Roberto Aguiar, de Salvador (BA)
Com o lema “Onde as lutas contra os governos, os patrões e à toda forma de opressão se encontram”, de 7 a 10 de setembro, no Clube Guapira, na cidade de São Paulo (SP), vai acontecer o 5º Congresso Nacional da CSP-Conlutas.
Para falar um pouco sobre esse evento, que será realizado em um momento de particular importância da luta das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, quando é necessário reafirmar a relevância do classismo, da independência diante de governos e patrões, da democracia e do internacionalismo, o Opinião Socialista conversou com o operário da construção civil, Atnágoras Lopes, que é membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
Opinião Socialista — Qual a importância do 5º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, particularmente diante do governo de conciliação de classes Lula-Alckmin, hoje apoiado pelas demais centrais sindicais?
Atnágoras Lopes — A importância de nosso congresso está no seu caráter de independência de classe frente aos governos e aos patrões. Reuniremos mais de mil lideranças sindicais, populares, de luta contra as opressões, da juventude, trabalhadores do campo, quilombolas e povos originários. São lideranças de centenas de entidades que não se renderam e não capitularam ao governo de conciliação de classes de Lula-Alckmin, como fizeram as maiores centrais sindicais de nosso país.
As resoluções do nosso congresso servirão como ponto de apoio para a organização do enfrentamento à política econômica, como o Arcabouço Fiscal e as reformas Tributária e Administrativa, do governo Lula-Alckmin, pois se tratam de medidas que favorecem os banqueiros, os grandes empresários e o agronegócio, provocando, por outro lado, a contenção e cortes nos investimentos sociais, como Saúde e Educação. Não podemos aceitar isto! Junto com isso, seguiremos nossa luta exigindo que o governo Lula revogue 100% as reformas Trabalhista, Previdenciária e o Novo Ensino Médio. Assim como, seguiremos firmes na luta pela reforma agrária, pela demarcação e homologação de todas as terras indígenas e quilombolas, e contra o genocida Marco Temporal.
OS — Além da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos setores oprimidos e explorados, com independência de classe frente ao governo Lula-Alckmin, como a CSP-Conlutas enfrenta os setores de ultradireita que seguem atuando em nosso país?
AL — Somos cientes de que a derrota eleitoral de Bolsonaro foi uma vitória para classe trabalhadora brasileira. Mas isso não significa que a ultradireita esteja morta e, portanto, nosso Congresso debaterá e deliberará políticas para combater esse nefasto projeto. É por isso que defendemos prisão dos golpistas e financiadores do 8 de janeiro.
Nesse marco, também temos debatido e vamos encaminhar resoluções sobre a necessidade de organizar a autodefesa de nossa classe para, de um lado, enfrentar a ultradireita e, do outro, também responder à repressão por parte do aparato do Estado contra nossas liberdades democráticas e direitos, como os de manifestação, organização e greve. Nosso congresso irá apontar os caminhos para nos fortalecermos nesse terreno.
OS — A CSP-Conlutas organiza os trabalhadores e as trabalhadoras da cidade e do campo, a juventude, povos originários e movimentos que lutam contra as opressões. Como se dará essa representatividade no congresso?
AL — O lema do nosso congresso é “Onde as lutas contra os governos, os patrões e à toda forma de opressão se encontram”, exatamente no sentido de unificar, na luta direta e organizativamente, o conjunto de nossa classe contra as mazelas e o próprio sistema capitalista e seus agentes.
Teremos quatro dias de intensos e diversificados debates em grupos, plenárias, reuniões de setoriais e categorias, atividades autogestionadas e muita democracia operária. Serão operários e operárias, negros, negras, mulheres, funcionários públicos, LGBTI+, povos indígenas, quilombolas, camponeses, organizações de juventude, movimentos populares urbanos, imigrantes, terceirizados, trabalhadores e trabalhadoras de plataformas digitais. Enfim, todos os espectros de nossa classe estarão representados e presentes, contribuindo para o fortalecimento de nossa Central, seu caráter sindical e popular, e estimulando a construção de um campo de ação unitário e de oposição de esquerda ao governo Lula-Alckmin e de combate à ultradireita.
Como vai ser
5º Congresso Nacional da CSP-Conlutas
De 7 a 10 de setembro, no Clube Guapira, em São Paulo (SP)
Assembleias de eleição de delegados já estão sendo realizadas:
– Os metalúrgicos de São José dos Campos e Região estarão representados por 45 delegados(as) e 45 observadores(as) que conhecem a realidade do chão de fábrica e poderão levar esse conhecimento para enriquecer as discussões.
– O Povo Indígena Tremembé, do Maranhão, comunidade em processo de demarcação do Território do Engenho, realizará assembleia no próximo sábado, dia 12.
– Operários da construção civil de Belém já realizaram assembleia, assim como os químicos de São José dos Campos e Região.
– Operários da região Sul Fluminense estão organizando a ida de um ônibus.