Redação

A primeira coisa a se fazer para combater a pandemia do desemprego em que vivemos é revogar por completo a reforma trabalhista aprovada em 2017. Ao contrário do que prometia o então ministro Henrique Meirelles, a reforma sancionada por Temer não criou 6 milhões de empregos. Pelo contrário, aprofundou o desemprego e gerou ainda mais precarização e informalidade.

O desmonte dos direitos trabalhistas num contexto de aprofundamento da crise, agravada ainda mais pela pandemia, é responsável pela criação de um verdadeiro exército de desempregados, e a generalização da “uberização” do trabalho, milhões de trabalhadores superexplorados, com salários de fome e submetidos a jornadas desumanas, sem qualquer tipo de direito ou proteção social. São em sua maioria jovens que, se sofrerem um acidente ou ficarem doentes, estão totalmente desamparados.

De forma cínica, os defensores do fim dos direitos afirmam que a reforma só não deu certo por conta da crise. Só não dizem que foram justamente o desemprego e a precarização que jogaram para baixo os salários e a renda média dos trabalhadores. Junto com a inflação, fizeram ressurgir o flagelo da fome e as cenas de barbárie nas grandes cidades, com famílias inteiras buscando alimento no lixo. Ou seja, a reforma trabalhista não só não gerou empregos, como afundou ainda mais a classe trabalhadora e os mais pobres na crise, ainda mais com a reforma da Previdência de Guedes e Bolsonaro.

Por outro lado, as isenções aos grandes empresários e o aumento da exploração, que bota uma fatia maior do salário do trabalhador no bolso dos bilionários, significa ainda mais dinheiro para os de cima. A superexploração, a fome e a miséria financiam os lucros cada vez maiores dos 315 bilionários que se enriqueceram ainda mais na pandemia.

Fingir que é contra a reforma não vale

Diante disso, Lula e a direção do PT, seguidos por Boulos e dirigentes do PSOL, ecoaram por aqui a falsa propaganda do governo espanhol de Pedro Sánchez (PSOE junto com Podemos e Partido Comunista) de que havia revogado a reforma trabalhista naquele país, justamente a reforma que serviu de inspiração para as medidas impostas por Temer. Na verdade, não foi revogada coisa nenhuma, só fizeram uma série de reuniões com empresários e as cúpulas das principais centrais da Espanha, como a CCOO e CGT, para deixar tudo como está. E alardearam como uma grande conquista, sendo que as principais medidas impostas pelo governo do direitista Mariano Rajoy (PP) estão firmes e fortes.

As direções do PT, parte do PSOL que entrou nessa, e as direções das maiores centrais brasileiras sabem muito bem disso. Defendem não a revogação de verdade da reforma trabalhista, mas o “processo” espanhol, ou seja, um disfarce de negociação com empresários para, no máximo, definir medidas cosméticas. Tanto que os presidentes da CUT e da Força Sindical acabaram de visitar o recém-eleito presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, a fim de estreitar relações com a patronal. Marcos Nobre, presidente da CUT, disse que o novo presidente da maior associação de empresários do país é uma “esperança”.

Se mais reformas, e mais destruição de direitos, como apontam Bolsonaro, Guedes e também candidatos como Sérgio Moro, não resolvem a questão do emprego, uma saída negociada com os grandes empresários para fingir que está mudando algo, à lá Espanha, como apontam o PT e parte da direção do PSOL, também não. Nessa toada, teremos ainda muitos anos de desemprego em massa pela frente, o aumento da crise social e todas as suas mazelas.

É preciso revogar de verdade a reforma trabalhista, essa é uma das principais medidas hoje para se combater o desemprego, a precarização, o aumento da pobreza e da miséria. E isso não se dá junto com a burguesia, mas contra ela, e com luta. Revogar a reforma trabalhista para conter o tsunami do desemprego e, para além disso, gerar novos postos de trabalho reduzindo a jornada de trabalho sem diminuir os salários. Para acabar com as terceirizações e revogar a reforma da Previdência, a qual não só força o trabalhador a se manter ativo por mais anos (e joga o valor da aposentadoria para baixo), como ajuda a ampliar o desemprego, já que pressiona ainda mais o mercado de trabalho.

Projeto socialista para combater o desemprego

Um governo que se proponha a verdadeiramente enfrentar o desemprego, os baixos salários e a precarização precisa estar disposto a enfrentar os banqueiros e grandes empresários, e revogar a reforma trabalhista. E para fazer isso, precisará contar com a classe trabalhadora e o povo mobilizado, pois vai enfrentar toda a patronal, a mídia, o Congresso Nacional e a Justiça burguesa.

A classe precisa, assim, de organização, mobilização e construir um governo seu para acabar com a desigualdade e a injustiça neste país. Ao invés de mentiras e enrolação, precisa de um projeto seu, de classe e socialista, que sirva para uni-la e mobilizá-la.

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