Daniel Sugasti

Em meio a uma Paris blindada por quase 10 mil soldados das forças repressivas -e mais de 89.000 em toda a França- dezenas de milhares de “coletes amarelos” voltaram a tomar as ruas e a bloquear as estradas para desafiar Macron e enfrentar sua política repressiva e de austeridade.

Publicado pela LIT-QI

O dispositivo de segurança, proporcional à preocupação que esse fenômeno social provocou no governo e no regime franceses, foi enorme. Os principais museus, assim como a Torre Eiffel, o Panteão e os teatros foram fechados. As lojas também. Mas os protestos aconteceram de qualquer maneira, em seu quarto final de semana consecutivo.

Nem o recuo de  Macron, que dias antes anulou a medida que aumentava o imposto sobre os combustíveis, aplacou os ânimos de uma classe trabalhadora farta de austeridade e que sente a desigualdade social. O movimento, que começou espontaneamente, cresceu e expandiu suas reivindicações.

Não é só os “combustíveis”. O aumento do salário mínimo, a ampliação dos gastos sociais, a forte taxação das grandes fortunas e o alívio fiscal para as classes médias foram se impondo nas ruas. Nesse dia 8, o grito mais cantado, além da  entonação de La Marseillaise e Bella Ciao, foi: Macron, demissão!

A polícia francesa usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os manifestantes. A repressão foi mais dura desta vez. Até agora (momento em que foi escrito este artigo), quase mil manifestantes foram presos. Resta ver qual a dinâmica que o movimento vai tomar, que não parece estar intimidado.

Mas uma coisa já está evidente: Macron sofreu sua primeira derrota e está na defensiva. Uma importante crise se abriu em seu governo. E o movimento dos “coletes amarelos” conseguiu, com sua coragem, incentivar e mostrar o caminho para toda a classe operária e as classes médias arruinadas da Europa.

Tradução: Lena Souza