Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

Carolina Malacco, do Rebeldia da Juventude da Revolução Socialista (Belo Horizonte, MG)

No dia 30 de setembro, vimos o anúncio de um novo contingenciamento (bloqueio), de quase R$ 330 milhões, imposto às verbas destinadas para as universidades e institutos federais. Nada de novo. Bolsonaro vem atacando a Educação desde o início do seu governo, com um projeto de verdadeira precarização da universidade pública, tentativas de privatização e cortes orçamentários.

A medida pode ser vista como parte de um projeto que retira dinheiro da Educação e outros serviços para usar o dinheiro para pagar a dívida pública. Num país cada vez mais colonial, mais exportador de commodities, não existe interesse, por parte de Bolsonaro, em viabilizar o acesso ao ensino público de qualidade e à produção científica e tecnológica.

Esse ataque em específico foi adiado, graças à pressão do movimento estudantil, que organizou uma resposta e chamou, para o dia 18 de outubro, um ato contra mais esse corte na Educação. Agora, precisamos fortalecer as mobilizações.

Não dá pra recuar

Combater a submissão da Educação ao capital e ao autoritarismo

O governo seguirá atacando a Educação. Por isso o movimento tem que mostrar que não irá aceitar sequer ameaças de novos cortes ou contra nossos direitos. Além disso, é fundamental lutar contra o governo Bolsonaro, expressão da ultradireita no Brasil, que está articulada em nível mundial.  E isto tem a ver com a crise do capitalismo, que utiliza de governos autoritários para impor ataques, precarizando leis trabalhistas, retirando dinheiro da Saúde, Educação, e, ainda, vendendo as empresas e riquezas que produzimos aos grandes capitalistas.

Tudo isto para aprofundar, ainda mais, a exploração e reter mais lucros diante da crise. Além disto, os governos que representam os interesses desses capitalistas utilizam das opressões para rebaixar os salários e aumentar a competição entre os trabalhadores pelos poucos e precarizados empregos. Mais gente trabalhando, por menos dinheiro, e uma sobrecarga ainda maior sobre as mulheres, negros(as) e LGBTIs.  E, se não bastasse, ainda fomentam várias ideologias para justificar suas ações racistas, machistas, lgbtifóbicas e xenófobas. Ideologias que, também, afetam a própria qualidade do ensino, cada vez mais contaminado pelo fundamentalismo.

Alternativa

Nas urnas e nas ruas com a classe trabalhadora

No dia 18 iremos às ruas contra os ataques e a ultradireita. E é exatamente porque precisamos derrotar a ultradireita que nós, da Rebeldia, também chamaremos um voto crítico em Lula no segundo turno. Não podemos permitir que Bolsonaro siga na presidência. Porém, também precisamos tirar lições do que foi o primeiro turno eleitoral.

A ultradireita segue viva e se fortalecendo. Seja elegendo mais gente; seja nas ruas, empunhando seu discurso; nos clubes de tiros, empunhando suas armas, ou no campo e nas florestas, assassinando indígenas, quilombolas e camponeses. E, agora, na disputa eleitoral, organizando seu voto. E temos que dizer que o PT tem responsabilidade direta sobre isso. Tanto pelo imobilismo que desmobilizou a luta pelo “Fora Bolsonaro”, quanto por apresentar um projeto de conciliação de classes e um programa de aliança com os ricos.

Enquanto o reformismo seguir apontando apenas um projeto como o do PT como alternativa à ultradireita, que as pessoas já não acreditam mais, ela continuará se fortalecendo e ampliando sua influência.

Queremos o socialismo

Não há como reformar este sistema

As direções do PSOL, da Unidade Popular (UP) e PCB estão chamando o voto em Lula no segundo turno “contra o fascismo” e dizendo, ao mesmo tempo, que a verdadeira luta tem que ser “nas ruas”. Deixando, contudo, de fazer o mais importante: se posicionar de forma crítica em relação ao PT e preparar a autodefesa. E o resultado só pode se desdobrar em duas coisas: nos desarmar na luta contra o capitalismo e entregar os trabalhadores que não confiam mais no PT nas mãos da ultradireita.

Se queremos, realmente, destruir a ultradireita e acabar com toda a influência que ela pode ter sobre setores da sociedade, precisamos apresentar uma alternativa socialista que, de fato, responda aos anseios dos trabalhadores, da juventude e seus setores mais oprimidos.

No dia 18, precisamos conversar com cada estudante e jovem que vive a realidade da superexploração e da opressão, fomentadas por Bolsonaro. E, desde já, temos que organizar nossa autodefesa e o enfrentamento com a ultradireita, em todos os níveis. Com este objetivo, iremos impulsionar comitês pelo voto crítico em Lula, pra tirar cada voto da ultradireita e ajudar a remover o Bolsonaro, o quanto antes.

Porém, não disputaremos apenas o voto. Também discutiremos com cada eleitor todas as críticas que precisamos fazer ao projeto do PT, buscando, assim, ganhar cada jovem, ativista e trabalhador, não apenas para a necessidade de votar “13” para derrotar a ultradireita, mas, também, para a necessidade de construirmos um projeto socialista e revolucionário para derrotar, em definitivo, a ultradireita, o capitalismo e todas as suas formas de exploração e opressão.