Flávia Bischain defende independência de governos e patrões Foto Maísa Mendes
Redação

Foi um dia intenso, até exaustivo, mas ao final dos trabalhos era perceptível a garra e combatividade nos rostos dos mais de mil delegados e delegadas de todo o país que lotaram o ginásio do Clube Guapira, na capital paulista, para os quatro dias deste 5º Congresso Nacional da CSP-Conlutas.

Democracia operária

O dia começou bem cedo, por volta das 8h, com a reunião dos Grupos de Trabalho (GT’s), quando delegados e delegadas se reúnem para discutir e votar propostas nos temas de conjuntura nacional e internacional, autodefesa, combate às opressões, defesa do território e meio ambiente, e balanço da central. As propostas são discutidas e levadas para sistematização para votação no plenário final, com todos os delegados. É o momento de maior democracia, quando todos podem falar, discutir e fazer propostas.

Após os GT’s, o plenário foi palco de uma saudação de representações de povos originários, tradicionais, quilombolas e camponeses. “Sabemos que os povos originários e tradicionais carregam uma triste estatística de invisibilidade e violência, violação, e estamos aqui para cerrar esta unidade para dizer que precisamos da força de cada um e cada uma que estão aqui“, afirmou Kuña Yporã, também conhecida como Raquel Tremembé, liderança do povo Tremembé, defendendo a unidade dos povos originários e tradicionais com a classe trabalhadora e os demais setores oprimidos.

Tremembé também lembrou a luta contra o Marco Território, em defesa do meio ambiente que sofre uma dramática crise climática, e a demarcação e titulação das terras indígenas e quilombolas.

Apoio à resistência ucraniana

Em conjuntura internacional, foram discutidos temas que vão do brutal aprofundamento da desigualdade social em todo o planeta, ao avanço do imperialismo contra os povos, com a superexploração do trabalho e rapina, à crise climática provocada pela ganância e crise capitalistas. Foram reafirmados o apoio e solidariedade às lutas dos trabalhadores contra o imperialismo e os efeitos do capitalismo. Entre as propostas aprovadas estão a construção de uma grande mobilização em setembro de 2024, quando a reunião do G20 ocorre no Brasil.

Mas, com toda a certeza, o tema internacional que mais foi reafirmado foi a solidariedade à resistência ucraniana contra a invasão da Rússia de Putin. A CSP-Conlutas, assim, mantém uma tradição que carrega desde a sua fundação: o internacionalismo e a solidariede irrestrita à classe trabalhadora em todo o mundo. Algo que pode ser confirmado com o número da delegação internacional: foram 45 companheiros e companheiras presentes, e que participam, a partir de domingo, do encontro da Rede de Solidariedade Internacional, em São José dos Campos.

Oposição de esquerda ao governo e luta contra a ultradireita

No ponto de conjuntura nacional, a CSP-Conlutas reafirmou mais uma vez seu caráter independente de governos e patrões. Isso significa lutar contra os ataques dos governos de direita, ou ultradireita, mas também contra os ataques do governo Lula-Alckmin. “Nossa central precisa enfrentar os governos de ultradireita como o de Tarcísio em São Paulo, mas precisamos enfrentar não só a ultradireita, a nossa tarefa é também enfrentar o governo burguês de Lula e Alckmin“, pontuou a professora Flávia Bischain, do PSTU, que defendeu a tese do Bloco Classista Operário e Popular.

Flávia denunciou o papel cumprido pelas outras centrais, de apoio ao governo e cúmplices de seus ataques, e defendeu a construção e o fortalecimento de um campo de oposição de esquerda ao governo.

CSP-Conlutas sai fortalecida

“Nosso terceiro dia foi espetacular, vi muito debate, polêmica, exercício da democracia operária transitou por questões como o tema internacional, como a resistência ucraniana. Discutimos na questão nacional nosso perfil de independência de classe, de fazer mobilização de esquerda ao governo Lula e seus ataques econômicos, políticos e sociais, sem esquecer de combater a ultradireita“, resume Atnágoras Lopes, da atual Secretaria Executiva Nacional (SEN) da CSP-Conlutas e dirigente operário do PSTU.

Foi um congresso vivo, que expressaram gente de todo o país, fortalecemos indiscutivelmente a nossa central. Agora, é ir ao quarto dia, quando vamos ler os relatórios setoriais e aprovar a nova Secretaria Executiva Nacional“, finaliza.