Nesta segunda-feira, os trabalhadores da REDUC realizaram um grande ato em solidariedade a Arnaldo e em repúdio às condições que levaram o trabalhador à morte.

O espaço confinado é um local fechado, que não foi projetado para ocupação humana, é de difícil acesso e circulação de ar prejudicada. Oferece grande risco ao executante do trabalho. Esse tipo de atividade exige uma série de medidas especiais, que são reguladas pela norma técnica NR-33.

O resgate demorou cerca de quarenta minutos e, quando Arnaldo foi retirado, estava em parada cardiorrespiratória. Os profissionais de saúde fizeram tudo que era possível para tentar reanimá-lo. Foi levado, ainda em parada cardiorrespiratória, para o hospital, onde foi confirmada sua morte.

Segundo o Siticommm, sindicato que representa os trabalhadores terceirizados, o acidente envolveu, pelo menos, mais um trabalhador, que estava dentro do equipamento junto com Arnaldo. Esse segundo trabalhador teria relatado que havia forte cheiro de gás e que também passou mal, chegou a tentar retirar o colega, que já estava inconsciente, mas foi obrigado a abortar a tentativa de resgate, pois não possuía equipamento de proteção respiratória adequado para isso. O sindicato também denuncia que Arnaldo já estaria morto quando foi levado para o hospital.

Em primeiro lugar, queremos expressar nossa profunda solidariedade aos familiares e amigos de Arnaldo e aos trabalhadores da REDUC (terceirizados e diretos), em especial aos trabalhadores da C3 Engenharia, em que ele trabalhava, e aos operadores da unidade U-4500, onde ocorreu o acidente.

Uma sequência de vários acidentes ocorridos na REDUC nos últimos meses já acendia o alerta do risco de uma tragédia, mas nenhuma medida efetiva foi tomada, pois, para tomar medidas efetivas, seria necessário mexer, reduzir, pelo menos um pouquinho, os lucros dos grandes acionistas privados.

Hoje, apesar de ainda ser uma estatal, cerca de 60% do capital da Petrobrás é privado, em sua maioria, internacional. Como toda a política da empresa é voltada para o lucro desses acionistas, a vida dos trabalhadores, as comunidades, o meio ambiente e as necessidades da população trabalhadora são colocados em segundo plano.

Há poucas semanas, publicamos uma matéria sobre outro acidente ocorrido na mesma unidade (U-4500). Na ocasião, um tanque de aço, com cerca de 4 toneladas, foi pressurizado e projetado a aproximadamente 10 metros de altura e 10 metros de distância.

O GT (Grupo de Trabalho) de investigação desse acidente, organizado pela empresa, limitou-se a culpar os trabalhadores da operação e deixou de lado os reais problemas. Não por acaso, tanto o representante do sindicato quanto o da CIPA no GT se negaram a assinar tal relatório da investigação. No caso do acidente fatal, os trabalhadores pressionam para que haja uma investigação independente, realizada por integrantes da CIPA e representantes dos sindicatos.

Enquanto a Petrobrás estiver submetida aos interesses dos capitalistas, novas tragédias ocorrerão. Por isso, defendemos que seja 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores, para que respeite o meio ambiente e a vida de quem produz, além de produzir pra atender os interesses da população trabalhadora.

A luta unitária dos trabalhadores é o caminho

Nesta segunda-feira, 21 de fevereiro, os trabalhadores diretos e terceirizados da REDUC realizaram um grande ato unificado em solidariedade à família, aos amigos e colegas de trabalho de Arnaldo e em repúdio às condições precarizadas que levaram o trabalhador à morte.

Os trabalhadores diretos fizeram um atraso de três horas e os terceirizados fecharam parcialmente a rodovia Washington Luiz, para dar visibilidade a sua luta. Depois de muita pressão, a Petrobrás e as empresas terceirizadas foram obrigadas a abonar o dia de todos os trabalhadores terceirizados para que pudessem acompanhar o sepultamento de Arnaldo.

O ato contou com a participação do Siticommm e Sindpetro-Caxias (com as duas chapas que concorrem à eleição da entidade), além de representantes do Sindpetro-RJ, do Sindmetal-RJ, da CSP-Conlutas e do PSTU. Também participaram os sindicalistas demitidos políticos da Petrobrás, Alessandro Trindade (Sindpetro-NF) e Wagner Fernandes (Sindpetro- CE/PI).

Arnaldo, presente!