Foto Alicia Nijdam Flickr Rocinha Favela
Cyro Garcia, Presidente do PSTU-RJ

Os onze maiores bilionários do Rio de Janeiro têm, juntos, um patrimônio de 76,9 bilhões de dólares (equivalente a 406,8 bilhões de reais). Uma fortuna gigantesca, nas mãos de uma ínfima minoria privilegiada do estado.

Para termos ideia, o orçamento do estado do Rio de Janeiro foi de 89,5 bilhões de reais em 2021. No entanto, a arrecadação prevista era de 69,2 bilhões de reais. Ou seja, a fortuna desses bilionários manteria o estado do Rio, com os seus dez milhões de habitantes, por quatro anos e meio. O montante de dinheiro equivale a quase seis anos da arrecadação do estado.

Este cenário ocorre em um estado onde 19% (1,6 milhões de pessoas)  da população está desempregada e que, apenas na capital, existem 7.272 pessoas cadastradas como moradores de rua. Estado que possui renda média de R$1.720,70 mas que, em Japeri, esta média cai para R$259,93. 

A fortuna que está acumulada nas mãos desses senhores é obscena e vamos mostrar como ela poderia impactar a vida dos fluminenses. Seriam suficientes para, por exemplo, construir creches para as 36424 crianças que estão na fila de espera. O custo de cada criança, numa creche, é de aproximadamente R$ 3.300, o que representa um total de 122 milhões de reais por ano.

O déficit habitacional no Rio é de 500 mil casas, uma casa popular custa em torno de 100 mil reais. Com 50 bilhões de reais, ou seja, apenas 12,5% do valor da fortuna dos bilionários, resolveria o problema do déficit de moradia de todo o estado.

A construção de unidades básicas de saúde custa entre 200 e 400 mil reais. A cidade do Rio conta com 200 unidades de atendimento primário. Para dobrar esse número, seria necessário investir 80 milhões reais, ou seja, apenas 0,2% do total que esses bilionários possuem.

Para manter uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), se gasta até 400 mil reais. Se pensarmos em 400 unidades, seriam necessários 160 milhões de reais, ou seja, apenas 0,4% de todo o valor acumulado pelos super-ricos do estado.

Poderíamos chegar ao infinito calculando o quanto esses valores poderiam financiar melhorias para amplos setores da sociedade.

Vejam, não estamos falando da hipótese de usarmos todo este recurso que estão com os bilionários. Digamos que eles ficassem “apenas” com 44 bilhões de reais (quatro bilhões para cada um dos onze), ainda assim, restaria o suficiente para resolver uma parte gigantesca dos problemas estruturais do Rio de Janeiro por anos.

Quem produz toda essa riqueza é a classe trabalhadora

Quem produz toda a riqueza destes bilionários é a classe trabalhadora. De toda a riqueza que os trabalhadores produzem só retiram o seu salário (de fome), todo o resto é trabalho não pago que é apropriado privadamente pelo capitalista, que, com esse dinheiro, compra máquinas, matérias-primas, paga empréstimos a bancos, paga seus impostos (quando não sonega), embolsa os lucros e dividendos, investe em ações, em especulação no mercado financeiro ou em novas propriedades, enfim, acumula capital.

Em tempos de crise, o roubo e a exploração aumentam ainda mais com o desemprego e a redução dos salários, a inflação, o sistema tributário que taxa pobres e setores médios enquanto isenta bilionários. Sem falar na privatização (a preço de banana, diga-se de passagem) de patrimônios públicos, como pretendem fazer agora com os Correios, e no roubo do Orçamento público como vemos com a saúde e educação. Cada corte significa um roubo a mais da riqueza produzida pela classe para os banqueiros.

Os ricos que paguem pela crise

É preciso fazer com que os ricos paguem pela crise, atacando a grande propriedade e taxando os lucros e fortunas dos bilionários para garantir vacina para todos, auxílio emergencial de R$ 600,00 enquanto durar a pandemia, estabilidade no emprego sem redução de salários e de direitos; auxílio financeiro aos pequenos negócios, triplicar as verbas do SUS, investir num plano de obras públicas necessárias e ecológicas, como saneamento básico, moradia popular, hospitais e escolas públicas, que gere emprego e bem-estar para a maioria do povo. Além disso:

-Suspender o pagamento da fraudulenta dívida pública aos bancos e especuladores;

– Taxação especial de 40% das grandes fortunas dos bilionários. Zerar a tributação das pequenas empresas, enquanto durar a pandemia;

– Taxação em 50% dos lucros e dividendos das grandes empresas aos acionistas;

– Proibição das demissões e estatização das grandes empresas que insistirem em fechar ou demitir, como a LG e suas fornecedoras;

– Proibir a remessa de lucros para fora do país;

– Estatização da saúde privada com a incorporação de sua estrutura ao SUS, com o confisco de seus lucros deste ano para investimento no combate à Covid-19;

– Expropriação dos bancos e criação de um banco público único, que cancele as dívidas dos trabalhadores e do pequeno proprietário e garanta crédito às pequenas empresas e ao pequeno produtor;

– Nacionalização e estatização do latifúndio e das grandes redes varejistas, sob controle dos trabalhadores, para garantir soberania alimentar ao Brasil, o fim da fome de milhões de brasileiros e combater a carestia dos alimentos;

– Reestatização das empresas privatizadas, sob controle dos trabalhadores.