Redação

Israel está realizando um crime de guerra, terrorismo de Estado e genocídio de todo um povo, com o bombardeio de Gaza, no que promete ser o maior massacre já visto na região. Os principais países imperialistas apoiam e endossam essas ações. Afirmam que Israel tem o direito a autodefesa diante das ações do povo palestino, no dia 7 de outubro. Então não teriam também os palestinos direito à sua própria autodefesa? 

Os defensores de Israel, como Joe Biden, dos EUA, invertem a realidade sobre quem é o agressor e quem é o agredido. Não se pode confundir a resistência do oprimido com a violência do opressor. Na Palestina, há um invasor, um colonizador e um Estado terrorista, que se chama Israel. 

O povo palestino luta, há 75 anos, contra a limpeza étnica, vivendo sob um verdadeiro regime de apartheid. Foram expulsos de suas terras e, hoje, Israel controla a água, comida e eletricidade na Faixa de Gaza, com os palestinos vivendo abaixo da linha da pobreza e em condições sub-humanas.

Luta contra a opressão nacional e imperialista

As ações do dia 7 não foram terrorismo; mas, sim, um ato de heroica resistência, fruto do direito de autodefesa. Trata-se de uma guerra assimétrica, de uma permanente agressão por parte de um dos exércitos mais poderoso do mundo, contra um povo sitiado em uma prisão a céu aberto.

Condenar a resistência palestina é similar a questionar a luta negra; seja na época do apartheid, na África do Sul; seja nos EUA, durante a segregação racial institucionalizada. É uma reação justa, embora tenha sido dirigida pelo Hamas, organização com a qual temos enormes diferenças, porque é uma direção burguesa, ligada ao fundamentalismo islâmico, e que, em última instância, não consegue levar a luta pela libertação da Palestina até o final.

EUA, Inglaterra, França e Alemanha são os principais responsáveis pela criação e desenvolvimento deste enclave militar, que serve como entreposto dos seus interesses no Oriente Médio. Mais uma vez, diante da guerra e devastação de vidas humanas, vemos que a causa é a busca pelos lucros dos capitalistas. A questão palestina é a prova da decadência e da barbárie às quais o capitalismo está levando a humanidade. 

Nenhum destes governos condena a violência dos ucranianos contra a invasão russa. Então, por que dois pesos e duas medidas? Se deve aos diferentes interesses burgueses envolvidos em cada um desses conflitos. O que muda é o que o país invasor na Palestina serve integralmente aos interesses dos EUA e da Europa. Enquanto o país invasor na Ucrânia tem atritos com eles, tendo maiores relações com outros setores imperialistas, como a China.

Isso prova que esses governos capitalistas, como EUA, Europa, Rússia ou China, não têm interesse em garantir direitos democráticos ou independência nacional em lugar nenhum. Estão disputando zonas de influência, para garantir seus próprios interesses. 

Chega a ser ridículo que Zelensky, presidente da Ucrânia, país invadido pela Rússia, apoie Israel, que é o país invasor e opressor da Palestina, demonstrando seu alto grau de subserviência ao imperialismo dos EUA.

Nossa posição é comprometida com a luta pela autodeterminação em qualquer parte do planeta. Assim como estamos com a resistência ucraniana, contra a invasão russa, também estamos com o povo palestino, contra a opressão e invasão israelense. É tarefa dos trabalhadores enfrentar os diversos blocos burgueses e imperialistas e defender seus diretos democráticos em todo mundo.

A posição de Lula

A posição de Lula e seu governo é lastimável. Chamar a heroica resistência palestina de terrorismo é um absurdo. É prestar um serviço ao opressor israelense, condenando os atos de resistência, como fez o Boulos (PSOL). Há, inclusive, ministros de Lula declarando abertamente o apoio a Israel, como o Fufuca (Esportes), que tem uma posição similar à de Bolsonaro.

Lula, Boulos e grande parte da esquerda ligada à burguesia dizem ser contra a violência de ambos os lados e que defendem a paz. Qual paz defendem? A paz dos cemitérios, com Israel continuando a derramar sangue palestino? A paz das anexações de territórios feitas por Israel? Não há paz possível enquanto não acabar o apartheid, a colonização e opressão israelense.

Aqueles que pregam uma suposta neutralidade ou paz em abstrato, neste caso, cumprem o nefasto papel de apoiar o opressor. Não podem ser chamados de esquerda aqueles que não se posicionam nitidamente ao lado do povo palestino. Esta, na verdade, é uma esquerda que abraça o imperialismo e é incapaz até mesmo de defender demandas democráticas como a da autodeterminação.

A política do governo é explicada, dentre outras coisas, pelo nível gritante de submissão aos interesses dos capitalistas e imperialistas. É por isso, também, que estamos assistindo a um plano econômico pautado nas privatizações, com Parcerias Públicos-Privadas e a entrega das riquezas nacionais para as multinacionais.

Com independência de classe, aqui e na Palestina

As lutas contra as privatizações e o domínio do imperialismo no Brasil têm tudo a ver com termos uma política externa também independente, em defesa dos direitos de autodeterminação do povo palestino e contra o enclave militar de Israel. 

Tanto a política externa quanto a política econômica do governo Lula, por sua orientação a favor da burguesia e dos capitalistas, acabam fazendo coro com a ultradireita. A posição dos bolsonaristas é abertamente pró-Israel e a favor do genocídio dos palestinos; mas a do governo do PT, em nome de uma suposta neutralidade, termina contribuindo com o imperialismo, com o genocídio de Israel e ajuda a ultradireita. 

Há muitos setores petistas, com os quais temos muitas diferenças, que estão com os palestinos, contra o Estado de Israel. É preciso exigir que Lula mude a orientação do governo. O mínimo é romper, já, as relações diplomáticas e comercias com Israel. É preciso entrar de cabeça no boicote internacional a este país. Mas, Lula não só não faz isto, como o Brasil segue sendo um dos principais compradores de equipamentos militares deste país terrorista que, aqui, são utilizados para a repressão dos trabalhadores, do povo periférico e negro

Esta é mais uma demonstração da importância de uma alternativa política para os trabalhadores que seja pautada na independência de classe em relação aos diferentes blocos burgueses.

Precisamos construir uma oposição de esquerda e socialista, para enfrentar o imperialismo e o poder dos monopólios capitalistas que promovem exploração, aqui no Brasil e, também, realizam genocídios, massacrando povos inteiros, como mostra a dramática situação dos palestinos.