Medida entra em choque com decisão de assembleias entre os metalúrgicosDepois de realizar diversas assembleias para a campanha de solidariedade operária aos trabalhadores haitianos, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) denuncia uma grave retaliação da patronal.

Os dirigentes da montadora General Motors (GM) informaram ao sindicato que não realizarão o desconto em folha de 1% dos salários dos trabalhadores da fábrica. A atitude da empresa entra em choque com a resolução aprovada pelos trabalhadores em assembleia realizada no dia 11 de fevereiro. “Depois de realizar uma grande campanha e aprovar a ajuda dos metalúrgicos aos trabalhadores haitianos vitimados pelo terremoto, começamos a ter algumas surpresas. A GM diz que não vai fazer o desconto aprovado na assembleia e alegou problemas ‘legais´. No entanto, sabemos que o problema é de ordem política”, diz o presidente do sindicato, Vivaldo Moreira.

Para ele, a ação da GM pode estar relacionada às retaliações da empresa ao sindicato, que trava uma luta contra as propostas da montadora de precarizar os direitos trabalhistas.

Em cada assembleia realizada pela campanha, os operários responderam com entusiasmo o chamado a favor da solidariedade de classe e da mobilização pelo fim da ocupação militar no país. Em São José dos Campos, mais de 10 mil metalúrgicos da região aprovaram o desconto de 1% de seus salários aos trabalhadores haitianos. Além da GM, a campanha também teve forte adesão de metalúrgicos de fábricas como Hitachi, Bundy, Gerdau, Heatcraft, Trelleborg, Sobraer, Sopeçaero, Dovale, Pesola, Gomy e outras.
O Sindicato dos Metalúrgicos estima que, somente na GM, o desconto representaria uma ajuda de R$ 300 mil aos trabalhadores do Haiti. O dinheiro seria enviado para a organização operária e popular do Haiti Batay Ouvriye (Batalha Operária). A campanha está sendo organizada pela Conlutas em todo o país e já arrecadou mais de R$ 160 mil.

Denúncia
O sindicato iniciou uma ampla campanha de denúncia da retaliação da GM. Segundo Vivaldo, serão feitas manifestações dentro da fábrica, além de denúncias internacionais. “Nesta quarta-feira [dia 17] vamos a Brasília em uma audiência com a OIT [Organização Internacional do Trabalho] denunciar o fato de a empresa não ter cumprido uma determinação aprovada em uma assembleia de trabalhadores. A posição da GM atenta contra a autonomia da organização sindical”, disse o dirigente. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também será procurada pelo sindicato.

Vivaldo afirma que a ação da GM deve ser combatida para que a patronal não siga seu exemplo e cumpra a decisão das assembleias dos trabalhadores, descontando em folha a ajuda aos operários haitianos.