Publicado originalmente no site da LIT-QI

Eduardo Almeida

Existe um grande debate entre os ativistas em todo o mundo sobre que posição tomar sobre a guerra da Ucrania. Nesse debate, existe um peso importante da campanha feita pelos partidos comunistas, em sua maioria apoiando a invasão russa. Além desses partidos, existe uma série de organizações não stalinistas, mas que reproduzem os mesmos argumentos. Trata-se de uma discussão de enorme importância na atualidade, que envolve muitos e complexos elementos.  Por isso, nos parece necessário levar a discussão a seus aspectos centrais.

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Especial Guerra na Ucrânia

O aparato stalinista internacional e o castro-chavismo seguem sendo fortes

O aparato stalinista mundial saiu em crise e enfraquecido depois da restauração do capitalismo nos antigos Estados operários. Mas os PC’s seguem tendo uma força importante, inclusive com peso de massas em muitos países do mundo.

A importância do aparato stalinista atual não é só pela importância dos PC’s. Existe o castro-chavismo, que é um movimento mais amplo, reunindo governos, partidos e movimentos ligados ao stalinismo, como os governos venezuelano, nicaraguense e outros. Além disso, existe o peso da ideologia de conciliação de classes que é amplamente defendida também pelos outros partidos reformistas, com os quais os PC’s se unem. As ideologias disseminadas pelos PC’s repercutem em muitas organizações reformistas e centristas no mundo.

O outro fator tem a ver com a mudança na ordem imperialista. O aparato stalinista mundial defende a aliança China-Rússia como “progressiva”. Como veremos, seguem sendo aliados já não mais de ditaduras stalinistas de Estados operários, mas de ditaduras burguesas.

Alguns dos PC’s seguem dizendo que a China é “socialista”, outros reconhecem que já é capitalista, mas que é progressiva perante o imperialismo norte-americano. Muitos dos PC’s reconhecem a Rússia como capitalista, mas dizem também que Putin é progressivo perante o imperialismo.

Com a teoria stalinista dos “campos progressivos”, os stalinistas ignoram as classes sociais para justificar a repressão de ditaduras burguesas como a síria, venezuelana, nicaraguense como “progressivas”. E seguem dizendo que Cuba é um país socialista, defendendo a repressão contra a mobilização popular do 11J.

O eixo em formação entre China-Rússia e a crise da ordem imperialista mundial

A guerra na Ucrânia é uma expressão da crise na ordem imperialista mundial e, por sua vez, aprofunda muito essa crise.

A avaliação dessa crise da ordem mundial excede o objetivo desse artigo. Vamos nos concentrar em um de seus  elementos centrais, que é a aliança em formação entre Rússia-China.

Tanto a China como a Rússia atuais têm origem em Estados operários burocráticos, nos quais a própria burocracia dirigente dirigiu a restauração do capitalismo. No entanto, esses Estados tiveram percursos diferentes em sua localização na divisão mundial de trabalho capitalista.

A China se incorporou na economia mundial como uma espécie de “fábrica do mundo”, com grandes investimentos imperialistas.  As multinacionais se aproveitaram da ditadura do PC, para impor salários miseráveis aos operários chineses e produzir a preços baixos. Essa foi a tônica da década de 80 e 90 do século passado. No entanto, o crescimento da nova burguesia chinesa a levou a começar a disputar a hegemonia no mercado internacional com o imperialismo norte-americano, em uma relocalização de seu papel na divisão mundial de trabalho.

Independente da discussão sobre se a China é ou não imperialista, ela é hoje a segunda maior economia do mundo. Essa é a realidade atual, que se expressa na “guerra comercial EUA x China”, que seria impensável nas décadas de 80-90 passadas.

A Rússia, depois da restauração, seguiu um caminho oposto, de enorme destruição das forças produtivas, perdendo grande parte de seu grande parque industrial. Localizou-se em uma posição subalterna na economia mundial, essencialmente como produtora de gás e petróleo. Trata-se de uma economia decadente, dependente do capital financeiro imperialista e das exportações de petróleo e gás para a Europa.

No entanto, a Rússia herdou do antigo Estado operário seu poderio nuclear, o manteve e atualizou. Segue sendo a segunda potência nuclear do planeta.

