Entre as reivindicações constam o pagamento do piso da enfermagem e o pagamento das perdas salariais para ativos e aposentados no percentual de 21,87% | Foto: Sindsaúde-RN
PSTU-RN

Fernanda Soares, de Natal (RN)

Zero. Essa é a paciência dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde do Rio Grande do Norte, que entraram em greve nesta terça-feira (11), com um protesto em frente ao maior hospital do estado, o Walfredo Gurgel. A categoria aderiu à greve convocada pelo Sindsaúde/RN após as inúmeras tentativas de diálogo com a governadora Fátima Bezerra (PT), que se declara como um governo de “origem popular” e do “diálogo”, mas suas ações e de seus secretários vão na direção contrária.

A pauta dos trabalhadores da saúde é extensa e contempla pelo menos dezenove pontos de reivindicações. O governo, por sua vez, não negocia de forma efetiva e segue empurrando com a barriga a pauta dos trabalhadores. Entre os pontos mais importantes, estão o pagamento dos plantões eventuais dentro do mês trabalhado, a implantação e pagamento do piso da enfermagem, o pagamento das perdas salariais para ativos e aposentados no percentual de 21,87%, o pagamento do adicional de insalubridade para todos os profissionais e a revisão da lei da produtividade. Há também a reivindicação por melhores de condições de trabalho e atendimento nos hospitais.

Nas primeiras horas do movimento grevista, a categoria foi surpreendida com a convocação do Ministério Público do Trabalho (MPT) para uma audiência de conciliação sobre a greve. O chamado foi feito diante de uma denúncia do diretor geral do hospital Walfredo Gurgel, Tadeu Alencar, que já havia sido denunciado pelo Sindsaúde/RN em outras ocasiões por suas atitudes truculentas, autoritárias e antissindicais. A reunião ocorreu na tarde desta terça (11), no MPT, com a presença do secretário de Saúde, Cipriano Maia, a equipe do Governo, das Promotorias e da Comissão de Greve.

Na ocasião, o secretário de Saúde chegou a exigir que a greve fosse encerrada para seguir com as negociações e ameaçou entrar na justiça contra o movimento. Mas a direção do Sindsaúde/RN não aceitou e reforçou que a decisão de manutenção da greve era da base, dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde em assembleia. Além disso, Cipriano Maia, braço direito da governadora Fátima, insultou a categoria ao afirmar que o sindicato estava com “saudades do governo Robinson”, se referindo ao ex-governador, que inclusive foi eleito com o apoio do PT e depois se bandeou para o bolsonarismo.

A governadora Fátima Bezerra (PT) se nega a dialogar e atender a pauta da categoria | Foto: Sindsaúde-RN

Para Rosália Fernandes, coordenadora do Sindsaúde/RN e militante do PSTU, não há diferença entre o governo Fátima Bezerra, o governo Robinson e os governos anteriores. “O governo de Fátima repete a mesma prática dos governos passados. Tenta passar uma imagem popular e democrática, mas, de forma intransigente, se recusa a receber a categoria da saúde que tanto foi massacrada na pandemia. O governo nos chama de heróis, mas não reconhece o nosso valor. A nossa greve é legítima e se não negociar a nossa greve vai continuar”, enfatizou Rosália.

O secretário de saúde ainda fez acusações levianas ao sindicato, afirmando que se pacientes morressem em razão da greve a culpa seria do Sindsaúde. Rosália Fernandes rebateu o petista denunciando a negligência do próprio governo com a saúde da população. “Todos os dias pessoas morrem nos hospitais por falta de atendimento, e não é porque nós não trabalhamos ou estamos em greve. É por culpa de vocês. As pessoas ficam nos corredores esperando leito, nós não temos servidores suficientes, faltam equipamentos. Até sabão está faltando no hospital.”, disse Rosália.

Essa é a segunda greve da saúde estadual durante a gestão do governo Fátima Bezerra. A última ocorreu no primeiro ano do governo do PT. Além da saúde, os trabalhadores da educação também realizaram uma greve por mais de 30 dias, na qual a principal pauta é o reajuste no Piso Salarial dos professores. Contraditoriamente, quando era Deputada Federal, a atual governadora Fátima foi relatora da Lei do Piso, mas hoje se nega a atender a reivindicação de sua categoria.

No final da noite desta terça, por volta das 22h, o Sindsaúde/RN foi surpreendido com a convocatória urgente de uma Mesa SUS, no Gabinete Civil do governo, a ser realizada nesta quarta-feira (12). A paralisação da saúde estadual envolve hospitais, serviços de urgência, emergência e SAMU Metropolitano, e tem mobilizado trabalhadores da enfermagem, psicólogos, assistentes sociais e demais profissionais do setor.

O PSTU se solidariza com a greve da saúde do RN e destaca a disposição de luta desses trabalhadores e trabalhadoras tão essenciais para a população, que necessita do SUS e de uma saúde pública de qualidade. “É imprescindível o fortalecimento da greve da saúde e da unidade com os trabalhadores da educação. Somente com a unidade da classe trabalhadora é possível arrancar conquistas não apenas econômicas, mas principalmente políticas, que fortaleçam a construção de um partido socialista dos trabalhadores.”, destaca Rosália.