Redação

Vinte de novembro é Dia da Consciência Negra. Neste ano, uma data para juntarmos as lutas em defesa dos negros e negras e todas as demais lutas da classe trabalhadora e dos setores populares da cidade e do campo. Por salário e contra o arrocho e a carestia; por emprego; contra a reforma administrativa e em defesa dos serviços públicos; contra o Marco Temporal e em defesa da regulamentação das terras indígenas e quilombolas, e por reforma agrária.

Um dia também para irmos às ruas pelo Fora Bolsonaro e Mourão já!

É preciso fortalecer com tudo esse dia de luta. É um absurdo que, após seis grandes atos nacionais pelo Fora Bolsonaro, ao invés de se ter avançado para uma nova mobilização no dia 15 de novembro, a direção da campanha tenha optado por desmobilizá-lo e sequer tenha definido outra data. No lugar de apostar na força da classe trabalhadora mobilizada, partidos como o PT e o PSOL investem em reuniões e alianças com setores da burguesia para 2022. Para quem se lembra das cenas de barbárie na desocupação do Pinheirinho em 2012, chega a embrulhar o estômago ouvir de Lula – o candidato apoiado pelo PSOL e a maioria das centrais e partidos ditos de oposição – que Alckmin “gosta de pobre”.

Como também é inadmissível o fato de a maioria das centrais não atenderem ao chamado da CSP-Conlutas para a construção de uma greve geral em defesa do emprego e salário, contra a alta dos preços e a carestia, por auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo para todos que estejam sem emprego, em defesa da soberania do país, contra as privatizações, em defesa dos indígenas e quilombolas.

Apesar da maioria das direções, é preciso confluir todas as lutas neste dia 20, unindo negros e negras e demais setores da classe trabalhadora na luta contra o racismo e também contra a exploração, esse governo genocida e esse sistema capitalista. Para unir a classe contra o capitalismo, é preciso que o trabalhador branco se some à luta contra o racismo ao lado dos negros e negras; e que os trabalhadores negros chamem os brancos à unidade para, juntos, combaterem o racismo e o capitalismo, por uma sociedade igualitária.

Frente ampla e terceira via disputam o centrão

Enquanto a maioria da força de trabalho do país está fora do mercado de trabalho, e 45% dos moradores das favelas sofrem com o desemprego, o gás de cozinha chega a R$ 145,00. A inflação disparou para os mais pobres, enquanto os 0,1% dos super-ricos estão cada vez mais ricos.

Junto a isso, o governo Bolsonaro acaba com o auxílio emergencial, deixando pelo menos 22 milhões sem qualquer fonte de renda, e substitui o Bolsa Família por um programa com validade até as eleições. Aprova o calote nos aposentados e pensionistas com precatórios para receber e abre espaço para inflar com bilhões as emendas secretas, a fim de comprar deputados e irrigar sua campanha eleitoral.

Também de olho nas eleições, a direita tradicional, juntamente com banqueiros e empresários, tenta construir a terceira via. Moro, Doria, Leite, entre outros, buscam emplacar uma candidatura que mantenha o ultraliberalismo e a pilhagem de Paulo Guedes, sem as loucuras de Bolsonaro.

Já o PT e os defensores da Frente Ampla disputam com Bolsonaro e a terceira via as mesmas alianças. Lula fala em Alckmin, e outros nomes também são aventados, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ou Henrique Meirelles (o formulador do teto de gastos). Todos balões de ensaio e para sinalizar à burguesia que fará um governo ainda mais de direita do que foram os outros.

A maioria da direção do PSOL, por sua vez, se coloca como um apêndice da candidatura Lula e, nos estados, também constrói candidaturas de conciliação com a burguesia, como a de Boulos em São Paulo. Mostra-se espantada diante da possibilidade de Alckmin ser vice de Lula, algo inexplicável, já que o PT foi governo por 12 anos e ainda mais tempo em alguns estados, bem como já fez alianças com políticos do perfil de Alckmin ou até piores. E se for governo, fará de novo: do MDB ao centrão, passando pelo PSDB, PSB ao PSD, tudo é condimento que cabe no bolo burguês de colaboração de classes do PT.

Unir as lutas e construir alternativa dos trabalhadores

É preciso cercar de solidariedade todas as lutas e fortalecer o 20 de novembro. Como afirma a resolução da Plenária Nacional da CSP-Conlutas: “Não podemos nos submeter ao imobilismo planejado de direções burocráticas a serviço do calendário eleitoral. Buscaremos iniciativas que nos permitam apontar novas ações com todas as organizações e setores de nossa classe que se dispuserem a enfrentar, nas ruas, esse governo.”

Junto a isso, é preciso buscar conscientemente construir uma alternativa de independência de classe, revolucionária e socialista, para que a classe trabalhadora, a juventude e os setores populares possam efetivamente comandar os seus destinos, deixando de estar atrelados à burguesia e a esse tipo de sociedade que produz 0,1% de bilionários e milhões de pobres, desempregados e explorados.

O Manifesto do Polo Socialista Revolucionário é um instrumento de propaganda e de luta, uma ferramenta de trabalho para todo ativista consciente de que temos que construir uma alternativa revolucionária nas lutas e nas eleições, que possa apresentar um projeto socialista para a nossa classe revolucionar o Brasil e o mundo.