Existe uma aliança em formação entre China e Rússia, que inclui  a segunda economia mundial e a decadente economia russa, mas que possui o segundo arsenal nuclear mundial. Isso tende a ter uma importância muito grande na crise da ordem imperialista mundial.

Um mês antes da invasão à Ucrânia, Putin visitou a China na abertura dos Jogos de Inverno, e assinou uma declaração conjunta com  Xi Jinping, definindo um “acordo sem limites” de cooperação econômica, política e militar, em que se questiona também a OTAN. A China já é a principal parceira comercial da Rússia. Putin esperou o fim dos Jogos de Inverno, a pedido da China, e dois dias depois invadiu a Ucrânia.

A China cuida das aparências, não aparece explicitamente defendendo a Rússia, porque precisa manter seus negócios em todo o mundo, e “apoia a paz”.  Mas não condena a invasão e, em essência, até agora aparentemente respalda a ação de Putin.

O imperialismo norte-americano mantém indubitavelmente sua hegemonia econômica e militar. Mas vem apresentando uma decadência econômica, e cada vez mais dificuldades para cumprir o papel de polícia do mundo. Ainda segue hegemônico, mas com cada vez mais dificuldades para sustentar seu controle do mundo, como foi demonstrado recentemente na derrota e retirada do Afeganistão.

A ordem imperialista já vinha sendo questionada pela onda descendente econômica iniciada com as recessões de 2007-09 e 2020. Isso levou a crises interburguesas e interimperialistas, e deu base material para os levantes de massas que ocorreram.

Mas é inegável que uma disputa entre dois polos – EUA x China- Rússia- seria um forte elemento de desequilíbrio e crise na ordem mundial.

E isso exige caracterizar o significado desses dois polos. O polo contrarrevolucionário imperialista hegemônico dispensa apresentações. Trata-se do imperialismo dominante, inimigo maior dos trabalhadores de todo o mundo.

No entanto, o outro polo, capitaneado pela China e Rússia também tem um conteúdo categoricamente contrarrevolucionário.

Antes, quando ainda eram Estados operários burocratizados, já eram polos contrarrevolucionários, responsáveis por inúmeras derrotas revolucionárias e pela “coexistência pacífica” com o imperialismo. Mas hoje se trata de um papel qualitativamente mais contrarrevolucionário. São Estados burgueses, onde imperam ditaduras.

Não existe nenhum tipo de apoio dessas ditaduras burguesas aos processos revolucionários que existem no mundo. Ao contrário, sustentam outras ditaduras burguesas contrarrevolucionárias no mundo, como Myanmar, Sudão, Síria, Venezuela, Nicarágua e outras. Defenderam a repressão violenta dessas ditaduras contra seus próprios povos.

A China e a Russia, como Estados burgueses, defendem interesses econômicos de suas burguesias dirigentes. Não tem nenhum papel progressivo, e menos ainda, antiimperialistas.

Os conflitos entre os dois polos contrarrevolucionários (EUA x China-Rússia) têm e terão expressões distintas, como disputas econômicas como a “guerra comercial” EUA x China, guerras regionais como a invasão russa da Ucrânia, e outras , de qualidades e dimensões diferentes.

Cada um desses conflitos exigirá uma análise concreta da realidade concreta, para definir a exata posição dos socialistas revolucionários. Mas essa análise concreta deve partir dessa avaliação geral marxista de dois polos contrarrevolucionários e suas consequências na crise da ordem imperialista mundial.

A pressão do imperialismo sobre a Ucrânia

Existem no conflito ucraniano as ações desses dois polos contrarrevolucionários.

O imperialismo age diretamente na região. Em primeiro lugar, pela submissão do governo de Kiev à União Européia, em um processo de recolonização do país.

A OTAN, a aliança militar imperialista, avançou para os países do Leste Europeu depois da restauração do capitalismo na região, integrando a República Checa, Eslováquia, Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Estônia, Lituania, Letônia , Eslovênia, Croácia, Montenegro, Albânia.

Putin alega que o conflito atual se armou ao redor da possibilidade da integração da Ucrânia a OTAN.

A opressão russa sobre a Ucrânia

Por outro lado, está o polo contrarrevolucionário russo. Existe uma opressão secular da Rússia sobre a Ucrânia, desde os tempos do tzarismo.

