficar no discurso. Tem que ser comprovado em ações. Exigimos que medidas concretas sejam adotadas: envio de mais brigadistas; ajuda com serviços de saúde e alimentares aos povos atingidos pelos incêndios; expropriação das fazendas que estão destruindo as florestas para a construção de pastagens; punição e prisão aos fazendeiros da região que seguem perseguindo os povos indígenas.

É preciso derrotar o Marco Temporal, pois ações destruidoras como essa na TI Alto Turiaçú serão comuns. Ou seja, o extermínio dos povos originários estará legalizado.