O líder sindical venezuelano Orlando Chirino, coordenador da UNT (União Nacional dos Trabalhadores) está acompanhando todos os trabalhos do Congresso da Conlutas. Em declarações ao Portal, o sindicalista falou o que espera sobre o Elac. “Nós da C-CURA, em primeiro lugar, reivindicamos enormemente este encontro. Creio que ele responde a uma necessidade do continente e envolve correntes de diferentes partes. Coincidimos com a opinião de se construir uma central dos trabalhadores, autônoma, independente do estado dos governos. Além disso, deve ela deve ser profundamente democrática”.

Chirino também falou sobre a atual situação política da Venezuela. Para ele se abriu uma nova etapa no país com a derrota de Chávez no plebiscito de dezembro de 2007. “Sem nenhuma dúvida, há um processo de direitização do presidente, como na sua declaração sobre as Farc. Uma declaração que só pode ser qualificada como um total desastre”. Ele também cita as recentes políticas de isenção fiscal para burguesia e atual política econômica do governo como exemplo. “Além disso, começou a se desmontar o congelamento dos preços. A inflação chegou em 25% em 2007, mas agora com a liberação dos preços a inflação pode chegar a 30%. É claro que os que mais sofrem com isso são os trabalhadores”.

Discordando da opinião daqueles que afirmam que a recente nacionalização da Sidor (Siderúrgica do Orinoco) foi um presente do presidente venezuelano, Chirino faz a seguinte observação: “O governo e a patronal marcharam juntos e os trabalhadores os combateram, fazendo mobilizações e paralisações. Também foram reprimidos duramente. Mas na luta ficou demonstrado que a autonomia dos trabalhadores e sua unidade são instrumentos poderosos. A nacionalização foi uma derrota do governo. Claro que Chávez girou a esquerda e adotou o caminho da nacionalização”.

O tema sobre a independência das organizações dos trabalhadores e o respeito a autonomia sindical também preocupam o sindicalista. Na sua opinião, Chávez vem promovendo grandes ataques à autonomia sindical para tentar controlar o movimento operário do país. Um exemplo foi a sua própria demissão da PDVSA, feita pelo governo após o sindicalista se opor ao projeto da nova constituinte. “Começou uma repressão lenta, mas forte ao movimento operário e uma perseguição grande aos sindicalistas que defendem a autonomia sindical”. Chirino também alerta que a construção do PSUV por Chávez esconde um objetivo bastante perigoso. “A construção do PSUV é uma luta por um aparato para controlar o movimento dos trabalhadores”.

O sindicalista também comentou as declarações de ex-chavistas, agora desiludidos, sobre a possibilidade do presidente venezuelano realizar uma recomposição com o imperialismo após uma suposta vitória eleitoral de Barak Obama nas eleições dos EUA. “Por toda política que Chávez está levando agora. Por todo o discurso anti-imperialista do preside que se concentra somente na luta contra Bush, não denunciando as transnacionais européias, por exemplo, acredito que pode terminar com um acordo com Obama. Mas isso seria um desastre”.