Foto Siticom/Campinas
Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

Operários da MRV, uma das maiores construtoras do país, localizada em Campinas (SP), realizaram uma greve de 45 dias. O movimento teve início após a construtora apresentar uma proposta rebaixada de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), referente a 2020, com o nome de “bônus”, variando entre R$ 30 e R$ 390.

Somente no primeiro trimestre deste ano, a MRV teve um lucro R$ 137 milhões, um aumento de mais de 30% em comparação com o mesmo período do ano passado. A empresa ainda deu R$ 500 milhões ao Atlético Mineiro, para ajudar na contratação do jogador Diego Costa, que vai ganhar um salário mensal de R$ 1,2 milhão.

Um império alicerçado na exploração

Enquanto isso, os trabalhadores e trabalhadoras de suas obras são submetidos a trabalho análogo à escravidão, como consta em denúncias na justiça trabalhista do Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os operários em greve também denunciaram a falta de equipamentos de segurança (EPIs), de papel higiênico e de copo plástico para beber água.

É a custa da exploração dos operários da construção civil que o bolsonarista Rubens Menin, dono da MRV, vem construindo seu império. Ele também é dono de negócios como Urba, Luggo, AHS, Sensia, Banco Inter, da emissora de televisão CNN Brasil e da Rádio Itatiaia.

Mas, foi nos governos do PT que a MRV se espalhou por todo o país, já que a construtora ficou com 70% das obras do programa “Minha Casa Minha Vida”. Antes de virar bolsonarista, Rubens Menin financiava as campanhas do PT.

Vitória na marra: a força da classe em movimento

Mas este parasita sentiu a força operária. Foi obrigado a negociar, após dias de intransigência, inclusive impondo o corte dos pontos dos 700 operários em greve, e a ceder um valor superior de PLR.

“A greve chamou a atenção pela força, que se expressou na quantidade de dias parados, algo que muitos dirigentes do próprio sindicato diziam nunca ter visto na categoria. A queda de braço com a empresa não foi difícil, mas a garra dos grevistas levou à vitória, tornando-se um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora brasileira”, avalia Atnágoras Lopes, que é operário da construção civil, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e que acompanhou a greve de perto.

A mobilização arrancou, para além do bônus, uma PLR de R$ 700, referente a 2020; além de R$ 830 de PLR, referente a 2021. Os trabalhadores terão, ainda, pagos 70% dos dias parados, com o restante ressarcido após compensação e estabilidade por 90 dias.

Organização e solidariedade

A greve foi um exemplo de luta e combatividade. Um importante ganho em termos da organização dos operários, que avançaram a sua consciência e saíram dispostos a seguir na luta. Mostraram que os de baixo podem derrotar os de cima e conquistar vitórias, entendendo que os inimigos de toda a classe são as grandes empreiteiras, os empresários e os banqueiros, que enriquecem com a nossa miséria”, pontua Atnágoras, que também é militante do PSTU.

São Paulo e Minas Gerais

Metalúrgicos realizam mobilizações por reajuste salarial e melhores condições de trabalho

Com o slogan “Metalúrgicos na luta por vacina, emprego, direitos e aumento”, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (Sindmetal SJC), filiado à CSP-Conlutas, está na quinta semana de mobilizações da campanha salarial nas fábricas. Até agora, metalúrgicos de 39 empresas já aprovaram a pauta de reivindicações, que, este ano, exige 15% de reajuste salarial e ampliação de direitos.

Nossa luta é para que os patrões não rebaixem ainda mais o poder de compra da categoria metalúrgica. Os trabalhadores e trabalhadoras passam por inúmeras dificuldades devido à crise social, econômica e sanitária provocada pelo governo Bolsonaro. A inflação dos últimos 12 meses já bate 9,85% e deve ultrapassar 10% no período da data-base (de setembro de 2020 a agosto de 2021), conforme aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Por isso, reivindicamos aumento real de salário, já que as indústrias não param de lucrar”, afirma Weller Gonçalves, presidente do Sindmetal SJC e militante do PSTU.

