Instalações do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão ABr
PSTU-MA

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No momento em que a exigência por reparações históricas para negros e indígenas ganha força em todo o mundo, é justamente sobre as costas dessas comunidades que o chicote dos parlamentares do PCdoB e do governo Dino estala com mais crueldade. Dias atrás foi contra a comunidade tradicional do Cajueiro, desta vez é com a base de Alcântara, ambos no Maranhão.

Na última quarta-feira, 21, os deputados federais do PCdoB, juntamente com os do PSB e PDT, votaram a favor do acordo que prevê transformar a base de Alcântara no Maranhão em um verdadeiro protetorado dos Estados Unidos em terras brasileiras.  A Comissão que votou o texto final foi presidida pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL).

O acordo é uma verdadeira humilhação para o Brasil, mas a deputada federal Perpetua Almeida (PCdoB-AC) teve a coragem de justificar tamanho descalabro sob o argumento de que “sempre colocamos no centro da nossa tarefa cotidiana a necessidade de um desenvolvimento nacional, justo e soberano”.

Essa mesma balela consta na própria cláusula do acordo que foi assinado por Bolsonaro e Trump quando o presidente do Brasil esteve nos EUA em março deste ano. Algo vergonhoso e vexatório. Mas Perpetua Almeida acha mesmo que Trump e Bolsonaro estão preocupados com nosso desenvolvimento e com a nossa soberania.

É bom para o Maranhão, para o desenvolvimento da região, é bom para os cofres públicos, é bom para a tecnologia nacional e é bom para os quilombolas que habitam a região. Ninguém quer privilegiar os Estados Unidos”. Não, essa afirmação não é dos parlamentares do PCdoB, é de Eduardo Bolsonaro! Qualquer semelhança não é mera coincidência. São todos mentirosos e mentem em nome da submissão do nosso país ao EUA.

Esse acordo não é bom para o Brasil, nem muito menos para os quilombolas, pois se fosse suas lideranças não o teriam questionando. “Se o acordo não diz que não tem expansão, por que o governo não tem coragem de dar o título daquelas comunidades?“, foi o que disse Antônio Marcos Diniz, liderança da Comunidade Quilombola de Alcântara, que tem plena consciência de que haverá sim mais expansão e mais remoções.

Com os recursos advindos desse acordo, o Brasil fica proibido de fazer investimentos em desenvolvimento de mísseis para não concorrer com os EUA e proibido de lançar mísseis em Alcântara a não ser que tenham tecnologia norte-americana. Dá para acreditar?

Tem mais. Caso ocorra algum acidente na base, como já aconteceu em outras ocasiões, o governo brasileiro só poderá tomar conhecimento ou intervir sob o consentimento do governo estadunidense.

Ora, se a base da Alcântara é estrategicamente a mais bem localizada do mundo para lançamento de foguetes e mísseis por que cargaa d’água tem que ser justamente o governo americano, o mais interessado em Alcântara, a impor as condições para o acordo e dele tirar as principais vantagens?

A resposta é simples: Bolsonaro, parte da oposição desse congresso, incluindo aí o PCdoB, ficaram de joelhos para o governo americano, e com os joelhos sobre um punhado de milhos.

No dia 15 de abril o governo do Maranhão realizou o seminário “Base de Alcântara: Próximos Passos” que contou só com membros da “Casa Grande” (governador, secretários, ministros, empresários, parlamentares etc.). Assim, como na Conferência de Berlim ocorrida em 1885 que dividiu o continente africano de acordo com os interesses das potências europeias sem que nenhum país africano estivesse presente, nesta reunião que decidiu sobre os destinos de 270 comunidades quilombolas, nenhuma liderança foi convidada a se pronunciar. O astro do seminário foi Marcos Pontes (PSL), atual ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O PCdoB fala de desenvolvimento de maneira vazia e abstrata, sem consultar comunidades atingidas como se elas não existissem.

Os parlamentares do PCdoB e governo de Flávio Dino se alinham ao projeto nefasto e autoritário do governo Bolsonaro que é de permitir que nossa soberania seja esmagada pelas patas do imperialismo racista de Trump, sob a alegação pueril de que é para desenvolver o país.

Foi se apoiando nesse mesmo argumento que Flávio Dino mandou despejar arbitrariamente dezenas de moradores da tradicional comunidade do Cajueiro na região metropolitana de São Luís e, não bastando, mandou reprimir com balas de borracha e spray de pimenta os que se manifestavam contra tamanha atrocidade. Por trás desse discurso desenvolvimentista se esconde os interesses dos proprietários da empresa WPR, citada na Lava a Jato, que pretende construir um porto passando por cima da comunidade para beneficiar capitalistas chineses.

Essas atrocidades são expressão da política do “choque de capitalismo” que Dino prometeu fazer no Maranhão quando ainda era candidato para seu primeiro mandato. Muita gente não entendeu do que se tratava, mas os resultados estão aí. Choque de capitalismo significa ficar de joelhos para o capital internacional, tal como Bolsonaro tem ficado, e passar por cima de tudo e de todos que estiverem na frente desse projeto que não consegue preservar nossas riquezas e nem respeitar nosso povo.

Mais do que blá blá blá, o PCdoB que hoje é governo no Maranhão deveria mesmo é se colocar ao lado dos trabalhadores e do seu próprio povo e não fortalecer a direita e os grandes capitalista internacionais como têm feito. Deveria também deixa de caluniar via fake news aqueles que se colocam ao lado dos trabalhadores, das comunidades tradicionais e contra usurpação das riquezas do nosso país pelo grande capital. É essa postura vacilante que fortalece a ultradireita e não o enfretamento real contra o agronegócio e o imperialismo.

Votar a favor de um projeto racista e entreguista presidido pelo menino de recado dos filhos de Trump (Eduardo Bolsonaro) que pretende utilizar esse “trunfo” para alçar a cadeira de embaixador brasileiro nos EUA, é vergonhoso e merece todo o nosso repúdio.

Trump e Bolsonaro exigem de Dino que entregue Alcântara ao EUA, assim como os capitalistas chineses e a WPR exigem que a comunidade do Cajueiro seja apagada do mapa para que o porto do Itaqui seja ampliado.

O PSTU tem lado, e é do lado dos trabalhadores que se rebelaram contra a oligarquia Sarney, que tem repudiado os ataques de Bolsonaro e que não vão permitir que Flávio Dino entregue nossos territórios, nossas riquezas e nossa soberania ao grande capital e ao imperialismo.

Assim como Cajueiro está resistindo, Alcântara também resistirá!