PSTU-Curitiba
De um dia para o outro, a URBS aumentou o preço da passagem do transporte coletivo em Curitiba de R$5,50 para R$6,00. Um aumento de 9,09%, superior à inflação acumulada no último período: 5,77 % segundo o IPCA. Mas, segundo a URBS e o queridão do prefeito Greca, esse aumento foi completamente benevolente pois, segundo as planilhas da URBS, o preço real das passagens seria R$7,05. Mas graças ao subsídio da prefeitura, precisaremos pagar apenas R$6,00. Quase “de graça”! Tudo isso sem a menor justificativa real, não se apresentou nenhum balancete financeiro. A justificativa esfarrapada foi anunciada em uma publicação no instagram da prefeitura.
Para nós do PSTU isso é mais um ataque ao povo pobre e trabalhador de Curitiba e região metropolitana. É preciso revogar este aumento imediatamente, mas também não podemos parar por aí. Queremos discutir neste artigo alguns pontos sobre este aumento nas tarifas do transporte coletivo e apresentar nossa posição, sob a perspectiva dos trabalhadores, revolucionária e socialista: o transporte deve começar a atender as necessidades da população e parar de enriquecer empresários.
O que justifica o aumento?
O aumento gerou muita indignação, mais do que justa, mas a falta de dados para explicar o aumento da tarifa é ainda mais revoltante. Segundo publicação no instragam da prefeitura, o aumento se justifica pelo aumento do custo para operar os ônibus em razão da inflação. Subiram os preços do diesel, dos pneus e do salário dos funcionários. Mas a caixa preta continua fechada, e as justificativas não vêm acompanhadas de nenhum balanço financeiro da URBS e das empresas de ônibus.
O sistema de transporte em Curitiba e região metropolitana é uma operação realizada por 18 empresas privadas e gerenciadas pela URBS. Em Curitiba, segundo a Gazeta do Povo, a família Gulin controla quase 70% do consórcio de ônibus. A primeira coisa que precisa ser feita é exigir a abertura total e detalhada das contas da URBS e de todas as empresas de ônibus e seus diretores. Precisamos saber quanto essas empresas estão embolsando.
Com esse aumento, Curitiba chega ao topo do pódio: a capital com a passagem mais cara do Brasil. Imaginem um trabalhador que precisa ir e voltar do trabalho 5 vezes por semana e, digamos, que se dê ao luxo de dar uma volta no final de semana. Esse trabalhador irá utilizar 12 passagens por semana, portanto 50 passagens por mês. Com a passagem a R$6,00 irá gastar R$ 300,00 por mês, o equivalente a 22,72% do salário mínimo. Olhem o tamanho do absurdo!
“Ah! Mas o trabalhador só paga 6% do salário para ter o vale transporte” Sim, isso é verdade. Porém, desgraçadamente, esta não é a realidade da maioria dos trabalhadores que, com a implementação da reforma trabalhista, estão na informalidade e não têm esse direito básico. Para se ter uma ideia, o salário mínimo vai aumentar míseros R$ 18,00, o que não cobre nem o aumento do busão. De modo geral, tudo continua aumentando muito mais que o nosso salário, inclusive o lucro dos super ricos.
O vereador Tico Kuzma (Solidariedade), parça do Greca, chegou a tentar justificar o preço da passagem pela “integração” com a região metropolitana. A lorota da integração serve aos empresários da cidade, que ganham de um lado com a especulação imobiliária que expulsa os trabalhadores para regiões cada vez mais distantes dos centros das cidade, e ganham de outro lado com a operação do transporte público, utilizado justamente por esses trabalhadores periféricos. O resultado para classe trabalhadora são horas perdidas em ônibus lotados para irem e voltarem do trabalho. Isso piora muito a qualidade de vida dos trabalhadores.
