Centro de treinamento presidente George Helal, conhecido com Ninho do Urubu, é utilizado pela equipe de futebol do Flamengo. Foto da área destruída no centro de treinamento do Flamengo após incêndio.
Rodrigo, do Rio de Janeiro (RJ)

Quatro anos atrás, em 2019, o clube carioca iniciava um dos períodos de mais vitórias da sua história. Foram duas Copas Libertadores da América (2019 e 2022), uma Recopa Sul-americana (2020), a Florida Cup (2019), dois Brasileiros (2019 e 2020), uma Copa do Brasil (2022), dois títulos da Supercopa do Brasil (2020 e 2021) e três Campeonatos Estaduais (2019, 2020 e 2021).

Há exatamente quatro anos, em 8 de fevereiro de 2019, o Flamengo protagonizava a maior derrota da sua história. O incêndio no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do clube, evidenciava um descaso com a saúde e segurança de jovens que sonhavam em defender a camisa rubro-negra, levando 10 atletas da base a morte.

2019 não terminou para o Flamengo. Segue no que deve ser o período mais lucrativo de sua história, com títulos, contratações e vendas milionárias enquanto as vítimas seguem sem indenização, e sem a responsabilização dos culpados pela tragédia.

Em 2021 o Rubro-Negro ultrapassou a impressionante marca de 1 bilhão de reais de receitas; mesmo ano em que a família de Christian Esmério recorreu ao judiciário contra o clube em busca de uma indenização, “Não achamos justo que o Flamengo decida como finalizar tudo isso” declarou Andreia Oliveira ao jornal o Globo, e continou “Eles não vão decidir o que é justo para a gente”.

O Flamengo conseguiu fechar acordos com 25 das famílias dos atingidos pela tragédia, e, segundo o advogado da família de Christian, se utiliza no momento de uma estratégia para protelar o andamento do processo.

Nenhum dos 11 denunciados pelo Ministério Público foi condenado, e os três processos criminais existentes seguem parados, sem previsão de movimentação ou inclusão de pauta, dois deles em 1ª instância.

É um absurdo que a família de Christian siga até hoje sem a devida indenização, e que um acidente causado pelas condições precárias em que o Flamengo mantinha o alojamento de jovens atletas siga por 4 anos sem a responsabilização dos envolvidos, enquanto os dirigentes do clube sigam comemorando títulos e ganhos financeiros exorbitantes.

Os processos criminais envolvendo o incêndio no CT Ninho do Urubu devem andar imediatamente, e é urgente que os torcedores exijam uma solução definitiva para a maior derrota da história do clube. Punição e confisco de bens para indenização daqueles que permitiram as condições que causaram a morte de 10 jovens, além de ferimentos e queimaduras em outros atletas e funcionários do clube.

Hoje, às 18 horas, haverá um ato simbólico em frente ao muro onde foram pintados os rostos dos 10 jovens mortos no incêndio, próximo ao setor Norte do Maracanã.

Dos sobreviventes apenas 4 atletas permanecem atuando pelo clube em suas divisões de base.

Relembre a tragédia:  Tragédia no Ninho do Urubu: O sonho de se tornar um profissional da bola transformado em pesadelo | PSTU

Fontes

Quatro anos depois, só três sobreviventes da tragédia no Ninho do Urubu seguem no Flamengo; saiba quem são | Esportes | O Globo

Quatro anos do incêndio no CT do Flamengo: ‘Eles não vão decidir o que é justo para a gente’, diz mãe de vítima | Esportes | O Globo

Balanço do Flamengo tem receita recorde de mais de R$ 1 bilhão em 2021 (uol.com.br)

Títulos – Flamengo