Vera, pré-candidata a presidente pelo PSTU
Há 53 anos no Brasil os militares promoviam o golpe que derrubou o então presidente João Goulart. Hoje todos sabem que o golpe foi orquestrado pelo embaixador dos Estados Unidos, por empresários e políticos do Congresso Nacional.
Hoje é importante desmascarar a falsa imagem que alguns tentam passar da ditadura militar, como se esta tivesse sido um regime de defesa da pátria, incorruptível, de paz, ordem e tranquilidade. O regime instaurado pelo golpe de 1964 se caracterizou desde o começo por uma repressão generalizada. Lideranças sindicais, camponesas e estudantis foram presas, torturadas e assassinadas. Cerca de 10 mil brasileiros foram forçados a deixar o país, e tiveram que viver no exílio em algum momento.
Nos anos anteriores a 1964, cresciam no Brasil a organização e a luta dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho. Os camponeses lutavam pela reforma agrária, e os estudantes reivindicavam mais verbas para a educação. Haviam também muitos militares, como os marinheiros, que lutavam por direitos democráticos dentro das Forças Armadas. O golpe patrocinado pelos Estados Unidos visava acabar com todas essas mobilizações.
Uma das principais justificativas para o golpe de 1964 era o de acabar com a corrupção. Mas a ditadura que teve por objetivo garantir os lucros dos grandes grupos capitalistas, promoveu um dos períodos mais corruptos da nossa história. Daquele período surgiram gente como Maluf, Collor, Antônio Carlos Magalhães, Delfim Netto e muitos outros que se tornaram corruptos notórios. Foi a época da farra das empreiteiras, já que a ditadura promovia obras faraônicas para todo lado que se tornaram fonte inesgotável de propinas e superfaturamentos. A diferença é que a censura à imprensa e a repressão impediam que a corrupção viesse à tona e fosse noticiada pela imprensa. Quem ousasse fazer isso poderia ser assassinado. A Comissão Nacional da Verdade identificou 434 mortos e desaparecidos.
A ditadura nunca foi nacionalista, como dizia. Ao contrário, com muita repressão aos trabalhadores, garantiu “paz social” e altas taxas de lucros, sobretudo, às multinacionais. Os militares favoreceram as multinacionais, as montadoras de veículos, a remessa de lucros para o exterior e o endividamento externo com os grandes bancos estrangeiros. Foi essa repressão que sustentou o tal “milagre econômico”. Mas no final dos anos 1970, a economia do país entrou em crise. A dívida externa explode, assim como a inflação. A classe operária, os estudantes e camponeses retomam a luta contra o regime. Quem viveu naquela época sabe muito bem o que foi a carestia, o desemprego e a inflação galopante. E lutar contra isso não foi fácil, pois o peso da repressão era brutal.
Mas hoje tem muito político oportunista mentindo sobre aquele período. É o caso de Jair Bolsonaro, que defende o golpe de 1964 e as torturas feitas pelo regime. Bolsonaro fala grosso com os oprimidos e com os pobres. Com os ricos é educadinho e cortês. Por isso quer acabar com a legislação trabalhista, diz que vai privatizar tudo se for eleito e ataca LGBT’s, mulheres, negros e indígenas. Fala que é corajoso, mas defende torturadores do regime militar. A tortura foi adotada como método sistemático pela polícia política (DOPS) e pelos órgãos de segurança das Forças Armadas (DOIs-CODIs e outros). Não há nada mais covarde do que defender essa gente que espancava, estuprava e matava pessoas vulneráveis, que não podiam oferecer resistência por que estavam amarradas em paus-de-arara ou na cadeira do dragão, para ficar só em alguns instrumentos de torturas usados pelos torturadores.
Ditadura nunca mais! Lembrar para que nunca mais se esqueça das atrocidades cometidas pelos militares.
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