Redação
Há uma segunda onda da pandemia de COVID-19 no mundo. No dia 18 de novembro, foi registrado um novo recorde mundial de mortes diárias pela doença. Foram 11.099 óbitos segundo monitoramento da Universidade Johns Hopkins (EUA). Basta observar a dinâmica da segunda onda da doença, combinada com a total falta de ação dos governos, para concluir que esse triste recorde poderá ser superado nos próximos dias.
Até o momento, os óbitos por COVID-19 já somam mais de 1,3 milhão de registros no planeta. Os países com mais óbitos são Estados Unidos (249 mil), Brasil (166 mil), Índia (130 mil), México (99 mil) e Reino Unido (52 mil) de acordo com o levantamento da universidade.
A última onda de vírus começou a se acelerar. Demorou pouco mais de duas semanas para os Estados Unidos passarem de oito milhões de casos para nove milhões em 30 de outubro. De nove milhões até dez milhões, levou apenas uma semana. Os mais atingidos são os latinos, que têm a taxa mais alta de hospitalizados (4,2 vezes a taxa de brancos) e negros (3,9 vezes a taxa de brancos) de acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
Por lá, a situação é dramática. Os casos aumentam na esteira da política negacionista de Trump. Se o governo do país já minimiza a gravidade da pandemia, depois da derrota eleitoral ele nem sequer comenta o assunto. Enquanto isso, a saúde do país mais rico do mundo entra em colapso, pois não existe um sistema público.
NOVA CATÁSTROFE
Segunda onda chega ao Brasil, e Bolsonaro diz que é “conversinha”
O Brasil também já está na segunda onda de COVID-19 segundo muitos especialistas. Em todo o país, registra-se um súbito aumento de ocupação de leitos em hospitais, como atestam os relatos de muitos profissionais de saúde em redes sociais.
No Brasil, a taxa de contaminação aumentou de 0,68 para 1,12 em 16 de novembro de acordo com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba. Isso significa que 100 pessoas infectarão outras 112, que, por sua vez, infectarão outras 125. Assim, a epidemia brasileira cresce de forma exponencial. A situação mais crítica é no Paraná, onde a taxa é de 1,62.
A taxa de contaminação atingiu seu menor índice em 6 de novembro, com 13.644 novos casos. Porém voltou a subir, e a média móvel ficou em 28.425 novos casos no dia 16, um aumento de 208% em dez dias. Esse número pode ser bem maior, pois, desde meados de setembro, a subnotificação vem agravando-se, porque estão sendo feitos menos testes.
Enquanto isso, Bolsonaro chama os brasileiros de “maricas” que não “enfrentam” a doença e diz que a segunda onda é “conversinha”. “E agora tem a conversinha de segunda onda. Tem que enfrentar se tiver [segunda onda]. Se quebrar de vez a economia, seremos um país de miseráveis”, disse no último dia 13.
No dia 18 de novembro, o Ministério da Saúde apagou uma postagem em sua conta no Twitter, na qual recomendava que a “maior ação” contra o vírus é o isolamento social e a adoção de medidas de proteção individuais. Uma evidente ação de censura feita pelo governo.
Bolsonaro é um traste assassino que, a exemplo de Trump, nada fez e nada vai fazer para conter a nova onda de contaminação que vitimará milhares de brasileiros, sobretudo a população mais pobre e vulnerável. O aumento dos casos de contaminação e de mortes é de sua responsabilidade.
O governo nunca criou um programa que proibisse as demissões, cortou o auxílio emergencial pela metade e vai acabar com ele em janeiro. Bolsonaro nunca esteve preocupado com o emprego dos trabalhadores, mas sim com os empresários. Por isso aprovou uma série de medidas para manter os lucros das empresas enquanto criticava o isolamento social, mandando os trabalhadores para o abate. Foi assim que 42 bilionários brasileiros aumentam sua fortuna em US$ 34 bilhões durante pandemia.
Contudo, Bolsonaro não é o único responsável. Governadores e prefeitos nunca adotaram medidas para um real controle da pandemia. Pelo contrário, flexibilizaram as medidas de isolamento social, incluindo medidas de retomada das aulas, o que está gerando uma sobreposição entre as ondas de contágio.
Em São Paulo, por exemplo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) liberou as aulas nas escolas particulares no dia 3 de novembro. Mesmo realizando poucas atividades, com máximo de 20% dos estudantes por turma, as escolas voltaram a fechar no dia 18 após a contaminação de estudantes e professores. Isso serve de alerta para a população. Passadas as eleições, os governos tentarão reabrir as escolas, apesar de a maioria da população ser contrária à medida.
O aumento dos casos exigirá medidas de isolamento social e uma nova quarentena. Essa medida encontrará resistência por parte dos governos. Sequer há um plano para enfrentar a nova onda de contaminação que poderá ser ainda mais catastrófica. Por isso, será necessário defender a vida, garantindo uma quarentena para valer, mediante um plano que garanta renda e emprego, além de manter o auxílio emergencial de R$ 600.