LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

Cerquemos de solidariedade o povo catalão!

Corriente Roja

Abaixo a Monarquia!

Há anos que o Estado Espanhol e o regime monárquico têm reprimido todas as formas de resistência e dissidência contra qualquer discurso social, político ou cultural que os questionem. Assim foi com o rapper Valtonyc, com os marionetistas ou com Alfon, sem mencionar as dezenas de ativistas independentistas e antifascistas reprimidos. Nos últimos anos, o povo catalão tem estado no centro das atenções dessa repressão, pois a luta pelo direito à autodeterminação e o referendo de 1 de outubro de 2017 questionaram a integridade do regime e são o seu principal elemento desestabilizador.

A poucos dias do anúncio da sentença, foram detidos ativistas dos CDR (Comitês de Defesa da República) e de movimentos sociais e culturais acusados de “pertencer a grupo terrorista e posse de explosivos”, aplicando o mesmo critério aplicado a Tamara e Adrià Carrasco ou aos jovens de Altsasu, onde transformaram uma briga num bar num caso de terrorismo e a prisão provisória numa condenação antecipada.

Se podem fazer a acusação infame de terrorismo é porque, em 2015, o PSOE e o PP (com a abstenção dos Ciudadanos) modificaram o Código Penal para poderem fazer deste crime num saco onde cabe tudo o que questione o regime, sem necessidade de qualquer organização terrorista, ou de atentados.

Enquanto a Direita neofranquista do PP, Ciudadanos e VOX já fazem agitação pela aplicação imediata e permanente de um novo Artigo 155 (dispositivo legal que dá poder ao Estado Espanhol intervir em uma região autônoma), o PSOE e Pedro Sánchez não ficam atrás, dizendo que serão os primeiros a aplicar o Artigo 155 quando for necessário e que já estão estudando a possibilidade de implementarem a Lei de Segurança Cidadã e assumirem o controle dos Mossos (polícia da Catalunha). Quanto ao Podemos, é vergonhoso o silêncio e os paninhos quentes face à atuação do Governo Sánchez. Há poucos dias, Iglesias não teve escrúpulos em explicar que respeitarão sempre a Lei e as sentenças e em assumir que, se estiverem num hipotético Governo Sánchez, aplicarão o Artigo 155.

Quanto à sentença, que será condenatória, está elaborada com base numa montagem que reconhece “rebelião e sedição” onde ela não existiu. Pretende ser uma lição exemplar contra os 2,3 milhões de catalães que desafiaram as proibições do Supremo e a brutalidade policial para votar no referendo de 1 de outubro de 2017 e é um aviso aos 80% de catalães favoráveis ao direito de decidir, para que tenham claro que, se decidirem exercer esse direito, isto é o que podem esperar da monarquia espanhola e do aparato judicial. Ir a votos para decidir não pode nunca ser crime.

A classe trabalhadora e a juventude têm muito a perder se formos “neutros” face à repressão, seja ela contra quem for. Não é preciso ser independentista para rejeitar frontalmente este atentado contra as liberdades e os direitos fundamentais do povo por parte de um regime alérgico às liberdades democráticas, obediente aos grandes empresários, com um rei que ninguém elegeu e uma unidade estatal imposta à força. Ninguém que se reclame democrata pode defender tais atrocidades.

A resposta à repressão e à infame sentença contra os dirigentes independentistas deve incluir a solidariedade ativa dos setores mais conscientes da classe trabalhadora e da juventude do conjunto do Estado Espanhol.

Por isso mesmo, o nosso compromisso é lutar para cercar de solidariedade o conjunto do povo catalão na sua luta contra o regime monárquico e pelo direito à autodeterminação, impulsionando a participação tão ampla quanto possível nas manifestações.

Sem direito a decidir não há democracia!

Liberdade de tod@s @s detid@s e anistia para os presos políticos!

Solidariedade com o conjunto do povo catalão!

Abaixo a monarquia!

Texto originalmente publicado em castelhano aqui.

Tradução: Em Luta – Portugal