“Hoje, dia 20/01/2022 por volta das 16 horas, recebemos a informação de que ocorreu um acidente sem vítimas na U-4500, causado durante o fechamento de uma válvula junto ao tanque TQ-450051, que pressurizou com condensado. O equipamento alçou voo livre numa altura de mais de 4 metros, parando sobre o pipe-rack.” diz o informe do sindicato local. Trata-se de um tanque de aço, de aproximadamente 6 metros de diâmetro por 6 metros de altura, que foi pressurizado por vapores de combustíveis e projetado a cerca de 10 m de distância e 10 m de altura, caindo sobre as tubulações do alto da unidade.

A unidade faz o tratamento de enxofre em combustíveis, o acidente poderia ter causado um incêndio de grandes proporções e a liberação de grandes quantidades de H2S (resíduo do tratamento), gás altamente tóxico, que provoca asfixia química e pode levar à morte.

Não se trata de uma eventualidade, mas sim de consequência de uma política de superexploração, que privilegia o lucro dos acionistas privados, mesmo que, para isso, os trabalhadores e a vizinhança sejam colocados em risco todos os dias. Os capitalistas não se importam em sacrificar a vidas dos trabalhadores, desde que os seus lucros estejam garantidos e maximizados. Vale lembrar que, no próximo dia 31 de janeiro, completam-se sete anos que o técnico de operação da refinaria, Cabral, veio a óbito ao cair dentro de um tanque de óleo lubrificante quente.

Não há investimento em manutenção preventiva e a Petrobrás vem reduzindo seu quadro de funcionários sistematicamente. Para se ter uma ideia, em 2013 a empresa tinha cerca de 62,5 mil trabalhadores, no final de 2020, contava apenas com ceca de 41,4 mil, redução de aproximadamente um terço. Em contrapartida, em 2013, cada trabalhador rendeu R$1,154 milhão, já em 2020 rendeu R$2,889 milhões1. Enquanto isso, a população é penalizada com os altos preços dos combustíveis e do gás de cozinha.

No que diz respeito à redução de funcionários, a pandemia agravou a situação. Por um lado, os trabalhadores foram expostos a covid-19, pois as medidas tomadas pela empresa foram totalmente superficiais e insuficientes. Não por acaso, tivemos pelo menos oito mortes na REDUC, três funcionários diretos e cinco terceirizados (a empresa não divulga os dados precisos). Por outro, ao ter muitos funcionários doentes, em muitos setores, vários trabalhadores tiveram que fazer jornadas de 24 horas, ou as unidades operaram abaixo do número mínimo de segurança (quantidade miníma de técnicos de operação para funcionamento seguro da unidade operacional, determinado pela própria empresa).

Só será possível ter uma política de segurança operacional, que realmente se preocupe com meio ambiente e com a vida dos trabalhadores e das comunidades no entorno das unidades operacionais da Petrobrás, se a empresa for retirada das mãos dos acionistas privados e for colocada a serviço e sob controle dos trabalhadores.

1Anuário Estatístico do ILASE 2019 e Anuário Estatístico do ILASE 2021.