O Brasil enfrenta uma amarga e profunda crise sanitária que é agravada por uma crise econômica que já vínhamos combatendo antes da pandemia. Nos último meses, as taxas de desemprego que já eram altas aumentaram mais ainda com as consequências dos efeitos da Covid-19 e da política negacionista do governo Bolsonaro e, junto a esta triste realidade, tem crescido também a desigualdade social e a fome em nosso pais e no mundo. [1] Esse mesmo projeto político, além de não estar alinhado com as demandas históricas da classe trabalhadora, faz aumentar o genocídio dos povos indígenas e da população negra, a LGBTfobia e a violência contra as mulheres. Mas, Bolsonaro não está sozinho! No mesmo barco estão os governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores – a grande maioria unida com a elite, deixando bem claro que a garantia do lucro é mais importante que a vida da população neste momento tão delicado.
A cada ano os eleitores acreditam menos que as eleições vão mudar as suas vidas. A desesperança da classe trabalhadora e do povo pobre existe porque não enxergam no atual sistema político a solução para os seus problemas. Na nossa cidade, estamos insatisfeitos com a gestão da atual prefeita e um exemplo de sua má governabilidade é a de que no começo da pandemia tratou os profissionais da saúde com irresponsabilidade. Como deveria ser, a prefeitura não garantiu a quantidade suficiente dos equipamentos de proteção individuais (EPI’s), sendo que é uma exigência mínima para proteção desses(as) trabalhadores(as). Além disso, os reprimiu publicamente em um programa de rádio local. [2]
Dessa maneira, João Monlevade, assim como nosso país e o mundo, se mantém graças às riquezas de nossa terra e o suor de nosso trabalho. Mas para os trabalhadores e trabalhadoras, apesar de muita luta, lhes sobram a miséria, as promessas, as migalhas e as tragédias como as enchentes que acontecem todos os anos e é negligenciada por todos os prefeitos(as) até hoje.
Será que esses candidatos irão mudar a realidade de nossa cidade?
Diante da atual e lamentável gestão municipal, os outros candidatos à prefeitura pegam carona no descontentamento da população e apresentam o que seria uma “proposta de mudança”’, porém, sabemos que esses senhores refletem o mesmo programa, não há nada de novo sob o céu de promessas Monlevadense. Se observarmos com mais atenção podemos ver que nessas eleições municipais as desastrosas alianças entre partidos ditos progressistas com partidos conservadores demonstram claramente uma política de conciliação.
A exemplo disso é a coligação “Juntos por Monlevade” que tem como aliado do PT o Podemos, este último que é o mesmo partido que apoia Bolsonaro no Senado e que recentemente teve um de seus representantes envolvido em investigações de desvio de recursos públicos que seriam destinados ao combate à pandemia da Covid-19. Além de se dizer como um partido dos trabalhadores, a chapa do PT ainda escolheu para ser o seu vice o mesmo vice que era da atual gestão da cidade e que agora se posiciona contra as decisões da prefeita. Entretanto, não podemos esquecer que este vice esteve ao lado dela durante quatro anos sendo conivente com sua administração.
Da mesma forma, o PDT várias vezes aliou-se ao PSDB, oligarquia política que está há mais de 15 anos na cidade. Porém, na corrida para disputar o eleitorado, tenta disfarçar que a hegemonia desse grupo político que tanto condena é a mesma que ele ajudou a construir. O PSB não é diferente, também apresenta como representante da chapa um crítico ferrenho das más políticas da cidade, contudo, contraditoriamente, esteve na administração da Secretaria Municipal da Fazenda no governo do PSDB entre 2001 a 2007.
O Patriota diz que João Monlevade vai mudar com suas 51 propostas e entre elas propõe a implantação de escola militar, monitoramento da população com a implantação de câmeras em vários pontos da cidade, criação de guarda municipal, aumento do contingente policial e elevação da PM local para Batalhão. E aí questionamos, isso de fato resolverá os problemas de segurança pública na cidade? Lembramos que as forças policiais em nosso país, principalmente as militarizadas como as PMs, são heranças da Ditadura Militar amparada pelo Estado para cumprir o seu papel de repressão e criminalização da pobreza, da população negra, das organizações e das lutas dos trabalhadores, se dispondo para defender os privilégios, a riqueza e a propriedade privada daqueles que controlam o dinheiro na sociedade.
A conclusão que queremos chegar é que os programas de governo destes candidatos, assim como as posturas de seus partidos, em nível nacional e local, não são capazes de responder nossas reais necessidades. Isso acontece porque eles não representam os interesses da classe trabalhadora, não estão dispostos a romper com o sistema capitalista e, sem dúvidas, compartilham do mesmo projeto político de exploração e opressão da população que já vem governando há anos e não muda de fato o cenário de desigualdade em nossa sociedade.
A classe trabalhadora não está derrotada
Não acreditamos que as eleições serão uma saída para nós. Precisamos nos organizar de maneira independente, realizando conselhos populares formados por representantes dos trabalhadores da cidade e do campo, bem como os pequenos empresários. Assim, é de grande importância para a nossa cidade conseguirmos organizar assembleias permanentes dos bairros, dos diversos locais de trabalho e das instituições de ensino para que nós possamos governar e lutar pelos nossos mais básicos direitos de saúde, moradia, trabalho, estudo, lazer e segurança.
Portanto, diante deste cenário, o PSTU-João Monlevade chama para estas eleições por um voto nulo, um voto crítico e de protesto contra esse sistema que não nos representa. Nessas eleições municipais, o voto em qualquer candidato e em seus aliados significa reforçar os ataques contra nós: povo trabalhador. Também não concordamos com a política de votar nos candidatos menos piores ou optar pelo mal menor, isso só mantêm ilusões entre os trabalhadores e nos enfraquece frente às respostas que teremos que dar aos novos ataques que virão, ganhe um ou outro candidato que seja.