Foto arquivo pessoal
PSTU Floripa

 Gabriela Santetti e Mariah Madeira, do PSTU Florianópolis

Na noite de 28 de outubro, a população de Florianópolis (SC) foi surpreendida por uma grave denúncia contra o atual prefeito e candidato à reeleição, Gean Loureiro (DEM).

Gean é acusado de ter estuprado uma ex-servidora pública dentro da Secretaria de Turismo da Prefeitura, em 2017 e 2019.

Segundo relato da vítima, após tratamento psicológico, ela resolveu recorrer à polícia e registrar um boletim de ocorrência em outubro deste ano. Em virtude disso, muitas pessoas começaram a criticar a ex-servidora, e sugerir que ela estaria forjando uma acusação contra o prefeito, ou se “promovendo”, por concorrer à Câmara nessas eleições. Mesmo com todas as evidências apresentadas pela vítima.

Nós do PSTU repudiamos estas acusações contra a ex-servidora e qualquer julgamento de sua conduta para desacreditar a sua denúncia.  Lembramos que é típico da cultura do estupro em nossa sociedade julgar e punir a vítima da violência sexual, e não o agressor.

Enquanto o rosto, nome e sobrenome da vítima foram divulgados, as matérias sobre a denúncia ao prefeito Gean Loureiro foram todas tiradas da grande mídia.

Nós do PSTU exigimos com urgência a apuração, investigação e punição do prefeito Gean Loureiro, sem nenhum privilégio por sua posição de poder.

E para que isso seja feito com a imparcialidade necessária precisa ser garantido seu afastamento imediato, como ocorreria a qualquer servidor público alvo de tais denúncias gravíssimas.

O fato de se tratar de uma autoridade, com visibilidade e muito poder, só torna tudo ainda mais sério, colocando inclusive em mais risco a segurança de quem se enfrenta com ele. Por isso, é necessário também que se garanta segurança para a denunciante e para toda sua família.

A violência contra as mulheres cresce a cada dia. Florianópolis é a segunda capital com mais estupros do país, são mais de 500 mil casos por ano no Brasil e mais de 7 por dia em Florianópolis, isso nos dados oficiais, pois sabemos que a maioria dos casos não chega nem a ser denunciado. Não podemos minimizar em nada a gravidade dessa situação.

Para piorar, somos a cidade em que donos de rede de TV e empresários de beach clubs saem impunes mesmo com todas as evidências de seus crimes. Não podemos aceitar que seja assim, nem para eles e nem para o Prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro.

Chama ainda a atenção que, mesmo que a relação sexual tenha sido consensual, como alega Gean Loureiro, é passível de severa punição e digna de repúdio. Afinal, o prefeito é um servidor público que utilizou a sede pública e em horário de trabalho para a prática sexual com outra funcionária, subordinada a ele. Também aí vemos a normalização do machismo e do assédio sexual e de como funcionam os privilégios, pois um servidor público comum que admitisse tais atos teria uma demissão por justa causa em mãos, não tivesse o poder que tem.

Infelizmente, os casos de assédio sexual no ambiente de trabalho são comuns. Sabemos que boa parte dos casos de estupros, de abusos e assédios acontecem em casa, no trabalho, em festa com colegas, e nas universidades.

Não podemos mais aceitar que essa seja a regra em nossas cidades e em nosso país. Romper com a lógica do machismo significa enfrentar e acabar com essa normalização. Pois é ela quem torna possível que um homem tenha a pena amenizada quando mata sua mulher, e que garante mil e uma justificativas para a violência doméstica ou para o estupro.

É parte da cultura do estupro e da violência machista expressões como “ela mereceu”, “ela tinha bebido”, “ela estava à vontade”, “não parecia forçada”, “ele estava muito estressado e perdeu a cabeça”, “ela provocou com suas roupas curtas” e tantos outros etc.

Isso não é normal. Não aceitaremos caladas. Chega de machismo. Pelo fim da cultura do estupro!

– Afastamento imediato do prefeito Gean loureiro

– Investigação e punição severa

– Chega de impunidade para crimes de violência sexual, principalmente quando os acusados são ricos e poderosos

– Pelo fim da cultura do estupro

Gabriela Santetti 16

Mariah Madeira 16160