A prefeita, Adriane Lopes (Patriota) passa a ter um supersalário de R$ 41.800,00 | Foto: Reprodução -Redes Sociais.
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PSTU – Mato Grosso do Sul

No último dia de 28 de fevereiro, os vereadores de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, aprovaram um aumento de 66% no salário da prefeita Adriane Lopes (Patriota). Hoje, o salário antigo era de R$ 21.200,00. Com o aumento, vai para R$ 35.400,00.

Um segundo aumento já foi anunciado para fevereiro de 2025 e elevará essa remuneração para R$ 41.800,00. Para justificar esse escândalo, dizem que assim poderão elevar os reajustes para outras categorias. Os secretários municipais e o segundo escalão do município também foram beneficiados com aumentos exorbitantes.

No entanto, para o restante das categorias do município, os vereadores e a prefeita não são tão benevolentes. E há uma lógica para justificar essa prática: somos governados pelos poderosos e suas leis.

Os trabalhadores da enfermagem na capital, por exemplo, paralisaram suas atividades no fim do mês de fevereiro reivindicando o Plano de Cargos e Carreiras e o pagamento de insalubridade, além do pagamento do piso nacional da categoria.

E como o governo municipal respondeu? Que a Lei de Responsabilidade Fiscal deveria ser cumprida e impedia a Prefeitura de extrapolar os gastos previstos em lei. E, para completar, a justiça determinou o retorno da categoria aos seus locais de trabalho.

Essa mesma justificativa foi utilizada quando da greve dos professores da REME (Rede Municipal de Educação) em 2022. Após quase dois meses de discussões, a prefeita concordou com o reajuste de apenas 10,39% que seria pago em duas parcelas (4% em fevereiro e o restante, 6,39% em junho).

Assim, esses aumentos escandalosamente concedidos a esses “agentes públicos” demonstram que tanto o legislativo quanto a prefeitura de Campo Grande nunca estiveram do lado da classe trabalhadora, até porque são usados para manutenção dos privilégios das elites política e econômica da cidade.

Uma afronta

Isso é uma afronta à realidade da maioria da classe trabalhadora campo-grandense que precisa acordar cedo todos os dias, sofre com o transporte coletivo superlotado (que há pouco tempo teve a tarifa aumentada, dificultando mais ainda a situação financeira dos trabalhadores), exerce uma jornada de trabalho excessiva para ganhar um salário mínimo ou pouco mais (segundo o IBGE, em 2020 havia 30,3% de domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo em Campo Grande).

E do outro lado? O que vemos? Aumento escandaloso dos salários da prefeita e de seu alto escalão. Os governantes e os parlamentares da cidade, que, vale registrar, ganham supersalários, são também responsáveis pelo salário miserável que uma grande parte da população recebe.

E, para completar, como votaram os vereadores do PT? Foram favoráveis a esses aumentos, calando-se diante de mais um ataque à classe trabalhadora campo-grandense, colaborando com os privilégios dos políticos que continuarão existindo e com um governo para os ricos. Confirmam a total adaptação à democracia dos ricos. Lamentável!

É preciso construir a mais ampla unidade na luta para que possamos nos defender dos ataques aos direitos da classe trabalhadora. Pra isso, a política de conciliação de classes do PT não serve à classe trabalhadora. Precisamos enfrentar, com coragem e ousadia, os ricos e poderosos que sempre governaram nossa região a serviço do agronegócio.

No entanto, também precisamos apontar uma saída para esses problemas. Para que possamos tomar posse das decisões que regem as nossas vidas, lutando e nos protegendo dos ataques deste sistema que nos fere de morte diariamente, que nos oprime e explora para garantir tão somente o lucro de uma minoria de parasitas, só existe uma saída: a construção de uma sociedade socialista.

O PSTU repudia esses aumentos absurdos, imorais e indecentes, chamando a classe trabalhadora, o povo pobre e a juventude para a luta de forma independente e pelo cancelamento dessa votação. Defendemos que a prefeita, todos os parlamentares e os secretários recebam o mesmo salário que um professor e/ou operário qualificado.

– Pela revogação desses aumentos salariais absurdos da prefeita e do alto escalão!
– Chega de privilégios!