O sistema de “integração” da região metropolitana conta com 19 cidades. Porém, cada cidade tem um preço de tarifa diferente, obrigando os usuários a andarem com vários cartões. Que integração é essa? Como explicam, por exemplo, que a tarifa de Araucária baixou para R$1,25 enquanto a de Curitiba subiu para R$ 6,00 reais?
Esta é a realidade que a população pobre e trabalhadora enfrenta nesse sistema capitalista, que tem como principal objetivo o lucro.Tudo o que é produzido e a forma como acontece este processo tem por objetivo o lucro e não melhorar o conjunto da vida das pessoas. O transporte coletivo é um grande exemplo disso: apesar dos avanços extraordinários nas tecnologias envolvidas em sua operação, o sistema não consegue garantir um transporte coletivo com o mínimo de qualidade, acessível e que preserve o meio ambiente.
Greca é o funcionário nota 10 das empresas de transporte! Mas não pega busão!
O prefeito Rafael Greca (PSD) gosta muito de fazer propaganda do transporte coletivo da cidade, inclusive sempre responde de imediato quando as empresas de transporte pedem mais grana. Sem dúvida é um grande defensor desse sistema que coloca a população em ônibus lotados todos os dias com um preço absurdo e que só serve para enriquecer os empresários do transporte.
Porém, Greca não sabe o que é enfrentar um ônibus lotado depois de um dia inteiro de trabalho duro. É muito fácil bater foto na frente dos ônibus para fazer publicidade, agora quero ver ter que depender do transporte coletivo para o seu ir e vir.
Greca, diferente de nós, se utiliza de carros da prefeitura e, óbvio, com motorista. É preciso acabar com essas mordomias, tanto do prefeito, vereadores, secretários e demais que tem esses benefícios. Todos esses ditos “representantes do povo” deveriam ser obrigados a utilizarem os mesmos serviços que os trabalhadores e o povo pobre têm a sua disposição. Por isso, nós do PSTU, sempre defendemos que todos os políticos eleitos devem ganham o mesmo que um professor ou operário e que os mandatos sejam revogáveis. Porém estes senhores estão preocupados em atender aos interesses dos empresários que financiam suas campanhas e não resolver os nossos problemas.
A oposição na Câmara de Vereadores, principalmente o PT, poderia apresentar um projeto que colocasse essa discussão na pauta, mas nem isso se faz. Preferem esperar a nova licitação para tentar discutir “melhoras” no sistema.
Por um transporte publico de qualidade, com preço social e que preserve o meio ambiente!
A redução do número de usuários do transporte coletivo é utilizado como argumento para o aumento e as recorrentes ajudas extras da prefeitura às empresas de transporte. Ou seja, o aumento anda na contramão da solução do problema, já que diante do valor e a péssima qualidade do transporte, a população sempre que pode busca outro meio para se locomover. O resultado disso é mais veículos rodando deixando o trânsito cada dia mais caótico e aumentando a poluição.
Como já dissemos, isso se da por conta que o transporte não é pensado para resolver o problema da mobilidade e sim para que os donos das empresas de transporte continuem enchendo os bolsos.
O transporte coletivo tem que estar a serviço de melhorar a vidas das pessoas e preservar o meio ambiente. Por isso, é preciso se enfrentar com esses empresários do transporte, estatizar todas as empresas de transporte sob o controle dos trabalhadores, extinguindo a URBS, e criar uma única empresa que garanta de fato uma integração do transporte coletivo. Garantindo que rode a quantidade de ônibus necessária em cada horário para atender a população com qualidade. Garantir cobradores em todos os ônibus com uma função social, para que se possa dar assistência aos usuários e aos motoristas, tirando dúvidas e orientando passageiros, dar suporte no embarque de pessoas com deficiência, etc.