O único momento em que isso foi rompido foi com a revolução russa e a formação da URSS, em que a Ucrânia aderiu por sua própia vontade. Essa foi uma demonstração que só a revolução socialista pode resolver de verdade os problemas das opressões nacionais. Assegurou-se a todas as nacionalidades oprimidas pela Rússia tzarista a possibilidade  de uma união livre, o que permitiria unir as forças produtivas de forma mais ampla que em um pequeno país. Mas com todos os direitos nacionais garantidos, inclusive o de se separar quando quisesse da URSS. Esse exemplo histórico tem uma enorme importância. Só ganhando a consciência do povo ucraniano, como fizeram os bolcheviques, se pode começar a superar a opressão nacional.

A contrarrevolução stalinista acabou com esse processo, esmagou novamente todas as nacionalidades, e gerou um enorme repúdio na consciência do povo ucraniano contra a opressão russa.

Isso tornou a URSS uma brutal prisão dos povos. Quando ocorreram as revoluções que derrubaram as ditaduras stalinistas, acabou também a URSS, o que foi extremamente progressivo.

No entanto, pela crise de direção revolucionária, foram setores da própria burocracia que dirigiram essas revoluções. Essas direções avançaram no processo de restauração capitalista que já tinha se iniciado.

Na Rússia, esse processo levou Yeltsin e depois Putin ao poder. Putin, ex-chefe da KGB, expressão da nova burguesia russa que se apossou das grandes empresas antes estatais.

Na Ucrânia, a queda da ditadura stalinista também foi capitalizada por um setor da burocracia com Leonid Kravchuk  à frente, comandante da restauração capitalista.

Depois de uma série de governos e grandes crises políticas, em 2014 uma revolução democrática derrubou o governo de Victor Yanukovich.

Esse governo era um agente da recolonização européia, mas ligado diretamente a Putin. As massas, brutalmente atacadas pelos planos econômicos do governo, derrubaram Yanukovich.

Esse episódio passou para a história como Maidán , referindo-se à principal praça de Kiev, capital ucraniana, onde as mobilizações estavam centradas.

Essa revolução democrática derrubou o governo Yanukovich , títere de Moscou. A ausência de direções revolucionárias, no entanto, possibilitou que a direção desse processo ultra-progressivo fosse tomada por direções burguesas, que substituíram a dependência de Moscou pela submissão à União Européia.

Agora Putin quer, com a invasão, retomar o controle da Ucrânia, perdido com a revolução de 2014.

A realidade concreta da invasão russa

Existem, então, em ação, os dois polos contrarrevolucionários na guerra da Ucrânia. Mas qual é a realidade concreta, e como esses polos operam?

Não se trata de uma invasão militar da OTAN contra o território russo. Nesse caso, nos posicionaríamos, sem nenhuma duvida, em defesa da Rússia, tanto por ser uma economia dependente do imperialismo, como por ter sido invadida.

O que existe na realidade, é uma invasão militar da Rússia sobre a Ucrânia, para recompor sua opressão direta. Essa é a realidade concreta hoje. Uma invasão brutal da segunda potência militar do mundo contra um país que não tem nenhuma condição militar de enfrentar a Rússia, e se apoia no heroísmo de seu povo.

Putin, em um discurso televisionado na véspéra da invasão, disse:

A Ucrânia moderna foi criada inteiramente pela Rússia, mais precisamente pelos bolcheviques, a Rússia comunista”. “Esse processo começou imediatamente após a revolução de 1917, e, ademais, Lênin e seus associados o fizeram da maneira mais desordenada em relação à Rússia: dividindo, arrancando da Rússia pedaços de seu próprio território histórico

Ou seja, Putin faz a invasão atacando diretamente o legado bolchevique que gerou históricamente a URSS. Não por acaso, questiona diretamente a Lênin. Putin questiona diretamente o direito da Ucrânia à sua existencia como nação, dizendo que o país pertence à Rússia.

Isso tem enorme importância. O aparato stalinista sempre buscou camuflar suas posições com citações deturpadas de Lênin. Agora, tem de defender essa ação de Putin que, explicitamente foi feita rompendo com legado de Lênin.

A metodologia stalinista em ação

Uma parte do aparato stalinista mundial e do castro-chavismo apoia diretamente a invasão russa. Outra parte evita se chocar com o repúdio das massas à invasão, dizendo que é contra a guerra, mas “a culpa é da OTAN”, e se recusa a apoiar a luta ucraniana.

