Lula se encontra com o então vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores de Israel, o ultranacionalista Avigdor Liberman, em 2009
Soraya Misleh, de São Paulo

Israel teve um declínio em sua economia de 60% e enfrenta uma crise interna, política e econômica; além de uma crise mundial do sionismo. Não obstante, suas mãos sujas de sangue seguem sendo apertadas por governos mundo afora, inclusive em acordos militares. 

O Brasil não está na contramão disso. Lamentavelmente, durante os primeiros governos Lula e Dilma, nosso país se tornou o quinto maior importador de tecnologia militar israelense. Os governos estaduais seguem essa mesma toada. São armas testadas sobre as verdadeiras cobaias humanas nas quais Israel converte os palestinos todos os dias, que, depois, servem ao genocídio pobre e negro e ao extermínio indígena. 

Agora, ao retornar ao governo, Lula mantém a retórica de “país amigo dos palestinos”, o que foi interrompido quando o genocida Bolsonaro assumiu a cadeira do Planalto, em sua propaganda ideológica sionista, aberta e descarada.

Exigência pelo boicote

Desde então, movimentos sociais e populares vêm pleiteando que o governo ouça os palestinos. Desde 2005, quando se iniciou o movimento “Boicote, desinvestimento e sanções” (BDS) a Israel, estes movimentos reivindicam o reconhecimento do apartheid sionista e a ruptura de acordos, a se iniciar com embargo militar imediato. 

A referência é a campanha internacional de solidariedade que ajudou a pôr fim ao apartheid na África do Sul, nos anos 1990. Mas, até agora, os ouvidos estão moucos. A diplomacia tradicional e pragmática brasileira retomou, desde que Lula assumiu seu terceiro mandato como presidente, a defesa da “solução de dois estados”. 

Desde então, vem emitindo notas condenando ataques de Israel, mas na perspectiva de “ambos os lados”, que devem se ater de cometer atos de violência e negociar. Ou seja, coloca um revoltante sinal de igual entre oprimido e opressor.  

Uma luta anticolonial

Além de apontar o dedo para o único responsável – o Estado de Israel, sua brutal violência histórica e representação atual, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e companhia –, é imprescindível localizar que a revolta palestina se trata de uma luta anticolonial, por libertação nacional, que tem à frente uma resistência heroica e histórica que segue a inspirar oprimidos e explorados em todo o mundo. 

Enquanto isso, os bombardeios a Gaza seguem a todo vapor, sob declarações racistas como a do ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant, que disse, abertamente, que estava lidando com animais, e que é assim que deveriam ser tratados os 2,4 milhões de palestinos em Gaza. 

Já são mais de mil mortos, dentre os quais 10% são crianças. Os palestinos, mais uma vez, não sabem se morrerão de fome ou por bombas. Urge, neste momento, compreender o que Malcolm X ensina: “Não se pode confundir a reação do oprimido com a violência do opressor.” O grito palestino hoje é “Basta é basta!”

Programa 

Por uma Palestina laica, democrática e não racista

O movimento operário internacional deve rejeitar impiedosamente as ações do imperialismo e dos governos subservientes em apoiar Israel nos ​​massacres contra os palestinos. Devemos realizar grandes manifestações de apoio à Palestina para demonstrar que milhares de pessoas não concordam com o apartheid e o genocídio promovidos por Israel.

Devido à sua própria essência, Israel só pode subsistir como um Estado racista, repressor, genocida e em base à permanente agressão militar. Por isso, a paz só virá com a destruição do Estado racista de Israel e o estabelecimento de uma sociedade democrática e livre na Palestina, aberta a todos os palestinos – muçulmanos, cristãos e judeus. 

Essa é a bandeira da Palestina laica, democrática e não racista, que sintetiza uma das principais tarefas da revolução socialista na região. Liberte a Palestina do rio ao mar! Viva a heroica resistência do povo palestino!