Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

Marllon Cesar, do Rebeldia – Célula Revolução Escolar de Mariana (MG)

Restando apenas quatro meses para o término do ano de 2021, o governo decide autorizar o início do retorno às aulas presenciais para os estudantes do ensino fundamental e médio das escolas públicas e privadas. Entretanto, tendo em vista o atual cenário estabelecido pela pandemia, a negligência do governo Bolsonaro para com a compra de vacinas e a ausência de um plano de vacinação em massa, nada favorece esse retorno.

É importante evidenciar que, na capital mineira, o retorno presencial resultou em um aumento no número de casos da Covid-19, e isso se dá principalmente pelo fato de que os estudantes não foram vacinados e não se pode afirmar que todos os funcionários da rede de educação estão vacinados com as duas doses da vacina. Permitir que os estudantes retornem para as salas de aula é o mesmo que expor eles e os funcionários ao risco de serem contaminados e propagar ainda mais o vírus, sendo necessário ressaltar que existem pessoas assintomáticas, ou seja, pessoas que não apresentam sintomas da doença e isso não descarta a possibilidade de contaminação.

No dia 8 de setembro começaram as aulas com um plano de aulas híbridas, ou seja, parte do ensino será remoto e parte será presencial. Mais uma vez, os professores e estudantes passam por um processo de adaptação. Tendo que garantir o conteúdo de maneira virtual e presencial, haverá aumento da carga horária dos professores, que já não é pequena.

Em uma entrevista, o atual secretário da saúde da cidade de Mariana (MG) negou a obrigatoriedade do envio dos estudantes às escolas. Ele afirma com todas as palavras que não enviará a própria filha para o ensino presencial. A justificativa? 35% da população de Mariana não está totalmente imunizada. Então, é ou não é um risco estarmos na escola agora? “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”. A decisão tomada com ajuda desse senhor, no entanto, é que as nossas vidas, as vidas dos nossos professores e as vidas dos nossos familiares valem o risco. Aqui, e não é diferente do resto do país, as estruturas das salas estão longe de serem o ideal para aula, mesmo antes da pandemia, imagina agora. Muitas escolas não são capazes de garantir segurança. Infelizmente, é de extrema importância ressaltar que essa situação prova a desigualdade social crescente e como a atual situação econômica do nosso país afeta diretamente a educação.

Infelizmente, a situação atual não permite que este retorno seja feito de maneira segura e, por mais que a pressão de muitos pais e escolas particulares estejam contribuindo para esse retorno, devemos analisar melhor essa situação e impedir que se repita o erro cometido em Belo Horizonte, garantindo o aumento dos casos a partir do momento que se iniciam as aulas presenciais.

A classe trabalhadora, a mais afetada pela pandemia, está sendo lançada em uma fogueira para se queimar, pois os ricos e poderosos podem manter a educação de seus filhos em ensino remoto e garantir uma quarentena decente para eles e suas famílias, enquanto os trabalhadores, estudantes mais pobres e jovens são submetidos à insegurança por saírem de suas casas, muitos sem estarem vacinados e sentindo a grande dificuldade de compreender a matéria escolar, muitos por não possuírem boas conexões de internet, e outros por não terem acesso a ela.

Esse é um problema que poderia ser resolvido se o minério retirado da nossa região com o trabalho do povo daqui servisse para garantir computadores e internet de qualidade para todos. Você sabe quanto a Vale lucrou no trimestre que a COVID chegou no Brasil? R$ 5,289 bilhões. Achou muito? Em 2020, a empresa lucrou R$ 26,7 bilhões. No último trimestre, só no último trimestre, de 2021 a Vale lucrou quase o dobro disso, R$ 40,095 bilhões. Com esse valor, poderíamos comprar 40 milhões de bons tablets. Por isso que todas as riquezas produzidas pelas nossas mãos deveriam ser administradas, de fato, pelos trabalhadores e para a saúde e educação de seus filhos.

Devemos exigir que seja mantido o ensino remoto, exigir a segurança de estudantes, professores e das famílias dos mesmos, além de exigir que seja garantida a educação a todos os estudantes sem contribuir para a propagação da Covid-19 e aumento de casos e até de mortos, que infelizmente já ultrapassam a marca dos 600 mil no nosso país e devemos responsabilizar o governo e o sistema capitalista por estes acontecimentos. Não ao retorno presencial, vamos garantir a segurança dos jovens estudantes, das crianças e funcionários da educação, aguardando pelo momento certo para se autorizar o retorno presencial. E, lógico, com democratização da internet. Hoje isso significa, para nós, saúde.

Convidamos a juventude de Mariana: venha organizar o 2 de outubro com a gente contra Bolsonaro e o retorno das aulas presenciais na cidade. Chamamos também os trabalhadores da educação para juntos pensarmos o que de fato é bom para nossa comunidade escolar! E aqui fica o apelo para cada família trabalhadora que não queria ter que ter se colocado em risco momento nenhum desse descaso que estamos sofrendo, mas que foram obrigados a saírem para trabalhar. Vamos juntos lutar para que os trabalhadores da educação consigam manter esse direito garantido.