Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos
Com um longo histórico de lutas, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região completa 65 anos, neste domingo (14). Neste período, a categoria passou por inúmeras lutas, vitoriosas ou não, e se transformou numa das mais combativas do país.
Neste ano de pandemia, não haverá festa, mas as histórias merecem ser relembradas. Afinal, pelas mãos dos metalúrgicos passaram importantes decisões. A primeira delas foi tomada quando um grupo de funcionários da Ericsson se organizou para reivindicar o direito a uniforme gratuito.
Para isso, aqueles trabalhadores fundaram a Associação Profissional dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Jacareí e Caçapava, no dia 14 de março de 1956. Passados 65 anos, a categoria cresceu, se fortaleceu e se mantém independente dos patrões e dos governos. Agora são cerca de 30 mil trabalhadores de 1.114 fábricas, com mais duas cidades de abrangência: Igaratá e Santa Branca.
Hoje os metalúrgicos participam das grandes lutas por direitos, empregos e proteção à saúde. Este ano, o principal alvo da categoria é o governo Bolsonaro, responsável direto pelo caos na saúde pública, redução de direitos trabalhistas e aumento do desemprego. Por tudo isso, a luta está longe de acabar.
“O governo não tem qualquer projeto para verdadeiramente socorrer a população neste momento de crise social e sanitária. Nós, metalúrgicos, estamos fazendo valer nossa tradição de luta. Continuaremos nos mobilizando em defesa de toda a classe trabalhadora, exigindo vacina para todos, auxílio emergencial decente e estabilidade no emprego. É o mínimo que o governo deve garantir. Por isso, neste momento, nosso desafio é colocar para fora Bolsonaro, Mourão e todos que afrontem a vida dos trabalhadores”, afirma o presidente do sindicato, Weller Gonçalves.
Exemplos de lutas
Não foi de uma hora para outra que os metalúrgicos da região se tornaram reconhecidos por seu perfil combativo. Depois daquela primeira assembleia, em 1956, vieram muitos exemplos de resistência e organização. Algumas mobilizações se tornaram históricas, como a greve de 1985 na General Motors, com 28 dias de ocupação e que se tornou modelo de auto-organização.
Já na década de 1990, veio campanha contra a privatização da Embraer. Foi uma das mais fortes e longas já realizadas pelo sindicato. Foram dezenas de assembleias, passeatas com milhares de trabalhadores, idas a Brasília, distribuição de camisetas, adesivos, cartazes e até a instalação de um outdoor na cidade. Mas, indo contra os interesses dos brasileiros, o presidente Itamar Franco leiloou a Embraer, em 1994.
O sindicato também esteve na organização de duas greves gerais contra as reformas trabalhista, em 2017, no governo Temer, e da Previdência, em 2019, de Bolsonaro. Nos dois casos, a classe trabalhadora foi duramente atacada em seus direitos.
Recentemente, os companheiros da MWL, em Caçapava, cruzaram os braços por 47 dias (de 21 de setembro a 6 de novembro de 2020), em defesa dos empregos e direitos. Conseguiram dobrar os donos da fábrica e tiveram suas reivindicações atendidas.
“A greve dos trabalhadores da MWL foi realmente exemplar. Os trabalhadores saíram às ruas, ocuparam a fábrica, cobraram o poder público e participaram em peso das assembleias. Certamente foi uma greve que já entrou para a história do sindicato”, disse o vice-presidente do sindicato, Renato Almeida, liderança da mobilização.
Mulheres na luta
As mulheres protagonizaram importantes mobilizações nas fábricas da região. Este ano, as trabalhadoras da Suntech e Bluetech, fornecedoras da LG, iniciaram uma campanha em defesa do emprego. A mobilização acontece em resposta ao anúncio da fabricante de celulares sobre os planos de encerrar a produção de telefones no Brasil.
Assim como nas fábricas, as lutas das mulheres também foram para as ruas. Em 2018, elas estiveram à frente da campanha #EleNão, contra o então candidato Jair Bolsonaro.
“São princípios do nosso sindicato combater o machismo, o racismo e a homofobia. Levantamos essas bandeiras com a força da mulher metalúrgica”, afirma a diretora Aline Bernardo.
Livro
A história dos 65 anos do sindicato será contada em livro. Em suas páginas, o leitor encontrará momentos históricos vividos pela categoria, relatados por meio de textos e fotografias. A publicação faz parte das atividades comemorativas do aniversário do Sindicato. Em breve, será divulgada a data de lançamento.