PSTU-Niterói

Alexandro Florentino, de Niterói (RJ)

Na sexta-feira, dia 15 de outubro, os entregadores que prestam serviços para aplicativos iniciaram um movimento de paralisação reivindicando aumento da taxa mínima, que hoje é de R$5,31 por entrega. Também indicam a necessidade de se incluir, obrigatoriamente, um código como comprovante de entrega para todos os pedidos, deste modo, evitando que clientes recebam suas encomendas e mesmo assim notifiquem o aplicativo denunciando um suposto “pedido não entregue”. Isso dificultaria a prática de falsas denúncias e os bloqueios indevidos promovidos pelas empresas de aplicativos.

Outras reivindicações são o fim da coleta dupla, que os obrigam a fazer duas ou mais entregas, numa única saída, sem receber a taxa mínima por cada um dos pedidos. E também o fim dos bloqueios sem justificativas que excluem motoristas, impedindo-os de trabalharem sem qualquer explicação.

Movimento cresce em diversas regiões do país

A paralisação em Niterói (e região), que teve início com a previsão de durar sete dias, ocorre em um cenário de intensificação das lutas dos entregadores em diversas cidades do país, como é o caso de Maceió, no estado de Alagoas, além das cidades, do estado de São Paulo como São José dos Campos, Jundiaí, Paulínia, São Carlos e São José do Rio Preto.

As reivindicações dos entregadores diante das baixas taxas, gasolina cara, punições e bloqueios arbitrários por parte das empresas de aplicativos, também, estão inseridas no cenário de piora das condições de vida da classe trabalhadora. Vivenciamos uma crise que se aprofundou nos últimos 12 meses, ampliando ainda mais o desemprego, a miséria e a fome. A inflação, para os mais pobres, cresce cada dia mais. E isso afeta os preços dos transportes, alimentação, vestuário, aluguel e educação, tornando-os cada vez mais caros.

Com a pandemia, houve um crescimento de 14% no consumo por delivery. No entanto, os entregadores sentem, dia a dia, queda nos rendimentos. Muitos relatam que precisam trabalhar 12 horas por dia para conseguirem receber cerca de R$1.100, equivalente a um salário-mínimo, no fim do mês.

Precarização do trabalho

Greves e paralisações são ferramentas da classe trabalhadora na luta por melhores salários e melhores condições de trabalho. Foi por meio de muita luta e utilizando estas ferramentas que trabalhadores do mundo todo conquistaram redução de suas jornadas de trabalho, melhorias salariais e condições mais salubres de trabalho, por exemplo. Mas é importante percebermos como funcionam as “regras do jogo” dentro do sistema capitalista.

O capitalismo é um sistema econômico em que pouquíssimas pessoas possuem quase toda riqueza social. Enquanto a imensa maioria da população não possui nada, a não ser alguns bens. Com isso, essa imensa maioria é obrigada a vender sua força de trabalho para conseguir sobreviver. E é por meio do esforço físico e mental dos trabalhadores que a economia do país é movimentada e a riqueza nacional é produzida. Em troca, fazendo jornadas de 8, 10, 12 horas por dia, recebem um parco salário.

Portanto, subtraindo o salário pago ao trabalhador do montante da enorme riqueza produzida por meio de seu trabalho, temos como resultado o lucro do patrão. Deixando claro que os interesses dos trabalhadores e empresários são opostos, pois, enquanto os trabalhadores querem melhores salários e melhores condições de trabalho, os patrões querem diminuir estes salários e acabar com direitos trabalhistas para maximizar seus lucros.

Em momentos de crises como a que estamos vivenciando, com a combinação de crise econômica e crise sanitária, os ataques aos trabalhadores se intensificam, pois os ricos e poderosos não vacilam em escolher entre o bem dos trabalhadores e proteger seus lucros. Tanto que basta observarmos o fato de os mais ricos terem ficado ainda mais ricos durante a pandemia, enquanto a população sofre com o avanço do desemprego e da fome no país.

Em busca de crescer mais e mais seus lucros, os patrões se aproveitam da crise que se abate sobre a população, quando milhares buscam qualquer oportunidade de conseguir meios de sobreviver, para oferecer trabalhos sem garantias mínimas de proteção ao trabalhador. Essas modalidades de trabalho extremamente precarizadas não proporcionam nem mesmo salários fixos, muito menos direitos trabalhistas, como vínculo empregatício, férias, décimo terceiro salário, alimentação, equipamentos de proteção individual, seguro-desemprego etc.

Solidariedade e alternativa estratégica

Nós do PSTU somos solidários à luta dos trabalhadores de aplicativos de entrega e nos colocamos à disposição para lutarmos ombro a ombro contra a exploração capitalista, pois somos irmãos trabalhadores.

E estamos abertos ao diálogo a respeito das possibilidades de se construir uma outra sociedade, sem exploração e explorados. Uma sociedade em que o poder é retirado dos ricos e poderosos e passa para as mãos daqueles que realmente produzem toda riqueza do mundo, os trabalhadores.