Pacientes esperando na área externa da UPA e Clinica de Família da Rocinha.
Cyro Garcia, Presidente do PSTU-RJ

Um surto de gripe vem afetando o Rio há cerca de duas semanas. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, houve um aumento de 400% nos atendimentos das unidades de emergência.

O resultado prático tem sido sentido na pele por pacientes e profissionais de saúde. Horas e horas de espera em filas de atendimento, pacientes esperando no lado de fora ou sentados no chão das unidades de saúde. Profissionais de saúde exaustos pelo aumento exponencial da demanda.

O prefeito e o secretário de saúde vêm justificar a situação com a baixa cobertura vacinal contra a gripe, o que é parcialmente verdade. Mas o centro do problema é que o sucateamento do SUS leva a que não haja infraestrutura e profissionais suficientes para qualquer aumento mínimo da demanda. O normal tem sido que todos os serviços trabalhem para além do limite e com falta de profissionais, insumos e infraestrutura. Essa situação agravou-se com a pandemia de coronavírus, que tensionou ainda mais o sistema. Nem Clínicas de Família nem UPAs têm estrutura para atender tal aumento de demanda.

Lembrando que os profissionais de saúde têm sofrido constantemente com terceirização, foram jogados em contratos instáveis com OSs fraudulentas que constantemente rompem os contratos. Se é verdade que Crivella desmontou a já precária rede de atendimento das clínicas de família, não é menos verdade que Paes nada fez de qualitativo para reverter o processo. Para além disso, há anos que estes profissionais não veem qualquer reajuste salarial. O atual prefeito investe mais em marketing nas redes sociais que em melhoramentos de fato na rede municipal do SUS.

Rede Privada também tem atendimento precário

A situação também não está muito melhor para quem paga plano de saúde. As grandes empresas privadas de saúde, como a rede D’Or, que lucraram bilhões com a pandemia, também vêm precarizando seus contratos e atendimento. Os relatos que nos chegam também são de mais de três horas de espera na rede privada e pacientes aguardando em pé no lado externo das unidades de saúde.

O SUS deve ser 100% estatal, público e de qualidade, sob o controle dos trabalhadores!

É sim fundamental o reforço emergencial da vacinação contra a gripe e apelamos a todos que não se vacinaram para procurar as unidades de saúde para o fazer.

É cada vez mais urgente municipalizar/estatizar toda a rede de saúde, tanto as grandes empresas privadas como as OSs. Todos os profissionais de saúde, sejam auxiliares, administrativos, médicos ou profissionais da enfermagem, devem ser incorporados diretamente aos quadros da prefeitura e governo do Estado como servidores estatutários. Há que abrir com urgência concursos públicos de saúde para suprir as vagas que garantam que os serviços funcionem com qualidade.