Redação
Todos os dias Bolsonaro diz que não vai aceitar uma derrota nas eleições presidenciais. Ameaça com golpe e convoca sua base reacionária para sair às ruas no dia 7 de setembro. Bolsonaro tem parte do comando das Forças Armadas ao seu lado e vem armando sua militância radical. Pode tentar um autogolpe, embora seja muito improvável que uma dessas aventuras possa se consolidar.
Seu objetivo é tentar copiar Trump e armar uma tremenda e violenta confusão para garantir uma certa coesão dentre seus grupos mais fanáticos, a fim de continuar mobilizando e seguir existindo como uma força política. Por isso, Bolsonaro faz ameaças diárias de golpe e insufla sua militância de extrema direita para atacar adversários. E, face a esse perigo, não dá pra fechar os olhos.
O Brasil vive sua pior crise social e há um profundo retrocesso nas condições de vida da classe trabalhadora. A inflação, a fome, o desemprego e o trabalho precário são uma realidade para milhões. O projeto de Bolsonaro é arrancar, ainda mais, o couro dos trabalhadores e trabalhadoras, aprofundando a superexploração e a barbárie social. Por isso, defende uma ditadura para que os trabalhadores não possam reclamar, acabando com as liberdades democráticas, ou seja, com o direito de protestar, de fazer greves e de nos organizarmos.
Nesse momento, entretanto, Bolsonaro e a ultra direita não reúnem condições para impor uma ditadura, embora trabalhe pra isso cotidianamente. Uma parte importante da burguesia avalia que isso poderia ser uma aventura perigosa, que resultaria em mais instabilidade nos seus negócios, afetando seus lucros. O imperialismo norte-americano, na figura do governo Biden, também não compartilha desse projeto. Por isso, Bolsonaro implementa medidas eleitoreiras, tal como os R$ 200,00 do Auxílio Brasil até o final do ano. Mas, em caso de derrota nas urnas, o genocida já falou que não vai aceitar o resultado.
Projeto
Conciliação de classes não vai derrotar a ultradireita
Os trabalhadores têm muito a perder com os ataques às liberdades democráticas e, por isso, devem estar à frente dessa luta. A classe trabalhadora precisa chamar a mais ampla unidade de ação, para ir às ruas, com todos os que estejam contra um golpe e as ameaças às liberdades democráticas. Mas, com cara própria e independência política, não referendando as “Cartas” que defendem essa democracia dos ricos e esse sistema de exploração dos trabalhadores.
Ficar a reboque de um projeto de unidade nacional com a burguesia, os banqueiros e o imperialismo, ou apoiar as alianças de classes materializadas na chapa Lula-Alckmin, não será capaz de derrotar Bolsonaro e suas ameaças. O motivo para isso é que, sob a conciliação, nada vai mudar, pois a realidade social que permitiu o surgimento do bolsonarismo continuará.
A ultra direita veio para ficar e, enquanto existirem as condições sociais e econômicas que alimentam o bolsonarismo, permanecerá esperando o momento certo para atacar. Mais ainda: o projeto de conciliação de classes, sintetizado num eventual governo Lula-Alckmin, pode levar à desmoralização e ao fortalecimento da aultra direita, vide a recente experiência de vários governos reformistas na América Latina, como Gustavo Boric (Chile) e Pedro Castillo (Peru).
É preciso levar a defesa das liberdades democráticas e o combate às ameaças golpistas às assembleias dos trabalhadores e incorporá-las nas campanhas salariais. É preciso mobilizar para os atos e avançar na construção da autodefesa das organizações populares e dos trabalhadores e trabalhadoras; assim como na organização de uma greve geral, caso Bolsonaro não acate o resultado das eleições e tente um golpe. Estivemos nos atos do último dia 11 de agosto e vamos estar nas ruas em 10 de setembro.
A classe trabalhadora precisa lutar de forma independente contra as ameaças golpistas, mas com um projeto socialista. Esse é o caminho para, efetivamente, derrotar Bolsonaro e o fantasma do golpismo. A candidatura de Vera e Raquel Tremembé é um ponto de apoio para fortalecer e impulsionar esse projeto, a única via para jogar a ultra direita na lata do lixo da História.
‘Queremos o direito de acabar com a exploração capitalista’
Os atos do dia 11 de agosto foram importantes e aconteceram em diversas cidades, sendo os maiores em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Milhares foram às ruas e mostraram disposição para lutar contra as ameaças golpistas. A “Carta pela Democracia”, organizada por professores da USP, teve grande repercussão em um dos atos, na Faculdade de Direito, que também reuniu representantes da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
A “Carta” defende o “Estado Democrático de Direito”, que inclui a manutenção da propriedade capitalista, o sistema de exploração e opressão e se coloca em defesa do capitalismo.
Nós temos outra opinião. “Frente às ameaças golpistas do genocida Bolsonaro defendemos as liberdades democráticas e o direto das eleições que conquistamos à custa de muito sangue e luta, mas, assim como em 1977 [na ditadura], os trabalhadores e a juventude precisam e querem mais que o ‘Estado Democrático de Direito’. Queremos o direito de acabar com a exploração capitalista, de eliminar a propriedade privada, de impedir que a barbárie se aprofunde e, para nós, isso se faz golpeando juntos contra as ameaças golpistas, mas caminhando separados na construção de uma alternativa socialista e revolucionária para o país”, explicou Luiz Carlo Prates, o Mancha, candidato do PSTU ao senado, em São Paulo.