LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

PST-Peru

O povo pobre e trabalhador se revolta em todo o país contra os máximos símbolos do poder econômico e político patronal concentrados no Congresso, o Governo Boluarte e suas principais instituições.

Se revolta massivamente e com fúria, desde os lugares mais pobres e historicamente esquecidos até as maiores cidades, com suas mulheres e filhos nas primeiras fileiras, e lutando com o que têm à mão: seus punhos, enfrentando a feroz repressão desatada contra eles e que já cobrou 7 vidas e centenas de feridos e detidos.

Os que se apossaram do poder com roupagem democrática, em nome de uma Constituição que as maiorias repudiam, com o apoio de um setor da “esquerda” no Parlamento e apresentando Boluarte como a “primeira presidenta do Peru”, inauguram sua gestão reprimindo o povo com excesso, o povo rebelado contra a ignonímia dos exploradores e seus representantes no Congresso.

A rebelião destes dias é a resposta ao que setores importantes da população identificam como a consumação do plano patronal de impedir, frear, sabotar e, finalmente, liquidar o governo eleito e em quem haviam depositado suas esperanças. Esperanças que Castillo renunciou a atender, em meio à constante hostilidade dos partidos do Congresso, e os meios de comunicação, sem recorrer jamais à luta do movimento operário e popular.

É uma vergonha que os setores que apoiaram Castillo e são responsáveis diretos pelo seu estrepitoso fracasso (Peru Livre, JP e seus seguidores da CGTP), se vejam forçados a realocar-se frente à rebelião em marcha, sem por isso renunciar às suas mesquinhas pretensões de poder.

Apesar das bençãos da “esquerda caviar” e dos falsos “democratas” e o apoio de setores de “esquerda” pendurados nas saias de Boluarte, o caráter reacionário de seu governo não deixa nenhuma dúvida: formou seu gabinete ministerial com reconhecidos membros da patronal, com apoio apenas do Congresso.

E o vemos na resposta repressiva que vem dando à explosão social desde a primeira hora, instigado por toda a concertação reacionária, causando numerosos feridos e baixas, junto com medidas como a declaração de Estado de Emergência e a intervenção das FFAA na repressão, com o único fim de sufocá-la e não atender suas demandas fundamentais.

Como máxima concessão, Boluarte, depois de jurar “até 2026” agora oferece – em acordo com seus sócios do Congresso corrupto – adiantar as eleições para abril de 2024. Ou seja, oferece consumar suas trapaças e, como prêmio, ficar no poder mais um ano e meio. O povo pobre e trabalhador se rebelou porque não os quer nem um minuto a mais. Reclamam com justiça que saiam todos: Boluarte e o Congresso, e que haja novas eleições que incluam a convocação de uma Assembleia Constituinte.

E não pararão nesta luta, embora custe mais sangue e dor. Nem as balas nem as concessões parciais, nem as mesas de diálogo, nem os hipócritas chamados para a paz dos nossos inimigos de classe, hoje revestidos com saias e abençoadas pela Igreja, vão estragar a luta popular que continuará se aprofundando e se estendendo até alcançar seus principais objetivos.

Entretanto, temos que dizê-lo com todas suas letras: ainda que alcancemos estas aspirações – que seriam uma vitória colossal -, serão limitadas porque deixarão novas oportunidades para que a burguesia retome o controle da situação. O fracasso do governo de Castillo mostrou que não é possível realizar as mudanças que precisamos através das instituições do Estado burguês – “conquistando o governo-, e conciliando ou dialogando com seus representantes. Precisamos conquistar o poder.

Isto significa não apenas derrotar o Congresso e Boluarte mas toda a institucionalidade na qual eles se apoiam, e construir sobre seus restos uma nova, baseada nas organizações operárias e populares. Significa lutar pela expropriação das grandes minas, bancos, indústrias e comércios nos quais a burguesia assenta seu poder e o imperialismo assenta seu domínio do país, porque não existe outra forma de atender finalmente as imensas urgências do campo e da população pobre e trabalhadora, e não existe outra forma de conquistar nossa verdadeira independência depois de 200 anos de república burguesa.

Em uma palavra, isto significa lutar por uma saída de fundo conquistando um Governo Operário e Popular.

Para isto, requeremos neste momento não baixar as bandeiras e não aceitar nenhuma “negociação” com o fraudulento governo de Boluarte. Precisamos fortalecer, estender e unificar a luta colocando em pé, em toda parte, os organismos independentes de luta em cada povoado, bairro, universidade e local de trabalho. Organismos onde a luta seja preparada e coordenada assim como a autodefesa.

Precisamos da entrada plena do conjunto da classe operária na luta, com suas próprias bandeiras e propostas de mudança, para a qual se requer também sua organização democrática e unitária desde de baixo, mediante assembleias, e a convocação de uma Paralisação Nacional, já.

E precisamos estabelecer a coordenação nacional da luta a nível nacional, constituindo uma verdadeira assembleia nacional dos povos que verdadeiramente centralize e unifique a luta.

Viva a rebelião operária e popular!

Nem um passo atrás, fora Boluarte e seu Congresso corrupto!

Por um Governo Operário e Popular!

Tradução: Lilian Enck