Existem também as crises. O PC grego e o turco, por exemplo, foram contra a invasão.

Mas a maioria dos PC’s no mundo justificam e apoiam Putin ou a desculpam de alguma forma. O PC russo (que tem representação no parlamento), PC chinês, PC cubano, assim como o PCdoB e o PC no Brasil, e muitos outros, têm essa posição.

Para isso, esses partidos ignoram a realidade concreta, justificando a invasão pela “ameaça da OTAN”, para “defender a Rússia progressiva contra o imperialismo”.

Para justificar essa ideologia, o aparato stalinista repete a metodologia de sempre, com o tradicional determinismo mecânico aliado a simples falsificações.

O determinismo mecânico, bem típido da ideologia stalinista, se expressa nessa lógica formal: devemos estar sempre em defesa do polo “progressivo” contra o imperialismo, e por isso apoiamos a Rússia.

Assim, se ignora a obrigação do materialismo dialético de aliar a teoria com o estudo da realidade concreta. Primeiro, se ignora a teoria marxista, substituindo sua base que é a luta de classes pela dos  “campos progressivos”. O aparato stalinista considera a Rússia como progressiva, deixando de lado o caráter de classe da nova burguesia russa, e desconsiderando que é parte de um polo contrarrevolucionário mundial. E  ignora a realidade concreta: a invasão russa sobre a Ucrânia.

Além dessa metodologia, o stalinismo usa também suas tradicionais falsificações. As mais evidentes são as de encobrir a invasão militar da Rússia como uma “ação anti-imperialista”, e a do “combate ao nazismo da Ucrânia”. Vejamos essas falsificações, uma a uma.

Putin é anti-imperialista?

O principal “argumento” do stalinismo e seus apoiadores é que a ação de Putin seria uma defesa contra o imperialismo. Portanto seria uma ação anti-imperialista.

A primeira contestação a essa ideologia é o critério da verdade. O que existe na realidade é a invasão brutal  militar da Ucrânia pela Rússia.  As cidades cercadas, destruídas são as ucranianas, os mortos civis são ucranianos.

A segunda refutação é o histórico de Putin. Ele, como continuidade de Yeltsin, foi o agente da penetração do imperialismo na Rússia, da destruição do parque industrial russo e a recolonização do país pelas empresas multinacionais. Ou seja, sempre foi um aliado do imperialismo. Um aliado que tem atritos com o imperialismo, mas um aliado.

Além disso, na arena internacional, quando foi que Putin ajudou algum processo revolucionário anti-imperialista? Nunca.

É, até agora, um dos sustentáculos militares do genocídio contra o povo sírio realizado por Bashar al Assad.

Putin age para manter a opressão sobre as repúblicas ex-soviéticas de Belarus, apoiando a ditadura de Lukashenko, e ajudando com tropas a afogar em sangue a rebelião no Casaquistão.

Em terceiro lugar, é preciso responder a pergunta. A invasão da Ucrânia não é uma manobra militar defensiva para evitar a penetração da OTAN nesse país? Não, não é assim.

Como todos sabem, a luta militar é uma extensão da luta política. A primeira maneira de lutar contra a OTAN na Ucrânia é ganhar o povo ucraniano contra a Otan. E isso exige uma política de respeito à nacionalidade ucraniana e uma política anti-imperialista. Putin não tem nenhum dos dois. Nem ganha a confiança dos ucranianos de que vai respeitá-los, nem busca dirigi-los contra o imperialismo europeu. E agora, com a invasão,  ganhou definitivamente o ódio dos ucranianos, abrindo um campo político para a OTAN. Pode ganhar a batalha militar, mas perde a batalha política pela consciência dos ucranianos.

Putin, não por acaso, anunciou a invasão questionando abertamente a Lênin e a política dos bolcheviques, de ganhar a consciência dos ucranianos para ir superando a opressão nacional. Quem ganha politicamente? A OTAN, que vai ficar na consciência do povo ucraniano como uma alternativa à opressão russa.

Em quarto lugar é possível já agora medir o resultado político internacional da invasão da Ucrânia. Independente do resultado concreto da invasão, os governos imperialistas no mundo se forteleceram politicamente junto às massas, aparecendo como “defensores da paz”. Biden, que vinha sendo cada vez mais questionado nos EUA, voltou a se fortalecer. Os governos imperialistas europeus também ganharam apoio entre as massas. A Alemanha, que desde a Segunda Guerra Mundial, tinha limitações estritas em seu rearmamento, decidiu triplicar seu orçamento militar contando com apoio de massas.

