Gabriela Hipólito, de São Paulo (SP)

A lista de presos políticos após 11 de julho já tem mais de 1000 nomes. Feita através de um trabalho entre ativistas dentro e fora da Ilha, é inegável a existência dessas pessoas. Dentre elas, muitos jovens e alguns menores de idade que têm seus nomes, rostos e histórias reveladas na busca de visibilizar ao máximo o que o governo busca ocultar. O suposto crime da maioria deles é o mesmo: desordem pública. Um conceito bastante amplo e nada convincente, principalmente sabendo que a maioria simplesmente estava presente nas manifestações ou gravando e tirando fotos.

Esse é o caso de Yoan de La Cruz, o primeiro a gravar as manifestações de San Antonio de los Baños, o início do 11J, e que agora pode passar 8 anos preso por essas imagens. As irmãs gêmeas, Lisdani e Lisdiany, foram acusadas de vandalismo, desacato, propagação de epidemia e desordem pública, correndo o risco de uma sentença de 10 anos de prisão.

Yoan, San Antonio de los Baños e Lisdani e Lisdiany, Villa Clara

Já Rowland Jesus Castillo Castro e Jonathan Torres Farrat, tem 17 anos e aguardam seu destino em prisões de segurança máxima. Jonathan, que padece de comorbidades, têm acesso frequentemente negado à família e a um tratamento médico adequado.

Pelo menos duas centenas de pessoas seguem presas após o 11J em Cuba. (Histórias de outros presos  políticos e a petição para sua soltura podem ser  encontrados nos materiais da campanha).

Repúdio à expulsão de Hamlet Lavastidia e Katherine Bisquet de Cuba!

Hamlet é um artista cubano que estave preso do dia 26 de junho a 26 de setembro deste ano. Foi detido após cinco dias do seu regresso ao país, em 5 de junho. Hamlet chegou em Cuba antes do 11J e estava preso quando a manifestação aconteceu. O artista é parte do movimento 27N https://www.facebook.com/27Ncuba e sugeriu uma manifestação artística em grupo de whatsapp na qual fariam uma intervenção por escritos nas cédulas de dinheiro do país.

Apesar dessa ação nunca ter sido concretizada, Hamlet foi acusado de “Realizar ações de desobediência civil em vias públicas” com “realização de protestos, tomada de ruas e a realização de ações semelhantes às ocorridas em países do Leste Europeu, com intenções provocativas”. Também não há no Código Penal do país nenhuma alusão ao ato de riscar notas.

Ainda de acordo com o informe do governo, Hamlet: “orientou outros contrarrevolucionários a criar uma organização política para enfrentar as instituições do Estado. Essa organização usaria como pretexto um suposto clima de ingovernabilidade para exigir a renúncia do Governo, entre outras propostas”.

Depois de 3 meses preso, sua liberdade foi em troca do seu desterro. Sua companheira, a escritora Katherine Bisquet, foi pressionada pelo governo cubano a tirar com urgência seu visto para a Polônia, país no qual Hamlet tem direto à residência. Também foi, ao longo desse período, colocada em cárcere privado por 65 dias, além de ter sido várias vezes detida e ameaçada pela polícia do país. Em uma carta logo depois de sua chegada à Europa, Katherine relata brevemente como foi esse período de prisão de Hamlet e expulsão dos dois do país.

Os dois foram escoltados ao aeroporto com forte aparato policial imediatamente após a soltura de Hamlet. Lá, embarcariam rumo à Polônia, sem direito de regresso a Cuba.

Khaterine e Hamlet

Khaterine e Hamlet

Em primeiro lugar, gostaríamos de expressar nossa solidariedade aos dois jovens artistas e ativistas. Ninguém deve ser expulso do próprio país por ter ideias divergentes. Isso é inaceitável, porém típico de regimes autoritários e ditaduras que a todo custo buscam permanecer no poder.

Em segundo lugar, repudiamos a medida vergonhosa do governo cubano a fim de silenciar as vozes dissonantes do país. Em meio a uma crise sanitária, alimentar e de desprestígio do próprio regime, Cuba busca silenciar aqueles que querem melhores condições de vida e o direito à liberdade de se expressar, dois elementos básicos em qualquer sociedade que queira ser vista como justa.

Também nos parece muito simbólico que a principal medida do governo no próximo período, sem ter solucionado a crise sanitária, seja a abertura do turismo. Como qualquer outro governo capitalista, Cuba hoje se preocupa mais com a “economia” — ou seja, os lucros de quem gere o turismo no país — do que com quem sofre pela falta de atenção médica, tratamentos básicos, falta de alimentos e privação de liberdade.

Exigimos do governo cubano a reversão imediata de todos os desterrados/expulsos do país!

Liberdade a todos os presos políticos cubanos!

Fim da ditadura capitalista de Díaz-Canel!