Redação

Os mil dias de governo Bolsonaro deixam um legado de barbárie e destruição: mortes, desemprego, fome, rapina do país, devastação do meio ambiente e superexploração da classe trabalhadora.

O governo acelerou o já longo processo de decadência, desindustrialização e reversão colonial. O Brasil já caiu de 9º para 14º lugar na indústria mundial, afastando-se cada vez mais dos setores de tecnologia de ponta e se especializando na exportação de commodities agrícolas ou na indústria extrativista de baixo valor agregado.

Com Bolsonaro, 61 milhões vivem abaixo da linha de pobreza, com menos de R$ 469 por mês, e 19,3 milhões na pobreza extrema. A maior parte dos trabalhadores, na cidade e no campo, não conta com um emprego, mas tão somente bicos ou estão simplesmente sem trabalho algum. A carestia se aprofunda: luz, gás, alimentos. Centenas de milhares de pequenos empresários estão falindo.

Um punhado de superricos, por outro lado, estão ainda mais ricos. Apenas 1% dos mais de 200 milhões de brasileiros, algo entre 2 e 3 mil pessoas, e pouco mais de 300 grandes empresas, acumulam uma montanha de capital e lucros, enquanto promovem um verdadeiro saque no país, a maior devastação ambiental da história, superexploração, desemprego e arrocho.

Esse governo imerso em denúncias de corrupção ainda avança em suas ameaças golpistas, estimula milicianos e arma marginais de ultradireita. Mas também passa a boiada contra a classe trabalhadora e, para isso, conta com o apoio da maioria da burguesia, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto grileiros, jagunços e madeireiros tocam fogo na floresta e o terror no campo, o STF senta em cima da votação sobre o Marco Temporal, esperando que esse Congresso vendido vote contra os povos originários. O mesmo Congresso que aprovou a reforma trabalhista e senta em cima do processo dos mais de 100 pedidos de impeachment.

Independência de classe pelo Fora Bolsonaro e um projeto dos trabalhadores

Precisamos derrubar Bolsonaro e seu governo já. Mas ele não vai sair se não formos às ruas. Somos muito mais do que os que foram às ruas no 7 de Setembro apoiar esse governo genocida. Para isso, precisamos de toda a unidade possível. Mas não nos enganemos, o setor da burguesia que está hoje na oposição aprova toda a sua política econômica entreguista e que joga o custo da crise nas nossas costas, e não quer realmente tirá-lo antes de 2022.

Também os que defendem uma frente ampla eleitoral (o PT e a direção majoritária do PSOL), priorizam as eleições e chamam os trabalhadores a confiarem neste Congresso e no STF, ao invés de chamarem a organização e a mobilização independente da classe e a preparação de uma Greve Geral. Os trabalhadores precisam fazer unidade de ação com quem for para derrubar Bolsonaro, mas precisam se organizar de forma independente para garantir não só a derrubada deste governo, mas a continuidade da luta. Por isso, não deve confiar no Congresso, ou no STF, mas em suas próprias forças, inclusive para garantir sua autodefesa.

Para acabar com a fome, o desemprego e a desigualdade social é preciso enfrentar os interesses dos superricos. É preciso revogar as reformas da Previdência e trabalhista, reduzir a jornada de trabalho para 30h semanais, sem diminuir os salários. Acabar ainda com o trabalho precário, investindo num plano de obras públicas necessárias e ecológicas que garanta empregos e ajude no enfrentamento de problemas como a moradia, saúde, educação, etc.

É necessário ainda garantir a regularização das terras indígenas e quilombolas, enterrar de vez o Marco Temporal, lutar pela reparação da população negra e enfrentar a violência machista e LGBTIfóbica. Nada disso, contudo, será assegurado por uma frente ampla com a burguesia, pelo simples fato de que, para isso, é necessário enfrentá-los. Impor medidas como suspender o pagamento da dívida aos banqueiros e taxar em 50% as grandes fortunas e dividendos das 300 maiores empresas.

Um exemplo de como essa política entreguista enriquece bilionários às custas de nossas vidas. A Vale, privatizada a preço de banana, depois de toda a tragédia humana e ambiental de Mariana e Brumadinho, distribuiu de dividendos para meia dúzia de bilionários acionistas e especuladores estrangeiros da ordem de R$ 42 bilhões. Grana sobre o qual nem pagam impostos. Isso equivale a um auxílio-emergencial de R$ 600 para 70 milhões de pessoas. Já a Prevent Senior que usa pessoas como cobaias, faturou R$ 4,3 bi no pior momento da pandemia, o que equivale ao auxílio de R$ 600 para 7 milhões. Luiza Trajano, dona da Magalu e que apareceu há pouco na Forbes, também lucrou muito na pandemia, e recebe elogios de Lula enquanto defende a reforma trabalhista e está de olho na venda dos Correios.

Por isso tudo, a classe trabalhadora não pode estar a reboque de seus algozes. Precisa se organizar, lutar e ter um projeto independente da burguesia. Um projeto socialista. Vários ativistas estão se reunindo para discutir a conformação de um polo socialista e revolucionário, tanto para as lutas quanto para as eleições, a fim de apresentar e defender este projeto. Saiba como fazer parte deste movimento na página 16.