Redação

Uma caminhada pelas ruas de qualquer grande centro urbano mostra a verdadeira tragédia social em que o país se afunda. A pobreza e a miséria crescem de forma espantosa, multiplicando o exército de sem-tetos, as filas de desempregados e famintos, que eram 20 milhões no ano passado.

Não é nem preciso sair na rua para perceber isso. Se você não estava à frente de algum dos 7,8 milhões de postos de trabalho fechados no último ano, com certeza viu seu rendimento cair nesse período. Ou pelo corte nos salários, se tem carteira assinada, ou pela redução do serviço, se é autônomo ou informal, somado à inflação dos produtos mais básicos nas gôndolas dos supermercados, como os alimentos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a soma dos rendimentos dos trabalhadores caiu 7,4% no trimestre entre dezembro e fevereiro último, comparado ao mesmo período do ano anterior. Isso significa R$ 16,8 bilhões a menos no bolso da classe trabalhadora. Quem trabalha no setor da alimentação viu sua renda cair, em média, quase 10%. Já quem atua com transportes perdeu 7,8% de seus ganhos.

Não foram só a classe trabalhadora e os mais pobres que viram seus rendimentos encolherem na pandemia. Oitenta por cento das famílias que ganham mais de cinco salário mínimos que, embora não estejam nos extratos mais pauperizados, estão longe de serem ricas, perderam entre 20% e 70% da renda. Reflexo direto da penúria que o governo deixou o comércio e as pequenas empresas.

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Dobra o número de bilionários nos últimos anos

O país está se desindustrializando, perdendo ainda mais soberania, destruindo forças produtivas e ficando de fora de cadeias de valor; vive um processo de recolonização e de regressão cada vez maior no mundo. De nona maior economia, hoje somos a 12ª..

Mas nem todo mundo perde com o empobrecimento do país. Pelo contrário, para uma fatia ínfima, que é a maioria da burguesia internacional e nacional, ocorre o oposto. A pandemia vem acelerando a concentração da renda dos últimos anos. Segundo a revista Forbes, de 2016 até hoje, mais que dobrou o número de bilionários brasileiros, passando de 31 para 65. Em plena pandemia surgiram 21 novos bilionários no país. Essa verdadeira jabuticaba faz com que, enquanto estamos regredindo em quase todos os setores, produzimos mais bilionários. Ou seja, mesmo com um país decadente, mas ainda rico, há setores lucrando muito, como os bancos e as grandes mineradoras, às custas do parasitismo, da superexploração, da entrega e da rapina do Brasil e da destruição do meio ambiente.

Resultado de uma política genocida que significa, para a imensa maioria da população, morte, desemprego, pobreza e fome, mas para bem menos de 1%, bilhões de dólares e de reais. Uma política que, entre outras medidas, estabelece o aumento nos juros para enriquecer banqueiros, o arrocho no Orçamento e mais dinheiro para a dívida, além de um corte bilionário na educação e na saúde, incluindo os R$ 200 milhões anunciados para o desenvolvimento da vacina brasileira. Além dos bilionários da saúde privada, que viram suas fortunas multiplicarem na pandemia, como o dono da Rede D’Or, que saltou seu patrimônio de R$ 2 bi para 11,3 bilhões.

65 BURGUESES

Quem são os bilionários brasileiros

Grandes empresários, banqueiros e especuladores do mercado financeiro figuram no topo do ranking dos bilionários brasileiros. Juntos, concentram um patrimônio equivalente a R$ 1,6 trilhão, um quinto de toda a riqueza produzida pelo país em um ano. É mais que o dobro do que os bilionários tinham no ano passado, R$ 710 bilhões.

É difícil até imaginar o que representa a fortuna que esses 65 bilionários detêm. Mas só para efeito de comparação, basta pensar que o Orçamento de 2021 está fixado em R$ 1,48 trilhão, com o teto dos gastos. Ou seja, se transformássemos em dinheiro todo o patrimônio desses super-ricos, daria mais que o montante de todos os gastos previstos pelo governo federal para este ano, incluindo o dinheiro para as vacinas, o arremedo de auxílio emergencial, além dos gastos com saúde, educação, moradia, Previdência Social etc.

RANKING

Os maiores super-ricos do Brasil

 

1º Família Lemann
Fortuna: R$ 16,9 bilhões
Anheuser-Busch InBev

2º Eduardo Saverin
Facebook
Fortuna: R$ 8,4 bilhões

3º Marcel Herrmann Telles
Fortuna: R$ 11,5 bilhões
Anheuser-Busch InBev

4º Jorge Moll Filho
Fortuna: R$ 11,3 bilhões
Rede D’Or

5º Carlos Alberto Sicupira
Fortuna: R$ 8,7 bilhões
Anheuser-Busch InBev

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