Atendimento a pacientes de gripe em Salvador Divulgação

De Norte a Sul do Brasil, hospitais das redes pública e privada estão lotados, com demora no atendimento, com pessoas aguardando sentadas no chão. Quase 100% dos pacientes estão com sintomas respiratórios, como consequência da epidemia de influenza e do aumento de casos de Covid-19.

Em São Paulo (capital), somente nos três primeiros dias do ano, 20.333 pessoas com sintomas respiratórios foram atendidas na rede municipal de saúde. Foram 282 atendimentos por hora, em média. Do total de atendidos, 11.585 tinham quadro suspeito de Covid, o equivalente a 57%, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde. A espera por atendimento em prontos-socorros públicos e privados na capital paulista é de até seis horas.

Em Belo Horizonte (MG), desde ontem (dia 4), não há mais leitos de enfermaria para atendimento a pacientes com infecções respiratórias na rede pública de saúde. De acordo com a prefeitura municipal, a capacidade de internação para esse tipo de tratamento, que conta com 220 leitos, estourou e está em 107,3%. A capital mineira vem registrando alta também nas internações para tratamento por Covid em UTIs (unidades de terapia intensiva) públicos.

No Rio de Janeiro, a situação não é diferente, registra-se um aumento de casos e transmissão comunitária da variante Ômicron, o que levou a prefeitura anunciar o cancelamento do carnaval de rua. Há longas filas por exames de Covid-19, que chegam a 13% de resultados positivos. Unidades públicas, laboratórios particulares e até farmácias registram movimentação intensa de pacientes.

A taxa de positividade no Rio de Janeiro para a Covid-19 deu um salto. Era de 1% em dezembro, mas nesta primeira semana de janeiro chegou a 13%. No Centro Municipal de Saúde da Praça da Bandeira, o resultado dos exames foi 122 casos positivos em 288 exames feitos. Na última segunda-feira, dia 3, o estado registrou 3.938 casos de Covid-19, o maior desde setembro do ano passado.

Ontem (dia 4), a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro confirmou que duas pessoas já testaram positivo para Covid-19 e Influenza ao mesmo tempo — é a chamada dupla infecção (“flurona”, uma junção do nome das duas doenças). No mesmo dia, o governo do Ceará confirmou três casos de coinfecção, todos eles em Fortaleza. A Secretaria Estadual de Saúde do Ceará afirma que o Estado vive epidemia de síndromes gripais e Influenza A H3N2 prevalece.

Apagão de dados, falta de testes e subnotificação

A situação pode ser pior, médicos e especialistas afirmam que a pandemia de Covid-19 no Brasil pode estar crescendo de maneira acelerada. Isso porque, além da queda no sistema de notificação oficial do Ministério da Saúde desde o início de dezembro, quando sofreu um suposto ataque cibernético, os dados enviados à pasta pelos governos estaduais e municipais, que já sofriam um represamento em outros momentos da pandemia, podem estar consideravelmente subnotificados.

Desde o ataque, diversos estados deixaram de reportar novos casos e mortes por Covid-19, muitos deles justificando falta de acesso aos dados do ministério, extraídos dos portais de notificação, ou dificuldades em inserir os dados no sistema federal, como informaram à Folha de S. Paulo as Secretarias de Saúde dos Estados de Roraima e Tocantins.

As secretarias estaduais informam que ainda não tem sido possível atualizar de forma completa os dados em virtude da dificuldade de acesso aos sistemas do ministério e estão sem a possibilidade de notificar os casos e estão sem acesso à base de dados dos sistemas Sivep-Gripe, e-SUS Notifica e SI-PNI, de vacinação.

Além da ausência completa do registro dos casos, médicos e especialistas apontam que a falta de políticas de testagem em massa é um dos principais motivos para a subnotificação. A não realização de testagem em massa leva a uma subnotificação natural dos casos, já que acabam sendo contabilizados aqueles que são sintomáticos moderados a graves, quando precisam ir aos hospitais.

Quebrar patentes para estender a vacinação no mundo

O surgimento de novas variantes como a Ômicrom é resultado do apartheid de vacinas criado pelos governos imperialistas, que junto com as grandes multinacionais estão mais interessados em garantir seus lucros do que a vida da classe trabalhadora.

Por isso, uma nova onda assola o mundo. Ontem (dia 4), puxado pelos Estados Unidos, o mundo registrou recorde de 2,4 milhões de novos casos de Covid-19 em 1 dia. Os Estados Unidos registraram mais de 1 milhão de infectados em apenas 24 horas pela 1ª vez desde o início da pandemia, apontam os dados do ‘Our World in Data’.

O Brasil, como revela os dados acima, é parte desse processo, com tendência de piora em razão das festas de fim de ano e da proximidade com o Carnaval. E pela falta de política pública eficaz por parte do governo Bolsonaro, que desde o início da pandemia atua com uma política genocida de combate e questionamentos às principais medidas de segurança: distanciamento social, uso de máscara, testagem e vacinação em massa.

Para evitar o surgimento de novas variantes é preciso avançar a vacinação em todo o mundo, acabando com o apartheid de vacinas. Para isso, é necessário quebrar os direitos de propriedade intelectual, não só das vacinas, mas de todos os medicamentos e qualquer tecnologia médica necessária para conter a Covid-19.

No Brasil, temos que combater a propaganda genocida de Bolsonaro e sua turma contra a vacinação da população. Eles têm se utilizado do aumento do número de casos para questionar a eficácia das vacinas. Se não fossem as vacinas já aplicadas, a situação estaria ainda pior, pois como apontam os dados, o número de pessoas mortas por Covid-19 é três vezes maior entre os não-vacinados.

É preciso realizar testagem em massa para que se possa aplicar uma política de combate eficaz à influenza e à Covid. Seguir tomando os cuidados necessários: tomar a vacina, seguir usando máscaras e evitar aglomerações. Bolsonaro joga a favor da morte. Temos que seguir vivos para derrotar Bolsonaro.