Encerramento do ato em Belo Horizonte (MG), na Praça 7
13 de maio em SP. Foto Jornalistas Livres

O dia 13 de maio foi marcado por uma série de protestos contra o racismo e contra a violência do Estado. Houve atos nas principais capitais do país: Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Maceió, João Pessoa, Porto Alegre, Vitória, São Luís, Belém, Macapá, Salvador, Fortaleza, Rio Branco, Natal, Cuiabá e Brasília.

O detonador foi a chacina na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, ocorrida uma semana antes.

Mas, se o detonador foi a chacina do Jacarezinho, o combustível é a situação dramática que o país atravessa, marcada pela pandemia da COVID-19, pelo desemprego, pela fome e pela repressão.

Seja pela herança de uma abolição sem reparações, seja pela atualidade do racismo no capitalismo, os negras e negras são aqueles que mais morrem pela pandemia da COVID-19, mas que menos recebem a vacina contra esse vírus; compõem a maioria dos desempregados e daqueles que passam fome hoje no país.

Os atos pelo país

Em São Paulo o ato aconteceu na Avenida Paulista e contou com mais de seis mil manifestantes. Luiza, da Juventude Rebeldia, estava lá e reafirma a importância do ato. Para ela “não estamos no mesmo barco. Os ricos estão nos iates deles, enquanto a nossa classe e a juventude negra está lutando por salva-vidas”.

Para o Chavoso da USP, a chacina do Jacarezinho foi um estopim. E diz que “o Estado burguês foi matar a gente dentro de casa”, e denuncia que a quarentena nunca existiu para o povo pobre e trabalhador.

Vera Lúcia, da direção nacional do PSTU, exaltou o ato no 13 de maio e relata “que nós negros e negras saímos das senzalas sem direito à terra, à moradia e à trabalho. Que somos os que mais sofremos a violência do Estado”. E afirma que “hoje é fundamental botar pra fora o governo genocida de Bolsonaro. Mas, também, que é preciso construir uma revolução em nosso país, porque essa sociedade capitalista é incapaz de resolver os problemas da nossa classe e incapaz de resolver os problemas dos negros e negras”.

No Rio de Janeiro, o ato contou com cerca de 1.500 pessoas e aconteceu na Candelária, local também marcado por uma chacina, em 1993.

Pedro Villas Boas, petroleiro e militante do PSTU-RJ estava lá denunciando a violência policial: “exigimos uma investigação e punição a todos os responsáveis pela chacina do Jacarezinho. Esse ato vem denunciar o genocídio que o bolsonarismo tem implementado no Rio de Janeiro e no país, seja pelo vírus, seja pelo tiro”. E lembrou que é preciso desmilitarizar a polícia no país e varrer o entulho da ditadura militar que ainda hoje vigora nos quartéis do país.

O ato em BH foi muito representativo, com a participação de partidos e movimentos de luta contra o racismo. Contou com a presença de centenas de jovens, principalmente, negros e negras da cidade.

Em São Luís, também aconteceu um forte ato. Hertz Dias, candidato à prefeitura de São Luís pelo PSTU no ano passado estava lá e denunciou a farsa da guerra às drogas. Segundo ele, o ato reenergizou a força dos manifestantes e exigiu a legalização das drogas e o fim da Lei Antidrogas aprovada por Lula (PT), em 2006. Lembrou que até a ONU recomendou a desmilitarização das polícias no país, e que os governos petistas ignoraram isto.

E disse que é preciso botar pra fora Bolsonaro que vem implementando uma política em nosso país: “Bolsonaro está boicotando a vacinação no país para avançar seu projeto genocida”. E disse que “é preciso parar o coração do capitalismo e quero ver se Bolsonaro não cairá se houver uma greve sanitária nesse país”. E diz que não quer apenas revanche: “queremos controlar a produção e a distribuição de toda riqueza e derrubar esse sistema e essa classe de parasitas que nos explora, nos oprime e nos mata”.

O capitalismo e o racismo matam. Morte ao capitalismo e ao racismo!

Nós do PSTU fomos às ruas neste 13 de maio exigir o fim do genocídio negro e exigir justiça para os moradores e familiares dos assassinados no Jacarezinho nos atos unitários em várias cidades do país. E defendemos que é preciso ocupar as ruas novamente em unidade com toda a nossa classe pra derrubar Bolsonaro e sua gangue miliciana.

E defendemos, também, que é preciso derrubar este sistema. O capitalismo é o mesmo sistema que sequestrou, traficou e escravizou nas lavouras e minas do Brasil nossos antepassados negros.

Esse sistema reserva para nosso povo e nossa classe a barbárie. O desemprego e a fome crescem a cada dia. E mesmo vencendo com muito suor algumas batalhas contra o racismo, jamais venceremos a guerra contra ele se não lutarmos também pra derrubar o capitalismo.

A burguesia precisa aumentar seus lucros. Pra isso, precisa de mais suor do nosso rosto pondo menos pão em nossa mesa. E pra garantir a nossa exploração, a burguesia vai usar seu dinheiro e seu poder para aumentar a repressão sobre nós negros, trabalhadores e pobres.

Nesse sistema, a vida do negro, do pobre e do trabalhador não vale nada! Então, se a nossa vida não vale nada no capitalismo, que morra o capitalismo!

Precisamos de uma Revolução Socialista para garantir a vida digna dos trabalhadores,  com comida, trabalho e moradia decentes. Para obter isso, será preciso pôr um fim à exploração pondo abaixo esse sistema e nossa classe passar a governar este país através de conselhos populares dos trabalhadores.