Secretaria Nacional LGBT

Um homem gay foi dopado e ao despertar estava com o corpo brutalmente mutilado e com uma suástica desenhada no rosto, na cidade de Itaguara, Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG).

O crime, ocorrido no dia 14 de julho, é parte de um ano marcado pela violência às LGBTIs no Brasil. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) reporta alta de 41% nos assassinatos das pessoas trans em 2020. Em 2021, há um apagão de dados em pelos menos sete estados, inclusive Minas, onde ocorreu o ataque homofóbico.

As condições de vida na pandemia, a maior fragilidade das pessoas LGBTIs quanto à segurança econômica, social e emocional, intensificam-se com a propaganda de hostilidade e repúdio do governo. Mas não é só no discurso. Ao integrar o Ministério dirigido por Damares, a Secretaria Nacional de Proteção Legal, da qual faz parte o Departamento de Promoção dos Direitos LGBT (conscientemente bem escondido no Ministério), não desembolsou um real. Ou seja, aliada a uma política de desinformação como fazem com o suposto ensinamento da “ideologia de gênero” nas escolas e à LGBTIfobia verbalizada e promovida, também não há investimentos públicos que possam apoiar a população LGBTI.

O brutal ataque em Minas esteve longe de ser o único do ano. Em maio, Lindolfo Kosmaski, ativista da agroecologia e gay, foi brutalmente assassinado no Paraná. Ao olhar para o espancamento e assassinato de Samuel Luiz Muñiz, na Espanha, podemos ver que os crimes de ódio andam lado a lado com a tolerância aos discursos da extrema direita (no caso espanhol, o partido Vox).

Auto-organização e autodefesa

Como parte importante da classe trabalhadora, juventude, mulheres, negros e negras, indígenas e imigrantes, as LGBTIs enfrentam as consequências da crise econômica brutal e da pandemia que empobreceu ainda mais setores marginalizados da sociedade, somando-se aos discursos de ódio cada vez mais intensos e promovidos por Bolsonaro.

Precisamos da auto-organização e autodefesa, pois ainda que a exigência por políticas públicas siga, nesse sistema, as leis contra violência viram letra morta. Isso deve ser articulado, discutido e promovido junto aos movimentos e entidades da classe, permitindo a conscientização e apoio à comunidade LGBTI, mas também para tirar Bolsonaro e Mourão e lutar por uma alternativa anticapitalista.

Viver nossa liberdade e diversidade só será possível numa sociedade onde o lucro não importe mais que nossas vidas, livre da exploração e opressão, uma sociedade socialista.

Agressão de DJ Ivis

Caso mostra como violência machista aumentou na pandemia

As cenas de violência doméstica cometidas por Iverson de Sousa, conhecido como DJ Ivis, contra a esposa e mãe de sua filha, Pâmella Holanda, causaram comoção nacional. Num vídeo postado por Pâmella, DJ Ivis aparece em mais de uma ocasião, desferindo tapas, murros e chutes, puxando violentamente os cabelos da moça e derrubando-a no chão.

Após a repercussão do caso, a Polícia Civil do Ceará prendeu DJ Ivis no último dia 14. O artista também vem assistindo um revés na carreira, com demissões e cancelamento de contratos e parceria e retirada de suas músicas de plataformas de streaming musical.

A situação de violência doméstica vivenciada por Pâmella infelizmente está longe de ser uma exceção. A mulher brasileira é uma das que mais sofrem violência em todo o mundo. O país ocupa o quinto lugar no ranking de feminicídio, sendo que, a cada dois minutos, uma mulher é vítima de agressão. Com a pandemia a situação se agravou ainda mais, particularmente sobre a mulheres trabalhadoras e pobres. Embora os registros tenham diminuído, a violência aumentou; com o isolamento social as mulheres passaram a ter mais dificuldade em buscar ajuda.

Atualmente temos um governo genocida que é machista, LGBTIfóbico e racista. O aumento do desemprego e do custo de vida ampliou a miséria e aprofundou as desigualdades de classe, raça e gênero. Mais da metade das mulheres estão fora do mercado de trabalho e as que conseguiram são obrigadas a lidar com a dupla jornada e a sobrecarga dos afazeres domésticos.

Um programa para enfrentar a violência contra as mulheres passa por campanhas contra o machismo, leis que garantam a proteção às vítimas e punição aos agressores; medidas que passem pela autonomia financeira e condições materiais para a mulher romper com o ciclo da violência: emprego, salário e moradia digna, creches e escolas em tempo integral onde deixar os filhos para poder trabalhar, entre outras medidas. Mas, para isso, é necessário botar pra fora Bolsonaro e Mourão e seu projeto de morte.

A luta contra o machismo não é uma tarefa só das mulheres, mas de toda a classe trabalhadora e de suas organizações. O machismo divide a classe para que os capitalistas reinem e sigam nos explorando. Por isso, para ser consequente na luta contra o machismo, é preciso lutar também contra o capitalismo, que é a fonte de toda a opressão.