Homenagem a Dirceu Travesso no Dia da Luta Operária Foto Sérgio Koei
Redação

Dirceu Travesso, o Didi, militante histórico do PSTU, recebeu uma homenagem no “Dia da Luta Operária” (9 de julho), em São Paulo (SP), juntamente com outras cinco personalidades com histórias de vida ligadas à defesa das causas sociais e do movimento operário brasileiro: Ana Dias, João Felício, José Ibrahim, Oswaldo Barros e Sérgio Gomes. Foram entregues placas em agradecimento pela dedicação à luta dos trabalhadores e ao fortalecimento do movimento sindical.

A militância do PSTU, a companheira de Didi, Marta Carvalho, e os filhos Pedro e Karol Travesso participaram da condecoração, uniformizados com uma camisa em homenagem ao Didi.

Uma vida dedicada à classe operária e à revolução socialista internacional

Queremos agradecer a homenagem ao meu pai e aos demais, neste momento para destacar e celebrar a vida destes companheiros e suas contribuições. Contribuições que foram feitas como pai, como marido, como amigo e como militante sindical”, afirmou Pedro Travesso em seu discurso.

Pedro também destacou a dedicação de Didi à luta da classe trabalhadora e à construção do partido revolucionário: “Meu pai teve uma vida dedicada à luta dos trabalhadores. Uma luta que começou contra a ditadura militar, quando ele ainda era jovem e estava na faculdade. Durante toda a sua vida, ele ajudou a construir o PSTU, a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), a CSP-Conlutas e a Rede Internacional de Solidariedade e Lutas”.

E, completou: “Ele foi um sindicalista, socialista e revolucionário. Um corintiano roxo, um traço definidor de sua personalidade. As lutas que ele lutou, as ideias que ele defendeu, eram coletivas. Não cabem na vida de uma pessoa só, no tempo de vida de uma pessoa só. A luta dele continua viva”.

Luis Carlos Prates, o Mancha, militante do PSTU, discursou em nome da CSP-Conlutas, uma das centrais organizadoras do evento.

Didi dedicou toda a sua vida à luta da classe trabalhadora. Começou combatendo a ditadura militar, quando era um jovem estudante na Universidade Federal de São Carlos. Foi diretor do DCE, dirigiu passeatas e manifestações. Depois passou por fábricas e, em seguida, foi bancário”, lembrou Mancha.

Quando ficou doente, lutou incansavelmente contra o câncer. Ele tinha muita força, muita garra, o que fez dele uma liderança internacional, na construção da Rede Internacional de Solidariedade e Lutas. Em sua morte, recebeu homenagens de diversos lugares do mundo”, acrescentou o dirigente da CSP-Conlutas.

Troféu José Martins

O troféu homenageia o sapateiro anarco-sindicalista José Martinez que, há 106 anos, no dia 9 de julho de 1917, foi baleado e morto por soldados da antiga Força Pública, durante a paralisação que tomou conta de várias empresas em São Paulo e que é considerada a primeira greve geral do Brasil.

A iniciativa partiu de várias centrais sindicais, como CSP-Conlutas, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, CSB, CTB, CUT, UGT, Força Sindical, NCST, Pública e Intersindical Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora. O Centro de Memória Sindical, o Instituto Astrojildo Pereira e o Intercâmbio Informações Estudos Pesquisas (IIEP) também são organizadores ativos da iniciativa.

O Dia da Luta Operária foi instituído por uma lei municipal (nº 16.634/17), de autoria do então vereador Antônio Donato (PT-SP), atual deputado estadual, com intuito de manter viva a história operária.

Didi, nunca te esqueceremos!

Didi faleceu no dia 16 de setembro de 2014, vítima de um câncer. Era um camarada socialista, revolucionário e internacionalista extraordinário. Quem teve o privilégio de atuar ao lado dele sabe que não estamos proferindo clichês ou palavras em vão.

Didi era um camarada de muita coragem, de muita convicção e de grande capacidade política, tanto para formulações estratégicas quanto táticas. Uma liderança de importantes lutas, as quais ele conduzia com muita firmeza. Dotado de uma mente inquieta, estava sempre pensando na possibilidade da revolução e do socialismo.

Construía o partido revolucionário no Brasil e no mundo, com alegria, iniciativa, intervenção nas lutas cotidianas ou rebeliões. E, também, sabia fazer muita propaganda. Era um grande amigo e companheiro em todas demais dimensões da vida, nas festas, no futebol, nas comemorações.

Sabia fazer sindicalismo, mas não era apenas sindicalista. Era revolucionário e socialista. 

Claro! Era humano. Tinha seus defeitos e erros, como todo mundo, e sabia disso. Mas, também tinha uma grande generosidade, enorme capacidade de autocrítica e uma moral revolucionária inatacável. Os setores oprimidos tinham em Didi um aliado permanente, e, quando ele mesmo pisava na bola, reconhecia.

Didi dedicou toda a sua vida a um projeto coletivo. Quantos que dedicam suas vidas a comprar coisas, conseguir cargos, podem olhar para trás, ao se aproximarem da morte, e sentir orgulho do que fizeram? Didi pode, e isso lhe dava a serenidade e a coragem com que encarou a sentença de morte. 

Construiu o PSTU, a LIT-QI, a CSP-Conlutas e a Rede Internacional de Solidariedade e Lutas. Ao ser parte dessa luta coletiva, tinha também a consciência de que não viveu em vão.

Didi, sempre presente! Nunca te esqueceremos!