Didier Dominique fala aos campinenses
João Zinclar

Cidade do interior paulista é palco de treinamento das forças de ocupaçãoCampinas, 23 de junho, uma tarde de inverno. Foi nesse clima que Didier Dominique iniciou sua visita à cidade. Diversas organizações prepararam sua visita como parte da campanha pela retirada imediata das tropas brasileiras do Haiti. Campinas é uma das cidades em que existe o treinamento de tropas e muitos jovens são recrutados para a “missão”. “Na escola que eu trabalho os soldados vão fazer campanha de que estão em missão de paz, ajudam a reformar e a pintar a escola, dizendo que vão fazer o mesmo no Haiti, por isso precisamos denunciar o verdadeiro objetivo do Exército” disse a companheira Paula, professora e ativista da Conlutas. “Já vi várias vezes as tropas treinando com tanques na Rodovia Anhanguera de manhã quando vou para o trabalho” disse um estudante do cursinho Cooperativa do Saber.

Didier iniciou sua visita fazendo uma palestra no cursinho Cooperativa do Saber. Nesse cursinho a maioria dos alunos e professores conhece algum jovem que já foi ou irá, agora em agosto, para o Haiti com o Exército. Por isso, durante as aulas de independência da América Latina, quando muito foi falado sobre o Haiti, os estudantes questionaram o papel do exército lá. “Lembro que alguns alunos fizeram a comparação entre a ação das tropas brasileiras no Haiti e o recente caso da tropa de choque reprimindo os estudantes dentro da USP”, disse Ale, professora de história do cursinho e militante do PSTU. “A gente até sabia que tinha um problema lá, mas ninguém imaginava que a situação estaria assim. O povo do Haiti não precisa de bala, precisa de comida!”, disse Thiago, estudante da cooperativa. A palestra contou com mais de 90 pessoas e deixou os alunos muito empolgados para continuarem a campanha em Campinas.

À noite, mais debate
Logo após, no Salão Vermelho da Prefeitura, Didier realizou um Ato-Debate Pela Retirada das Tropas do Haiti contando com várias organizações e a presença de 75 companheiros. Fizeram parte da mesa de abertura as seguintes organizações: Sindicato dos Químicos Unificado, Sindicato dos Petroleiros Unificado, Adunicamp, Assodeceg, Intersindical, Conlutas, Esquerda Marxista, PSOL e PSTU. Também estiveram presentes na organização, o MTST e o cursinho Hebert de Souza. Todas as entidades e organizações se pronunciaram pela retirada imediata das tropas e logo em seguida, o companheiro Didier Dominique expôs a situação do Haiti, inclusive a repressão mais recente, mostrando as fotos da manifestação que foi covardemente reprimida pelas tropas da Minustah sob o comando do exército brasileiro. “A unidade construída nessa atividade é um passo fundamental para a Campanha no Brasil”, disse Didier.

Todos saíram da atividade com o compromisso de continuarem a campanha e que essa era só o começo de uma grande luta, pois como disse o companheiro Tavares, do Sindipetro: “o governo Lula declarou recentemente que o seu ‘compromisso´ com o Haiti é a longo prazo”. Portanto, a vinda da delegação haitiana ao Brasil servirá com certeza para intensificarmos a campanha e mobilizarmos os trabalhadores brasileiros para exigirmos a retirada imediata das tropas do Haiti!