Em termos econômicos, a Rússia está sofrendo com sanções comerciais, financeiras e diplomáticas que a enfraquecem muito em termos internacionais.

A verdade, que os stalinistas querem ocultar, é que Putin não invadiu a Ucrânia para se defender da OTAN. Invadiu para retomar a opressão russa sobre esse país, perdida com a revolução da Maidan. E o resultado dessa ação de Putin é o fortalecimento político do imperialismo e da OTAN.

Se a Rússia ganhar a guerra na Ucrânia, isso não será uma vitória da revolução. O movimento de massas não se fortalecerá, e sim um dos polos da contrarrevolução no mundo.

Mas, ainda que tenha uma vitória militar, Putin está se fragilizando politicamente. Ele deu ao imperialismo armas para enfraquecer politica e militarmente a Rússia. Terá de bancar uma ocupação militar, com enormes custos econômicos, políticos e militares. Tudo isso era previsível, e desmente categoricamente a farsa do stalinismo, de uma ação “anti-imperialista”.

Putin é um democrata contra o fascismo?

A outra grande farsa de Putin e do aparato stalinista é que essa seria uma guerra “contra o fascismo”. A Ucrânia teria um governo fascista, e seria preciso derrotá-lo. Assim, Putin seria o agente de uma luta democrática contra o fascismo.

É verdade que existem grupos fascistas na Ucrânia. O batalhão Azov, por exemplo, é uma organização claramente fascista. Da mesma forma, existem grupos fascistas na Rússia que apoiam Putin. Na região de  Donetsk e Lugansk, grupos paramilitares fascistas apoiam a invasão russa. Existem grupos fascistas dos dois lados.

Putin teve o apoio de uma boa parte da ultradireita mundial no início da invasão. Trump e seu estrategista Steve Bannon, Orban na Hungria, Le Pen na França e Bolsonaro apoiaram Putin, até que a esmagadora onda de apoio à Ucrânia os obrigou a mudar de posição.

A vitória da revolução de Maidan conquistou mais liberdades democráticas nesse país do que as existentes na Rússia de Putin. Não temos nenhum acordo com o governo Zelensky, nem com o estado ucraniano. Trata-se de um Estado burguês, e uma democracia com muitos elementos autoritários. Mas, é um fato inegável que existem eleições regulares na Ucrânia, o que não ocorre na Rússia.

Putin governa a Rússia de maneira ditatorial há 23 anos, e mudou a Constituição para poder seguir no governo até 2036. Ele não permite a existência de nenhuma oposição. Um lider oposicionista, Alexei Navalny , foi envenenado, conseguiu se salvar, mas agora está na prisão. Já foram presos mais de sete mil pessoas por protestar contra a guerra. Putin ajuda a sustentar a repressão violenta das ditaduras da Bielorussia e Cazaquistão.

Só mesmo a farsa stalinista pode sustentar a fábula de Putin como um defensor da democracia.

De que lado estar na guerra?

Já vimos onde estão os dois polos contrarrevolucionários. Como se localizar então na guerra ucraniana? Nas trincheiras do povo ucraniano, na luta contra a invasão russa.

Defendendo todo apoio em armas e alimentos para a resistência ucraniana. Sem nenhuma confiança no governo  Zelensky, um governo burguês pró-imperialista. Sem aceitar nenhuma ação da OTAN na guerra. Não queremos trocar a opressão russa por outra, da UE e da OTAN.

Uma vitória da resistência ucraniana enfraqueceria um dos polos da contrarrevolução mundial, no caso, os invasores.

Mais do que isso, seria uma vitória de um povo que pegou em armas. Esse exemplo teria um profundo significado para a consciência das massas em todo o mundo, de que é possível, com a luta armada de um povo, derrotar um exército poderoso.

Para nós, a Ucrânia não terá futuro sem uma revolução socialista. Mais ainda, será necessário estender a revolução socialista a outros países, para poder avançar a uma nova federação livre socialista dos países europeus, alternativa à União Europeia imperialista. A vitória de um povo com armas na mão seria um bom início.

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