Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

Com a participação de dois especialistas em saúde pública – o professor da USP e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, e o diretor da escola nacional de saúde pública da Fiocruz, Hermano de Albuquerque Castro –, a primeira reunião do ano da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, nos dias 5 e 6 de março, foi marcada pelo debate sobre a necessidade de se adotar medidas para conter o avanço da pandemia frente à política genocida de Bolsonaro.

“Vivemos a maior crise sanitária da história do país”, afirmou Vecina. “Temos no governo um presidente que nega a existência do vírus, a gravidade da doença, a crise sanitária, a importância do isolamento social, do uso de máscaras e a importância da vacina. Ou seja, nega tudo que pode resolver a crise que vivemos”, disse.

Ele ressaltou que é preciso parar a circulação do vírus o mais rápido possível até que haja vacina suficiente. Para isso, a solução é reduzir a circulação nas ruas. “É preciso reduzir a presença fora de casa. Só deve funcionar o que é indispensável. Temos de exigir, inclusive, uma solução dos governos para os transportes, que circulam lotados e são foco de disseminação da COVID-19. Com isso, uso de máscaras, que também é essencial para dificultar a circulação do vírus”, explicou.

“O lockdown é fundamental. Isso vai gerar falências, desemprego, vai. Mas é isso ou morte. Os governos devem garantir auxílio emergencial a quem precisa e socorro para os pequenos e médios negócios. Se sairmos vivos, vamos conseguir resolver a economia”, completou.

Castro avaliou que “se tudo der certo” na aquisição de mais vacinas, o país só deve atingir uma imunidade coletiva com a vacinação de 70% a 80% da população no final do ano. “Enquanto isso não ocorrer, são fundamentais medidas restritivas de circulação”, afirmou.

O cientista Hermano Castro também teceu críticas à política negacionista de Bolsonaro e defendeu medidas restritivas de circulação, já que não tem vacina para todos.

“No Brasil, nunca tivemos uma política de isolamento social. Houve um momento de maior restrição no início da pandemia, em março e abril, mas em junho tudo voltou ao normal. Passamos 2020 com uma taxa média de isolamento abaixo dos 50%. Em 2021, entre 30 e 40%, quando o indicado seria entre 65 e 70% de isolamento”, explicou.

 

RESOLUÇÃO POLÍTICA

Campanha por lockdown com auxílio e vacina para todos

Após dois dias de debate, a reunião aprovou uma resolução que defende a necessidade de um lockdown nacional, com garantia do auxílio emergencial no valor de um salário mínimo e vacina para todos.

“Estamos passando pelo pior da pandemia, com uma sequência de recordes diários do número de casos e de mortes. A maioria dos Estados está com hospitais colapsados, sem UTI, sem vacina, sem respiradores. Entendemos que a nossa principal tarefa é exigir um lockdown nacional urgente, com auxílio emergencial, e a quebra das patentes com garantia de vacinação para todos”, disse Atnagóras Lopes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Deliberou-se por intensificar o apoio à luta e à resistência dos trabalhadores e trabalhadoras em educação contra a ofensiva pela volta do ensino presencial defendida por Bolsonaro e quase todos os governadores e prefeitos.

Unidade de ação pelo Fora Bolsonaro e Mourão

Bolsonaro também impõe uma série de ataques aos direitos dos trabalhadores, aos serviços públicos e à soberania nacional ao tentar privatizar a Eletrobras, os Correios e a Petrobras.

“É importante e necessária a unidade da classe trabalhadora para enfrentar e derrotar os ataques de Bolsonaro. Infelizmente, não tem sido essa a política das maiores centrais sindicais, que seguem, até o momento, sem uma política efetiva que, mesmo considerando as especificações da pandemia, coloque a classe em ação”, destacou Atnágoras.

“Vamos seguir insistindo, pressionando, exigindo calendários unificados nacionais de luta. Não podemos ficar reféns de uma estratégia eleitoral que busca apenas derrotar Bolsonaro em 2022. Temos que derrotá-lo é agora, é hoje”, completou.

Destacando os limites impostos pela pandemia, “precisamos ser criativos e ousados, pensar maneiras alternativas que coloquem a nossa classe em luta, em ação, apontando a necessidade de construir uma greve geral sanitária em defesa da vida e derrubar Bolsonaro e Mourão”, finalizou Atnágoras.

A resolução política aprovada na Coordenação Nacional da CSP-Conlutas está disponível no site da central.

 

AGENDA

– 14/3: Marielle Vive! E Jornada Nacional Unificada do funcionalismo público

– 16/3: Reunião ampliada

– 18/3: carreata e buzinaço no Congresso e STF

– 19/3: Greve Mundial pelo Clima

– 21/3: Dia Internacional de Luta contra o Racismo

– 24/3: Dia nacional de mobilização pelo Fora Bolsonaro

– 1º/5: Dia Internacional do Trabalhador