É preciso investir pesado em novos modais mais eficientes para que, por um lado, tenhamos um transporte coletivo de qualidade e ágil, que seja atrativo, que nos possibilite caminhar no sentido de que o transporte coletivo seja mais viável que o transporte individual, o que reduz o trânsito e, por consequência, deixa o fluxo de transporte ainda mais ágil. E por outro lado, é preciso que se leve de fato a preservação do meio ambiente em conta, pois esse sistema não só nos explora e nos coloca em condições cada dia piores, como também coloca as próprias condições da existência da humanidade no planeta em risco com a destruição da natureza em busca de lucros cada vez maiores. Greca gosta muito de fazer propaganda de sustentabilidade, mas não passa disso. Porém, colocar a tarifa a R$ 6 , deixando Curitiba com a passagem mais cara entre as capitais do país, incentiva ainda mais o uso de veículos como alternativa ao transporte coletivo, ou seja, incentiva a destruição do planeta.
Taxar as grandes empresas para garantir o transporte!
Para garantir um transporte de qualidade e que de fato preserve o meio ambiente não temos duvida, é preciso de muito investimento. E quem tem que pagar por isso? Para nós do PSTU não deve ser os trabalhadores. Nós utilizamos o transporte para ir trabalhar ou ir fazer as compras necessárias para sobreviver. Ou seja, ou estamos indo vender a nossa força de trabalho que gera muita riqueza, de forma coletiva pelo conjunto da classe trabalhadora, e que é apropriada de forma individual pelo patrão ou estamos indo gastar mísero salário que ganhamos comprando os meios para continuar sobrevivendo.
Portanto, o caos que enfrentamos todos os dias no transporte coletivo é para beneficiar esses grandes empresários que se beneficiam nos explorando. Por isso é preciso taxar a fortuna dos grandes empresários, a grande indústria, as grandes redes de Shopping, as grandes redes de supermercados para garantir o transporte coletivo. Aqui estamos falando dos grandes mesmo, não dos pequenos e médios comerciantesm que também acabam sofrendo com esses ataques e passam longe de terem os mesmo benefícios que esses grandes tem do próprio Estado como grande isenções de impostos.
Porque, para além de um transporte que nos leve ao trabalho, também queremos um transporte coletivo que nos dê acesso à cidade. A população pobre e trabalhadora também tem direito de conhecer a Curitiba linda e maravilhosa que Greca apresenta nas suas propaganda, gastando milhões inclusive para isso, porque nas periferias o que existe é outra Curitiba, bem diferente da que aparece nas propaganda do turismo.
Porém, os grandes empresários jamais vão abrir mão de boa vontade de suas vidas extremamente luxuosas para que todos tenhamos o mínimo de dignidade, jamais vão abandonar seus helicópteros e jatinhos particulares para dividir o busão com a gente! Portanto, a única forma de garantir isso é apostar na mobilização e organização da nossa classe, as poucas conquistas que temos hoje são fruto de muita luta. É neste caminho que temos que apostar para derrubar este aumento e avançar na luta por um transporte a serviço da classe trabalhadora.
Essa mudança não virá se aliando aos representantes dos super ricos e empresários, como tem feito o PT com Alckmin ou com o apoio aos aliados de Bolsonaro, Arthur Lira e Pacheco para presidência da Câmara e Senado, respectivamente.
Precisamos de um governo dos trabalhadores, com um programa socialista!
Toda essa desigualdade que suportamos acontece porque as fábricas, as terras e todos os demais meios de produção se concentram nas mãos dos super ricos e poderosos. E para que possamos inverter a lógica da produção, ou seja, organizar a produção para atender as necessidades da população e garantir a preservação do meio ambiente, e não para que esses poucos ricos fiquem ainda mais ricos, precisamos atacar as propriedades das grandes empresas, colocalas sob o controle dos trabalhadores a serviço de melhorar a nossa vida.
Por isso, nós defendemos um verdadeiro governo dos trabalhadores com um programa socialista, de ruptura com a dominação das grandes empresas, apoiado em conselhos populares.
E para garantir isso precisamos nos organizar para tomar em nossas mãos o poder político da sociedade. Só assim conseguiremos garantir as medidas econômicas e políticas para acabar com todas essas injustiças, toda essa forma de exploração e opressão.