Lula e líderes militares durante a ocupação do Haiti
Redação

Diante das revelações de corrupção, com o roubo das joias, cresce a expectativa pela possibilidade de prisão de Bolsonaro. Também estão se desenrolando as investigações sobre a tentativa golpista no 8 de janeiro. Em todos esses episódios há o dedo das Forças Armadas (FFAA). 

Diante do envolvimento de militares de altas patentes na venda e recompra de joias que eram da União, para favorecer Bolsonaro, a confiança da população nesta instituição caiu. A ditadura militar proliferou a corrupção em várias obras e projetos econômicos. Agora, vemos novamente um esquema de corrupção, com participação do Exército, mas muito mais ridículo.  

A situação chegou a tal ponto que a cúpula das Forças Armadas começou a ficar preocupada e seu comandante deu uma ordem para defender o Exército. Com as revelações dos escândalos e do golpismo, esta seria a melhor hora para combater o bolsonarismo. 

Lula compactua com os militares

Mas Lula e o governo, ao invés de aproveitarem a oportunidade para punir a cúpula militar, vêm fazendo o contrário. Compactuam e fazem acordos, entregando tudo que a cúpula exige. Lula não se mexe nesse sentido e não enfrenta o bolsonarismo e os militares. 

Na verdade, cedeu aos militares na escolha de José Múcio, para o Ministério da Defesa; colocou no PAC mais de R$ 50 bilhões para os militares; e sinaliza que não quer buscar os responsáveis pelos crimes do dia 8 de janeiro na cúpula militar. Não há nada sobre a desbolsonarização das FFAA, mexendo na formação das academias. Também nada é feito para rever o Artigo 142 da Constituição. 

Deixar o enfrentamento à corrupção e ao golpismo nas mãos de CPI, do Supremo Tribunal Federal (STF) ou de qualquer instituição deste regime, é pedir para ser enganado. A justiça, o Congresso e todas as instituições também são corruptas e servem para defender os interesses dos capitalistas. Por isso, ao mesmo tempo que estão investigando a ala mais baixa desses crimes, deixam passar o papel do grande empresariado ou da cúpula militar.

Privatizações: o roubo legalizado

Mas há, também, a corrupção e o roubo legalizados. Estamos falando da escandalosa privatização da Eletrobrás, que está sob controle do mesmo grupo de capitalistas que roubou e afundou as Americanas. E já teve um apagão! Todo o setor elétrico brasileiro já está privatizado e dominado por multinacionais. Enquanto o povo paga contas caras, eles ficam mais ricos. Esta é a entrega de uma riqueza nacional, que deveria servir ao povo, indo para o bolso dos ricos. 

Segue ainda em aprovação o Arcabouço Fiscal, que retira dinheiro das áreas sociais. Junto com a Reforma Tributária, que simplifica e diminui os tributos para as empresas, enquanto mantém o povo pagando a conta dos impostos. 

Assim como também começa a jorrar dinheiro público para as empresas privadas lucrarem através de Parcerias Público-Privadas, que beneficiarão os bilionários e não trarão mudança alguma, ou de fundo, para o país. Na verdade, manterão o país na decadência da reprimarização da economia e na dependência das multinacionais e do imperialismo.

Para combater a ultradireita e a rapina capitalista, é preciso se enfrentar com o governo petista

O governo não pode levar o combate à ultradireita até o fim. Na prática, vem se colocando na proteção dos militares. O que aponta que teríamos que nos enfrentar com o próprio governo do PT para que os militares bolsonaristas e os corruptos sejam combatidos.  O responsável pela decadência do país e pela proliferação da ultradireita bolsonarista é esse sistema capitalista, que o PT administra e defende.

Também não há como confiar no governo para enfrentarmos o roubo permanente dos trabalhadores através das privatizações, dos juros altos, do domínio das multinacionais e das mutretas que enriquecem os bilionários. Justamente porque é o governo do PT que segue garantindo os interesses da burguesia e o roubo legalizado do capitalismo. 

É a perpetuação do capitalismo, que a cada dia ganha contornos mais decadentes e picareta, que, inclusive, torna a corrupção tão desenfreada. 

Ao contrário do que é pregado por setores da esquerda, apoiar o governo não ajuda no combate à ultradireita e nem na luta pelas reivindicações dos trabalhadores contra as maracutaias dos capitalistas.

Só há um caminho: o da independência de classe e das lutas

Está provado que mesmo para lutar por questões mínimas e democráticas, como a punição da corrupção, contra o bolsonarismo e o golpismo, e por direitos dos trabalhadores, é preciso que os trabalhadores se mantenham independente dos setores burgueses e se engajem na luta contra o governo, o judiciário e a ultradireita.

Defendendo uma pauta que passe pela prisão dos militares e bolsonaristas corruptos, assim como dos golpistas, e acabando com todo resquício de autoritarismo, como o Artigo 142. Junto com isso, é preciso estatizar as empresas corruptoras e reverter as privatizações, para acabar com o roubo legalizado promovido pelos capitalistas. Como também, suspender o pagamento da dívida pública e acabar com o Arcabouço Fiscal, para garantir os recursos necessários para as áreas sócias e os trabalhadores. O Congresso da CSP-Conlutas vai reunir lutadores de todo o país a partir do dia 7 de setembro e aprovar um plano de lutas contra todos esses ataques. 

É preciso construir uma alternativa independente dos trabalhadores. Isso pressupõe a construção e o fortalecimento de uma oposição de esquerda e de uma alternativa revolucionária e socialista, que se apresente para organizar as lutas da classe trabalhadora, da juventude e dos setores oprimidos.

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