Em assembleia geral, realizada na última quarta-feira (25), os metalúrgicos de São José dos Campos e Região aprovaram “aviso de greve” para cinco grupos patronais, que estão querendo reduzir direitos: Sindipeças (fábricas de autopeças), Sindicel (fábricas de fios e cabos elétricos), Fiesp (setor aeronáutico), Sindimaq (indústrias de máquinas) e Sinaees (indústrias de aparelhos elétricos e eletrônicos).

Nosso sindicato repudia qualquer tentativa de retirada de direitos feita pelos grupos patronais. Nossa luta é por acordos que garantam aumento real e ampliação das cláusulas sociais”, diz Weller Gonçalves.

Campanha salarial unificada

Em Minas Gerais, os metalúrgicos entregaram a pauta de reivindicações às empresas no último dia 24. No dia seguinte, foi realizado o lançamento da campanha em todas as fábricas, com paralisações e agitações. A campanha salarial é unificada entre todos os sindicatos que formam a Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais (FSDM-MG), filiada à CSP-Conlutas.

Estamos exigindo 10% de aumento real, além da reposição da inflação, estabilidade por 12 meses, abono de um salário-mínimo nominal, que a Covid-19 seja reconhecida como doença ocupacional e pela manutenção dos direitos já conquistados”, explica Aldiério Florêncio, diretor da FSDM-MG e militante do PSTU.

Os trabalhadores também cobram o gatilho salarial automático, para manter o poder de compra, diante ao aumento da inflação.

Avaliamos que será uma campanha salarial difícil, mesmo as empresas metalúrgicas tendo lucros recordes, como a Gerdau que, só no segundo trimestre deste ano, teve um lucro líquido de 1.149%, mas querem atacar nossos direitos. Vamos ter que ir para o enfrentamento, com muita luta”, ressalta Aldiério.

Correios

Trabalhadores lutam contra a privatização da estatal e em defesa dos direitos

Os trabalhadores dos Correios travam uma dura batalha contra a privatização da estatal e em defesa dos empregos e dos direitos. No dia 18 de agosto, a categoria realizou uma forte paralisação de 24 horas e somou-se aos atos de rua que aconteceram no país pelo “Fora Bolsonaro”.

A política de Bolsonaro e do Ministro da Economia Paulo Guedes é avançar na privatização dos Correios, com a votação no Senado. Enquanto isso, o presidente da estatal, o general Floriano Peixoto, impõe uma política de ataques aos direitos dos trabalhadores. A proposta é de reajuste zero nos salários e a aplicação do banco de horas.

A paralisação que realizamos no dia 18, junto com os servidores públicos, foi importante. Marcou a unidade da classe trabalhadora e o fortalecimento para a árdua luta que estamos travando contra a privatização dos Correios e em defesa dos nossos direitos. No dia da paralisação, a empresa entrou com um pedido de dissídio coletivo junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), suspendeu a mesa de negociação marcada para o dia seguinte. O que demonstra que a política deles é de não negociar e querer impor ataques”, destaca Geraldinho Rodrigues, diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) e militante do PSTU.

Uma audiência de conciliação no TST foi marcada para dia 10 de setembro. “Até lá, vamos seguir mobilizados para barrar as retiradas dos nossos direitos e ampliar nossa luta contra a política de desmonte e privatização dos Correios. Temos que seguir pressionando os senadores, apostar na mobilização direta, preparar uma forte greve e chamar a unidade do conjunto da classe trabalhadora em defesa da nossa estatal”, defende Geraldinho.

Unidade pra lutar

Unir todas as lutas, rumo à greve geral para derrotar Bolsonaro

Frente aos ataques e às ameaças golpistas de Bolsonaro é necessária a unidade de todas as lutas. É preciso unificar todas as mobilizações, paralisações e greves que estão sendo realizadas por diversas categorias, rumo à construção de uma greve geral.

É hora de acelerar as mobilizações, impulsionar ainda mais os atos de rua e, como vem defendendo a CSP-Conlutas, preparar, desde já, uma greve geral que paralise a produção e os setores-chave da economia e coloque Bolsonaro na parede, derrotando seu projeto genocida e autoritário.

Sete de setembro é dia retornar às ruas e fazer ecoar bem forte o grito: “Fora Bolsonaro e Mourão, já! Ditadura nunca mais!”