Hertz Dias
Membro da Secretaria de Negros do PSTU e vocalista do grupo de rap Gíria Vermelha
Hertz Dias, da Direção Nacional do PSTU e da Secretaria Nacional de Negras e Negros do PSTU
Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares e Capitão do mato do governo Bolsonaro, no afã de prestar mais um de seus serviços sujos e inescrupulosos à burguesia racista deste país, resolveu desferir ataques caluniosos ao congolês Moïse Kabagambe, morto brutalmente no dia 24 de janeiro num quiosque na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro.
Como todos já sabem, Moïse foi ao quiosque cobrar o pagamento atrasado pelos dias trabalhados e, em troca, foi imobilizado e espancado até a morte por pelo menos cinco pessoas. As imagens divulgadas não deixam dúvidas sobre a brutalidade do assassinato, com requintes de crueldade típicos dos crimes cometidos contra negros e negras em nosso país.
Mais recentemente, novas imagens do episódio foram divulgadas. Em uma delas, vemos que guardas municipais não agiram para salvar Moïse nem prestaram socorro ao jovem congolês. Mostraram, também, que o estabelecimento continuou vendendo bebidas enquanto Moïse jazia morto no chão.
Mas, apesar das filmagens, até agora, apenas três dos assassinos foram presos e o dono do quiosque – cujo nome é preservado pela polícia civil e pela imprensa – segue em liberdade.
Esse assassinato provocou uma grande comoção nacional e a realização de dezenas de atos por todo o Brasil e até no exterior. No Rio de Janeiro, o ato ocorreu na Barra da Tijuca, em frente ao quiosque Tropicália e reuniu cerca de cinco mil pessoas.
A morte de Moïse não passou em ” branco”. E foi justamente essa solidariedade a um trabalhador, negro e africano que despertou o ódio do governo Bolsonaro que, em momento algum, prestou condolências e solidariedade aos familiares de Moïse.
Receoso de atacar Moïse e provocar mais uma reação em cadeia contra seu governo racista, Bolsonaro deve ter atribuído essa tarefa ao seu capitão-do-mato de plantão: Sérgio Camargo.
Cumprindo a ordem de seu senhor com bom grado, Camargo foi às suas redes sociais afirmar que Moïse era um vagabundo que foi morto por vagabundos mais fortes.
Mas, Moïse não era vagabundo, Moïse era um trabalhador, uma vítima da reforma trabalhista aprovada por Temer (MDB) e defendida por Bolsonaro, um imigrante africano vítima do capitalismo e do racismo e que foi morto por gente do naipe de Sérgio Camargo.
Tentar manchar a biografia dos negros e negras assassinados é uma tática recorrente da burguesia e de seus ideólogos, numa tentativa de justificar o assassinato e a violência desferida.
Camargo, o verdadeiro vagabundo
Sérgio Camargo é um negro que pôs a sua cor e a sua raça à disposição de Bolsonaro em seu projeto autoritário para o conjunto do país, e de autoritarismo particular ao movimento negro. É por isso que esse sujeito inexpressivo ocupa a presidência da Fundação Palmares. E, enquanto a maior parte dos brasileiros sobrevive com apenas um salário mínimo, Camargo recebe um salário de R$ 16.944,90 mensais.
Mas não é só isso. Camargo participa de um governo que mais parece uma quadrilha, um governo chefiado por um genocida e que, em meio à pandemia da COVID-19, tentou fazer falcatruas com compra superfaturada de vacinas. Seus filhos são acusados de rachadinhas e só não foram presos ainda porque Bolsonaro intervém diretamente nos órgãos do Estado para proteger seus filhos.
Por essas e outras, Sérgio Camargo e Bolsonaro não tem o direito à abrir a boca para caluniar Moïse ou qualquer outro trabalhador morto pela violência racista ou pela pandemia. Respeite Moïse!
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