Dentro das atividades no III Fórum Social Mundial, no período da manhã do dia 26, ocorreu o debate “Desafios da esquerda frente ao Governo LULA“, no prédio 50 da PUC. Contando com a presença de Plínio de Arruda Sampaio Júnior (Consulta Popular), Domingues (ANDES), Cyntia Silva (Movimento de Iniciativa Socialista, de Florianópolis – SC) e José Maria de Almeida (ex-candidato à Presidência da República pelo PSTU).
José Maria afirma que, na América Latina, polariza-se a luta de classes, em reação às políticas neoliberais. Neste período estaria ocorrendo um movimento de intensificação das lutas sociais e, por outro lado, vitórias eleitorais, como o de Lula no Brasil e Lúcio Gutierrez no Equador, que reafirmariam os projetos imperialistas. No Brasil, a vitória eleitoral de Lula foi importante para a classe trabalhadora pois abriu uma conjuntura mais favorável. No entanto, o PT abandonou a perspectiva de transformação social no país. Esse contexto político e econômico apresenta novos desafios para a esquerda, no sentido de construção de um forte partido socialista e revolucionário. José Maria propõe a realização de um Seminário Nacional, ao lado de encontros regionais, que possibilite a discussão entre os setores da esquerda que se preocupem com um Brasil Socialista.
Plínio Sampaio, por sua vez, iniciou sua exposição destacando as firmes posições do PSTU como referência para o debate na esquerda brasileira, nesse período histórico.
Para Sampaio, a novidade do governo LULA em relação ao de Fernando Henrique Cardoso é que este último era “cientificamente contra a classe trabalhadora“, enquanto o atual é um “governo social que quer defender o Brasil“. Para ele, LULA não fará nenhuma reforma que a classe trabalhadora não poderia conquistar com suas próprios esforços, independentemente do governo que estivesse de plantão. Tudo dependeria da pressão política que for exercida de baixo para cima, “caso contrário, o PT não cumprirá seu mandato“.
Também neste sentido, Domingues considera que, se no governo anterior era necessário mobilizar a classe trabalhadora, no atual será preciso muito mais. Outro exemplo que demonstra a contradição do governo LULa é a ida deste a Davos. Em um mês de governo, LULA mostra a que veio. Outro ponto destacado pelo dirigente sindical foi em relação ao “discurso“ do bloqueio que o Brasil poderia sofrer caso optasse por reformas sociais. Neste caso, há uma tentativa de convencer a população de que não seria possível uma ruptura com o imperialismo, uma vez que existiria uma dependência econômica. Ele se contrapõe a esta idéia afirmando que os “bloqueados seriam eles“, pois não poderiam contar com as nossas matérias primas. Além disso, não teriam a população brasileira para consumir seus produtos.