funcionalismo decide fazer greve geral a partir de 10 de maio. Governo prefere gastar com banqueiros e com publicidade do que atender as reivindicações do funcionalismoA Plenária dos Servidores Públicos Federais, realizada no dia 18 de abril, decidiu pela rejeição da proposta do governo e pela deflagração de uma greve nacional unificada, a partir de 10 de maio. Essa decisão, votada por ampla maioria, demonstra a disposição da base das categorias em construir um forte movimento.

Algumas categorias já se encontram em greve. É o caso dos trabalhadores da Previdência, que iniciaram o movimento em 20 de abril, e dos auditores fiscais da Receita Federal, reunidos na Unafisco, que fazem paralisações de quatro dias todas as semanas e apontam agora para uma greve por tempo indeterminado a partir do dia 26. Também estão em greve os fiscais da Previdência, reunidos na Fenafisp, e a Polícia Federal.

Mas o governo até agora se mostrou insensível e transformou a Mesa Nacional de Negociação Permanente em uma verdadeira trincheira.

Sem limite orçamentário para pagar dívida a banqueiros

Como diz o informativo do ANDES-SN sobre a reunião de negociação ocorrida dia 20 de abril: “A bancada governista, (…) informou que não tinha nada de novo para apresentar(…) Em relação à ‘negociação’ sobre ‘reajuste’ salarial, considerou encerrada a discussão/negociação(…)”.

No entanto, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, declarou, para ‘acalmar o mercado, histérico’, ante o relatório do banco JP Morgan, que rebaixou a classificação do Brasil em função de dúvidas quanto à capacidade do governo Lula cumprir a meta do superávit, que a meta será cumprida”.

O superávit primário para o primeiro trimestre de 2004 chegou a R$ 20,528 bilhões, equivalendo a 5,41% do PIB, o que significa que a meta para o primeiro trimestre do ano de 2004 – R$ 14,5 bilhões – já foi superada. Recursos para pagamento da divida pública e para ‘apaziguar o mercado’ estão garantidos. O que não existem são recursos para atender às reivindicações dos servidores.

O secretário de Recursos Humanos, Sérgio Mendonça, afirmou na reunião, que o governo vai fazer de tudo para evitar a greve nacional. Segundo ele, em contraposição à greve, o governo fará uma forte campanha na mídia. Ou seja, o governo quer jogar os trabalhadores do setor privado contra o funcionalismo.

SAIBA MAIS
A negociação

  • O que reivindica o funcionalismo

    Política salarial que impeça perdas futuras e definição de 1º de maio como data-base

    Reposição salarial emergencial de 50,19% (ICV – DIEESE de 1998 a 2004)

    Correção das perdas passadas (127%, segundo o DIEESE, entre janeiro de 1995 e dezembro de 2003, já descontados os 3,5% dados no governo FHC, em 2002, e o 1% concedido por Lula, em 2003)

    Incorporação das gratificações e correção das distorções nas carreiras provocadas pela política de gratificações produtivistas e não correção de salários

    Resposta à proposta do funcionalismo, de maio de 2003, sobre as Diretrizes de Planos de Carreira

    Respeito à paridade entre ativos, aposentados e pensionistas

  • A proposta do governo

    Desconsidera totalmente as reivindicações do funcionalismo.

    Não propõe reajuste de salário, mas reajuste nas gratificações (que não são incorporadas ao salário e podem ser retiradas a qualquer momento), atrelado a desempenho, diferenciado inter e intra-categorias.

    Propõe reajustes diferenciados entre ativos e aposentados.

    Avança na precarização do trabalho no serviço público e visa dividir os trabalhadores e arrebentar suas entidades.
    Post author Cristina Franco, Especial para o Opinião SocIalista
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